domingo, dezembro 14, 2014

Um ano depois

Coloco aqui um texto meu, escrito em 8 de dezembro de 2013, há quase exatos um ano.
Shellen Galdino
8 de dezembro de 2013 · Rio de Janeiro ·
É preciso afinar-se com o coro dos descontentes
São tempos difíceis, de árduas tarefas para todas as organizações de esquerda. Buscar, construção de um projeto mínimo, no campo democrático-popular, se faz urgente e essencial para o povo brasileiro.
Estão colocados na mesa, as necessidades de busca de estratégias e táticas para superação do que está posto, em todos os sentidos, e não só para o PT, mas para todas as organizações de esquerda do país e do mundo.
Mesmo após 10 anos de governo do Partido dos Trabalhadores e 33 anos de vida do nosso partido, temos a certeza de que fizemos muito pelo nosso país, e que ainda temos muito a fazer.
Construímos, praticamente, um país que estava nacionalmente em processo de destruição, personificado principalmente pelo projeto neoliberal do PSDB, e foi também fraturado pelos 21 anos de ditadura cívico-militar; da ditadura Vargas; do período imperial, entre outros.
Foram, assim, parcos os períodos de democracia que vivenciamos.
Mas, nos coube, a tarefa de mudar a história desse país: ampliar o acesso as universidades, da assistência social, do direito à moradia, da participação popular e tantos outros. Porém, como bem falou a nossa então presidenta Dilma Roussef, inclusão gera mais inclusão, democracia pede mais democracia.
Não nos cabe aqui, por limitação da pessoa que vos escreve, tecer críticas com relação as políticas implementadas pelo nosso governo a frente do Estado brasileiro. Mas, cabe sim dizer, que ao realizar críticas, é por acreditar que o campo pode e deve avançar mais, afinal o povo quer mais. Nós somos exigentes!
Não conseguimos ao longo desse breve período, por exemplo, avançar em pautas históricas e que são muito caras ao nosso PT e a todo o campo democrático-popular do país, como a reforma agrária e urbana, a reforma política, o compromisso com as lutas indígenas, juvenis e feministas, entre outras articulações com as nossas bases históricas nos movimentos sociais.
Para tanto, não podemos nos esquecer dos limites e condicionalidades impostas pela estrutura econômica. Estrutura capitalista essa totalmente imbricada no Estado, e que, nos faz refém ao “privatizar” nossos portos e aeroportos, o petróleo e a saúde; e ao favorecer o superávit primário e o sequestro do fundo público para pagamento de dívidas em detrimento do financiamento das políticas sociais públicas. Ficamos também, refém das empresas, ao negarem investimento no país.
Isso deve-se, também, ao nosso grosseiro arco de alianças, que pode, por um lado, nos servir no sentido pragmático e eleitoreiro, mas, de outro, nos faz recuar, beirando muitas vezes, em atitudes conservadoras para agradar a vizinhança.
Por outro lado, também, não podemos nos render ao conformismo e ao desencanto, acirrados pelas inúmeras dificuldades do cotidiano (que as vezes utilizamos até como retórica).
Há de tomar a premissa do genial Antônio Gramsci, onde é preciso aliar o pessimismo da razão, com o otimismo da vontade, e ver a história como um processo em aberto.
Em tempos como este, de ainda, negação de direitos sociais, encontramos, como vimos recentemente, resistências e lutas sociais. Tais lutas são travadas no dia a dia de uma conjuntura adversa. Pediram nas ruas, de forma espontânea ou não, desorganizada ou não, nos moldes clássicos ou não, em sua maioria, as pautas do povo: políticas sociais públicas, de qualidade.
Tendo isso em vista, é preciso ampliar o nosso leque programático tendo em vista os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Se faz necessário, reassumir o trabalho de base, da formação e da educação política e a mobilização popular.
Não podemos abandonar em nenhuma hipótese a perspectiva revolucionária, no sentido marxiano do termo. Só esta irá categoricamente transformar a situação de vida do nosso povo e destruir o que chamamos de capitalismo, sem aqui, ter que medir palavras para soar bem aos ouvidos.
E nunca é muito lembrar, que a revolução se faz na macro-política, de maneira permanente e essencialmente na mudança radical das estruturas. Sendo assim, mudar essencialmente, significa pois, ir muito além das gestões públicas. Afinal, governos passam e o Estado fica.
Concluindo com o nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade
"Eu tropeço no possível,
mas não desisto de fazer a descoberta
que tem dentro da casca do impossível".
Shellen Galdino,
entre árvores e ventos.
Rio de Janeiro/RJ
08 de dezembro de 2013.

Drummond e o amor

Como nos enganamos fugindo do amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar sua espada coruscante, seu formidável poder de penetrar o sangue e nele imprimir uma orquídea de fogo e lágrimas.
Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava: sorria.
Carlos Drummond de Andrade, Reconhecimento do amor.

Serverinos

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Um dos melhores poetas do Brasil

Bentinho e capitu

"Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada. Pois apesar deles, poderia passar, se não fosse a vaidade e a adulação. Oh! A adulação!"
(Dom Casmurro - Machado de Assis)

Poema

Se eu não queimo
Se tu não queimas
Se nós não queimamos
De onde virá a luz?
Nazim Hikmet
Poeta turco. Pouco conhecido. Comunista profundo.

Marx e o amor

Se amas sem despertar amor, isto é, se teu amor, enquanto amor, não produz amor recíproco, se mediante sua exteriorização de vida como homem amante não te convertes em homem amado, teu amor é impotente, uma desgraça.
Karl Marx. Manuscritos Econômicos e filosóficos.

sábado, agosto 02, 2014

Meme do aeroporto de Aécio Neves






sexta-feira, julho 11, 2014

Porque odeiam o Brasil?

Eu não tenho vergonha do Brasil, e tão pouco de ser brasileira.
Não sou nacionalista, mas esse "chauvinismo" me irrita!
Muitos dizem que querem ir embora daqui, minha dica: aproveitem as facilidades no cartão de crédito.
Mas, lembre-se que a Europa está em crise, e esse dito berço da alta civilização e cidadania hoje tem um giro curioso a retorno de movimentos anti-democráticos. Sem contar em uma crescente aumento de desempregos e assim de trabalhos precários.
O próprio Estados Unidos da América, hoje tem uma crescente população de em situação de rua. Além de que o hobbie desse governo é espiar os governos alheios.
Apesar da Europa, ou parte dela, ter mais bibliotecas (massa, né?) vale lembrar que muitos livros deles e vestidos foram feitos/tingidos com pau-brasil (não que isso seja ruim, não quero transformar a descoberta/invasão em fatalismo). Enfim, para eles terem bibliotecas, tivemos, nós, de forma desigual e conflituosa arcar com esse desenvolvimento no desbravamento das Américas.
Enfim, só um desabafo desse povo que acha que o Brasil é o fim do mundo... deveria (me incluo) tentar mudar isso, favorecendo uma nova cultura, e socializando o nosso patrimônio construído. Mas a maioria prefere ta socializando o jargão de que este país é corrupto. Ahhh, me poupe... procura saber o que fez o Berlusconi...
Só um detalhe a mais, esse país teve Estado antes de ter povo... então, calma ai e vamos conversar! (sic)

segunda-feira, maio 12, 2014

Beijo

I

Beijos

Beijo no ombro, beijo na boca, 
Beijo de língua, 
Beijo beijo beijo.
Beijo quente
Beijo roubado
beijo selinho
Beijo escondido
Beijo beijo beijo
Boca e língua
Beijo...

II

Beijo teorizado

Beijo moderno. Beijo pós-moderno.
Beijo líquido
Beijo tardio
Beijo beijo beijo
Boca de consumo
Beijo dialético
Boca da contradição
Beijo flexível
Beijo racional
Boca irracional
Beijo beijo beijo
Beijo plural e boca eclética
Beijo dos sentidos e boca da razão
Beijo da representação
Boca de simulação
Beijo beijo beijo
Beijo síntese, beijo em movimento
Boca e língua
Beijo...



Shellen Galdino
12 de maio de 2014

quarta-feira, abril 30, 2014

Sobre a esquerda brasileira

Há mais de um mês me fiz uma pergunta, sobre os problemas atuais dos projetos defendidos pelo campo que faço parte, a esquerda brasileira, sobre os desafios futuros que temos. 

Esse grande questionamento político filosófico continua sem resposta, porque é muito mais complexo do que eu imaginava. Pois se trata de um desafio mundial.

É inegável que o Brasil muito avançou nos últimos 10 anos, enquanto a Europa parece-me em derrocada econômica.

Acontece que o que está aí não é o dever ser, e isto posto, o que fazer?

Não acredito, e disso não abro mão, que importar métodos de análise eurocêntricos expliquem o Brasil atual, e de certo modo, não acredito que negar a tradição moderna seja a alternativa para isso.

O meu grande questionamento é se existe por quem se coloca contra o que está aí um projeto de fato, já que como dizem, estamos em crise? Tenho minhas dúvidas, talvez uma certa ironia com tom ideológico.

Mas, em poucas linhas, está posta a encruzilhada, da qual eu tenho posição firmada em 2014. Não tenho medo das críticas a isso, e que elas venham para o debate. Mas algo só se supera, quando tem algo melhor para colocar no lugar, caso não, a tendência é piorar.


http://plaggiado.blogspot.com.br/2014/03/heranca-maldita-formacao-social.html

Coronelismo na atualidade

O coronelismo na política é algo tão presente na nossas relações contemporâneas que chega a me dar nojo. As vezes acho que estou vivendo em uma neo-oligarquia ou algo assim. É muito muído para pouco programa, é muito individualismo e pouco projeto partidário. 

Mandonismo, patrimonialismo e totalitarismo fazem parte da política paraibana e brasileira, fruto de uma sociedade com um forte ranço conservador e policialesca. É explicável, mas as vezes, quem sabe disso, não cuida de mudar, e usa a situação da conjuntura para entrar no conforto e virar subalterno da ordem vigente.

Eu, como militante partidária assumida, fico com vergonha alheia de certos militantes que se dizem dirigentes e de certos espaços... enquanto isso, a maioria da população perdeu total credibilidade nessa ferramenta histórica da qual eu ainda ferrenhamente acredito.

Não estou falando aqui em nenhuma crise de representatividade ou de direção, longe disso, mas falo que parece ser tudo do mesmo balaio de gato: pessoas decidindo e tomando decisões mais voltadas para o eu do que para o coletivo, ou mesmo para sabe-se lá o que.

Reflexo mesmo de um mundo caótico, do qual eu não pretendo me resignar. E, essa crítica, segue como alerta saudável a todos os companheiros e companheiras militantes, vamos nos atentar a nossa prática, e menos para o que ganhamos em cima disso.

domingo, março 23, 2014

Herança maldita: formação social brasileira e a esquerda

No Brasil, Octávio Ianni afirma que se trata de um caleidoscópio de várias épocas, onde passado, presente e futuro se encontram em pura contradição, negação e afirmação.
Florestan Fernandes afirma também que certas caracterísiticas, como dependência, heteronomia, patrimonialismo, paternalismo, conformismo e mandonismo, são típicas do capitalismo à brasileira, na qual
"as impossibilidades históricas formam uma cadeia, uma espécie de círculo vicioso, que tende a repetir-se em quadros estruturais subsequentes. Como não há ruptura definitiva com o passado, a cada passo este se reapresenta na cena histórica e cobra o seu preço, embora sejam muito variáveis os artifícios da conciliação (em regra uma autêntica negação ou neutralização da “reforma‟). (FERNANDES, 2006, p. 238)
O Brasil é o retrato de encontro de várias temporalidades. 
Nos termos de Octávio Ianni, o Brasil se configura como “uma formação social na qual sobressaem ritmos irregulares e espasmódicos, desencontrados e contraditórios”, como um caleidoscópio de várias épocas, e assim na modernidade, o país, apresenta-se com um “presente que se acha impregnado de vários passados”. (IANNI, 1992, p. 60-63). 
Sendo assim, trata-se como marca fundante da história da formação social e econômica brasileira o desenvolvimento desigual e combinado, semelhando assim a “um caleidoscópio de muitas épocas, formas de vida e trabalho, modos de ser e pensar [...] E tudo isso está atravessado por um desenvolvimento desigual e combinado caleidoscópio, no qual a geografia e a história se mostram enlouquecidas.” (IANNI, 2004, p. 85).
Lamento que parte da esquerda brasileira não faz esse tipo de análise, e se perde e se volta e também se fecha em manuais que se voltam para a Europa. Talvez, isso reflita um pouco o déficit, a meu ver, da esquerda brasileira não conseguir dar visibilidades aos seus programas, salvo as exceções, é claro. Ficando a mercê da lógica da direita, com pautas resumidas na crítica pela crítica.
Uma vez vi um questionamento, e acho que guardadas as proporções cabe para este momento difícil de 2014. De certo, existe uma crise do sistema capitalista, e isso é inegável, se ela abala mais ou menos as estruturas e forças de produção do Brasil e países em desenvolvimento é um outro debate, mas, como afirmam alguns, se está uma tragédia (a partir de uma análise do governo e oposicianista), o que a "esquerda" teria para colocar no lugar? 

Shellen Galdino

teu corpo é meu poema



nosso corpo é poema, é rima,
meu corpo é delícia e o seu é poesia.
é música clássica, é samba e é valsa.
é tons graves, suaves e em pura sintonia
as vezes é opera traduzida em sinfonia
nosso corpo é santuário e é energia
é conexão em pura fantasia
é orgasmo as vezes em tons de nostalgia
é fogo em pura rebeldia.

Shellen Galdino

sexta-feira, março 21, 2014

Serviço Social na cena contemporânea: exército assistencial de reserva

Marilda Iamamoto tinha com previsão em 2007 de serem formados 10 mil Assistentes Sociais por ano, somente pelo EAD. E acreditem, esse dado é totalmente atual hoje, para não ser pior.

Ao fazer análises para o meu TCC me deparo que no ano de 2013, tinhamos 135.545 Assistentes Sociais no país, sendo que em 2010, apenas 3 anos antes, esse número era 102.087, ou seja, um aumento de 33.458, o que significa mais de 11 mil Assistentes Sociais formados e ativos por ano. Esses 11 mil por ano incluem EAD e presencial, sendo que hegemonicamente ofertado pelo mercado.

Ao dizer que são 11 mil por ano, significa que são 11 mil ativos e não significa o universo de profissionais formados, porque nem todos tiram o seu registro de imediato, soma-se a isso os que estão em formação e os que se encontram de forma irregular.


Esses se apresentam como desafios da categoria... um dado que apresenta inúmeras possibilidades de interpretação. A realidade cada vez mais é a de criação de um exército assistencial de reserva na categoria, o que implica em muitas vezes maior submissão e precarização no mundo do trabalho, o que impacta também a "qualidade" da formação profissional em Serviço Social no país. Tem que ter resistência.

O novo travestido de velho... ?!

Ano passado (24 de junho de 2013) escrevi um texto em meio a turbulência das manifestações de junho, o que parecia ser um trovão em meio a céu azul, se apresentava a mer ver como um complexo multideterminado e uma unidade de contrários, de base progressista mas também conservadora.

Óbvio que o texto é datado historicamente a partir de um acúmulo teórico-prático do fervor desse processo, mas vejam que mesmo em junho eu citei que existia a possibilidade de setores desse processo serem capitalizados por setores conservadores, inclusive citei as Marchas pela Família.

Talvez eu tenho errado em alguma questões, mas o tempo mostra algo do que eu coloquei nesse texto. Mas o fato é que as bases ultra conservadoras desse país não morreram com a abertura democrática pós autocracia burguesa.

"Uma coisa é fato, o protesto/manifestação/ato corre o risco de ser capitalizado pelo senso-comum, pela direita e setores bem conservadores do país e se tornarem possivelmente em “Marchas pela Família”, como na época da ditadura. Isso não significa, porém, que irá acontecer, mas é uma possibilidade. Como o contrário pode ser totalmente verdadeiro, só a luta cotidiana e decorrer do processo poderá definir. Por enquanto, nada está dado."

Pois é... o futuro permanece aberto, hoje e sempre.

http://plaggiado.blogspot.com.br/2013/06/movimento-passe-livre-mpl-e-mais-um.html

sábado, março 08, 2014

A mulher na vida como ela é



Desafio: nos respeitem durante os 365 dias do ano.

Sim, isso é uma cutucada para aqueles que acham que a mulher só deve ser lembrada no dia 8 de março... 

Você sabia as mulheres ganham menos? Você sabia que somos mais de 100 mil mulheres assassinadas (notificadas)? Você sabia que mulheres sofrem violência cotidianamente?

Pois bem, a todos/as que acham que a divisão sexual do trabalho e machismo institucional é conto da caroxinha inventado pelas feministas, devia ao menos, medir as palavras e buscar conhecer a vida como ela é.
Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilios (PNAD) do IBGE, mostra um dado triste, e eu diria até alarmante, para as mulheres, analisando a partir de um recorte de gênero.
Embora as mulheres tenham conseguido avanço no mercado de trabalho, o rendimento do trabalho feminino segundo esta pesquisa aumentou 5,1%.

Mas, antes de comemorar esse avanço, que é considerável, a realidade nos mostra uma contradição: o dos homens subiu 6,3%. Acreditem, esse um pouco mais de 1% é um grande número para o nosso lindo e moderno século XXI.

Em número mais precisos, o rendimento do trabalho feminino foi em média de R$ 1.238 em 2012, representando 72,9% do obtido pelos homens, que foi R$ 1.698. Então, será que não existe ainda na nossa sociedade relações de cunho patriarcal, machista e sexista?

Vocês já pararam para pensar quantas mulheres são violentadas por dia? Na Europa, uma a cada três mulheres já sofreram violência. Já no Brasil, seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica. 
Segundo o mapa da violência de 2012, nos 30 anos decorridos a partir de 1980 foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década. 

Talvez ainda não seja arcaíco recorrer ao termo divisão sexual do trabalho, machismo, feminismo... sem dúvidas, existem novas roupagens a partir da reestruturação do modo de produção do sistema capitalista, ou mesmo da "acumulação flexível". Talvez também, não seja arcaíco ainda utilizar Clara Zetkin, Rosa Luxemburg e Alexandra Kolontai.

Bem vindos/as a vida como é para as mulheres: opressora, dominadora, e claro, desigual.
Para que feminismo, né???

IMPORTANTE: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1977:destaques-da-pesquisa-mulheres-brasileiras-nos-espacos-publico-e-privado-fundacao-perseu-abramosesc&catid=101

domingo, fevereiro 23, 2014

Catarse, política e Gramsci

“O termo “catarse”. Pode-se empregar a expressão “catarse” para indicar a passagem do momento meramente econômico (ou egoístico -passional) ao momento ético-político, isto é, elaboração superior da estrutura em superestrutura na consciência dos homens. Isto significa, também, a passagem do “objetivo ao subjetivo” e da “necessidade à liberdade”. A estrutura, de força exterior que esmaga o homem, assimilando-o e o tornando passivo, transforma-se em meio de liberdade, em instrumento para criar uma nova forma ético-política, em origem de novas iniciativas. A fixação do momento “catártico” torna-se assim, parece-me, o ponto de partida de toda a filosofia da práxis; o processo catártico coincide com a cadeia de sínteses que resultam do desenvolvimento dialético. (Recordar os dois pontos entre os quais oscila este processo: que nenhuma sociedade se coloca tarefas para cuja solução já não existam, ou estejam em vias de aparecimento, as condições necessárias e suficientes; - e que nenhuma sociedade deixa de existir antes de haver expressado todo o seu conteúdo potencial.).”


GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, v.1,p.314-5. Civilização Brasileira, 4ª edição, Rio de Janeiro, 2006

domingo, fevereiro 16, 2014

Qual o melhor plano de saúde?

Qual o melhor Plano de Saúde?

Antes de você responder, o Sistema Único de Saúde - SUS -, criado a partir da Constituição Federal de 1988, que trás em em seues artigos (196 ao 200) que a saúde é de dever do Estado e de direito do cidadão, com suplemento do setor privado.

Essa conquista do povo brasileiro, adveio a partir do Movimento da Reforma Sanitária, onde a saúde se ampliou e universalizou, o que se conolidou principalmente a partir a implementação do SUS, principalmente a partir de sua lei orgânica, a 8080 de 1990.

Hoje, se demonstra como um notável sistema nacional, presente nos  5.570 municípios do território nacional e com dever de abarcar 200 milhões de brasileiros em 27 estados e distrito federal, e sendo assim, trata-se de um sistema recente e que está envolto de contradições, dinâmica, pluralidade e aspectos multifacetados.

O Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que assumiu o desafio de ter um sistema universal, público e gratuito de Saúde. O SUS comporta todos os entes federaivos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal num único sistema que é descentralizado, com direção única em cada esfera de governo, mas que deve ser organizado sob o formato de rede regionalizada de saúde e com financiamento compartilhado, administrativa e politicamente descentralizado.

O SUS é responsável por inúmeras campanhas de vacinação, possui diversas unidades de saúde da família, tem como principio o controle social, o SUS é também referência em transplantes e outros serviços de média e alta complexidade.

Apesar de ter ainda imperfeições e diversos processos em consrução, o SUS realiza 97% das quimioterapias no Brasil, assim como grande maioria de partos de alta complexidade e de parto natural, este último que pode ser realizado de maneira mais humanizada e com menos risco de infecção.

Segundo dados apresentados pelo Ministério, tendo como referência o ano de 2012, em números, o SUS realizou nesse ano:
  • 3,7 bilhões de procedimentos ambulatoriais/ano
  • 531 milhões de consultas médicas/ano
  • 1 milhão de internações/mês
  • Maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo 
  • 97% do mercado de vacinas é movimentado pelo SUS 
  • 32,8 milhões de procedimentos oncológicos (2010-2012) 
  • 97% dos procedimentos de quimioterapia são feitos no SUS 
  • 3,5 milhões de OPM ambulatoriais (cadeira de rodas, aparelho auditivo, bolsa de ostomia, prótese ocular, muletas, bengalas) 

Mas, voltando a pergunta, qual o melhor plano de saúde?

Mais financiamento para o SUS e mais garantia de direito para os usuário.
Por um SUS universal, integral e equânime!


http://www.senado.gov.br/comissoes/cas/ap/AP20130424_AlexandrePadilha.pdf

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

PRECONCEITO: a arma do incapaz

Por Amanda Cristina Souza*
 
 
“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo”
(Raul Seixas)
 
 

O preconceito etimologicamente falando, é uma ideia pré-concebida sobre algo ou alguém, refletindo uma postura de não aceitação e alienação. Os preconceitos mais comuns são sexual, racial, religioso, social, e são produtos da reprodução de ideologias errôneas e de um estereótipo socialmente aceito.

A legitimação do preconceito ocorre através de comportamentos e justificativas que diminuem o outro e intensifica o egocentrismo daquele que acaba por transformar suas raivas e frustrações em agressividade e discriminação, resultando em uma segregação social que torna mais forte ideologias arraigadas e reproduzidas diariamente.

Ter aversão a contextos, situações e/ou pessoas que se “diferenciam” é negar o multiculturalismo existente bem como hostilizar o próximo, significa fragilidade e dependência a crenças que subordinam as manifestações culturais a conservadorismos e aceitações. 

O preconceito social demonstra que em pleno século XXI regredimos gradativamente. Somos julgados pelo que temos e não pelo que somos! A condição financeira, a aparência, as roupas que vestimos, principalmente as marcas que utilizamos determinam quem são os nossos amigos, qual lugar frequentamos, quem será nosso companheiro e a “classe social” a qual pertencemos.

Debochamos do outro quando sem argumentos, apelamos para a sem graça e fatídica brincadeira de falar da aparência alheia. Nas redes sociais, acontece corriqueiramente, utilizando-se a imagem de políticos, apresentadores de TV e principalmente de ex-participantes de reality shows uma ridicularização da imagem que não é apenas a explorada televisivamente, mas a humana.

Um bom exemplo do preconceito social e da ridicularização da imagem, é o caso da professora universitária da (PUC-Rio) Rosa Marina Meyer, que postou em sua rede social facebook o seguinte comentário: "aeroporto ou rodoviária?", a postagem, estava relacionada a imagem de um homem, esperando o seu voo, que por sinal, seria o mesmo da professora. O passageiro, tinha como traje camisa regata, bermuda, um tênis e uma simplicidade no sentar, vestir e ser.

Na sociedade do decadence avec elegance, não é surpresa que desde as pessoas menos instruídas até as mais capacitadas, estejam sujeitas a reprodução do preconceito. Esbravejar por aí “não tenho preconceito”, é o mesmo que assinar a sua própria sentença de morte, pois, como podemos observar, o preconceito pode até escolher o capital financeiro para sua morada, mas atingir o capital simbólico, é o retrato de uma sociedade que nada mais tem a perder.

Somos uma metamorfose ambulante, como diria o grande Raul Seixas, mas ainda assim insistimos que as semelhanças perdurem, retirando a beleza das diferenças que nos tornam tão iguais. 


*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, estagiária no NCDH/UFPB, Poeta nas horas vagas e escreve para o www.agorapb.com.br aos domingos.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Direito ao delírio, ao sonho e ao ócio

 Torna-te quem tu és.
Nietzshe

A rotina nos rouba os pequeno prazeres, é uma máquina de moer gente, rouba o físico e o espírito... rouba-nos de nós mesmo.

Nos roubam todos os dias o direito ao delírio, ao sonho... e porque não, ao ócio.

Talvez coisas diferentes, mas que partem de uma possível mesma emergência: a necessidade de ir além do praticismo e de nos poupar da reificação (coisificação) , e claro, da alienação (estranhamento) e mercadorização (consumismo) da vida social. E isso não poderia ser diferente em uma sociedade que resume tudo ao valor prático, ao utilitarismo e ao "necessário", mas pra quem?

Ambos de algum modo, e guardadas as proporções, não favorecem ao "status quo", ou seja lá o nome que damos a quem favoreça essas categorias. Afinal, ter pessoas que sonham, que vão além e que transcendem é perigoso a quem se apropria disso para fins particulares, e no português castiço, privados.

Vejam, não estou aqui partindo para um subjetivismo, ou mesmo para parâmetros filosóficos, não é bem isso (e ao mesmo tempo o é), é mais simples do que se mostra, no caso, a dita necessidade de buscar a também dita "identidade", aqui tendo como parâmetro que esta trata-se da presença dialética da unidade e da luta dos contrários.

É difícil debater esse tema, porque, continuando o raciocínio sobre a quem favorece ou não, historicamente nos foi negado esse "luxo", e sendo assim, debater isso faz com que pessoas se questionem, e ao mesmo tempo negar e afirmar coisas diferentes das "necessárias", e isso interessa a quem no final das "contas"?  Afinal, sempre nos dizem: caia na real. Ou, saia do mundo da fantasia (sic).

Ora, seriam o delírio, o sonho e o ócio antagônicos e negação da alienação? Ou mesmo a sua superação guardadas as proporções? Talvez, a resposta mais adequada a esse questionamento retórico e sem compromisso teórico depende de como seria utilizados esses momentos no processo de construção de uma "nova" consciência, digo em termos "claros": uma consciência libertária, e sim, emancipatória.

Eu queria... (e sei que não posso, por que meu corpo pesa por causa das correntes da alienação) me dar ao "luxo" de um, ou mesmo dois ou talvez algum tempo que não tenha encontrado medida necessária, "períodos sabáticos".

Uma pena esse momento ser um luxo e não um direito...

Assim, a provocação, não de hoje, de Paul Lafargue continua atual.
Ao mundo do trabalho, sim, porquê não? Mas e ócio? 
Há espaço para os dois!


O direito ao delírio, ao sonho e ao ócio nos foi roubado, alerta geral...
peguem esse ladrão, eu quero de volta... e a recompensa é para todos.



Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma.

Clarice Lispector.

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

"Me ver pobre, preso ou morto já é cultural!" #NegroDrama



Imaginem um homem sendo preso a um poste.
Imaginem esse homem sendo espancado.
Imaginem que ele foi preso com um cadeado de bicicleta.
Imaginem um homem nu preso a este poste.
Imaginem esse homem preso no bairro do Flamengo no Rio de Janeiro.
Imaginem a humilhação deste homem.
Imaginem um homem com a orelha cortada.
Imaginem sua dor.
Imaginem sua humilhação e seu constrangimento.

Fechem os olhos por 5 segundos, e imaginem...





Agora, imaginem esse homem, sendo uma pessoa branca e de olhos azuis...


Bem, não sou especialista, mas me senti no dever político de tentar escrever isto, é um texto que mostra mais uma visão de mundo genérica, e não terá aqui nenhum rigor teórico, pois, pra esse momento, não pretendo aprofundar isso, mas, tenho certeza, que outras pessoas o farão de maneira bem melhor aqui apresentada.

Esse caso, do jovem (negro) amarrado em um poste no Rio de Janeiro, amarrado pelos "justiceiros", mostra, mais uma vez, um forte ranço conservador, racista e colonialista existente na sociedade brasileira, principalmente em tempos de contexto de violência estrutural, que se dá tanto pela sociedade, quanto pelo "Estado penal".

Não se trata aqui, transformar isso em um debate político e/ou partidário, nem tão pouco de ser neutro, mas tentar trazer algumas reflexões importantes.

Em tempos de naturalização de barbáries como essa, vemos que a vida humana - homens/mulheres - não representam praticamente nada nessa sociedade, principalmente quando não ligado ao poder de consumo, a apresenta-se um desvio, mesmo que padrão, da aparência, da cor/etnia, entre outros.

São sim, momentos de valores invertidos nessa sociedade, mas, não como aponta a notável jornalista Rachel Sheherazade. A nossa única medida para nossas ações devria ser a vida humana. Isso, digo no sentido de dever mais profundo da palavra ética, que é no frigir dos ovos a defesa intrasigente da vida humana, e o homem como parâmetro de nossas ações, aqui, o ser humano como figura essencial nas relações social, que é dotado de consciência humana, capacidade teleológica e de se expressar através da linguagem...

Parece, que tudo isso vira o pó de cocaína que a classe média cheira quando o assunto é o direito a ter direitos. (claro que para a periferia, eles tem que ter direito de falar o que quiserem, e até prenderem e cortar a orelha de alguém, normal né?)

Tudo se naturaliza, colocam e enterram anos de evolução crítica e de capacidade cognitiva e intelectual do ser humano no lixo do MC Donalds... tudo vira um, talvez conto de fadas da bela adormecida, em que sempre foi assim, sempre será e portanto sempre deverá ser... existe uma constante moralização pautada em princípios que lhe são convenientes e de cunho preconceituoso e de julgar o outro, embora NUNCA a si próprio.

São nessas horas de que questões polêmicas entram em cena, dividem o mundo em dois lados: os que simplesmente acreditam que todos seres humanos são detentores de direitos, e assim tem direitos a ter direitos, e o outro lado, que relativiza isso conforme o poder de consumo na sociedade...

É tudo o tempo todo e o tempo inteiro, no suado cotidiano, que isso se apresenta nas abordagens, nos olhares, nos rolezinhos, e claro, cotidianamente, nas mais diversas formas de descriminação e preconceito social.

Falei acima de ética, estaria eu aqui me valendo de um termo filosófico? Bem, talvez.

A ética é uma categoria filófica, uma das mais conhecidas, porém pouco praticada, afinal, não se ensinam isso nas escolas, estamos ocupados aprendendo a raiz de delta ou como escrever corretamente conforme a norma culta da língua, sendo assim, a ética historicamente fica em segundo plano no debate.

Não seria isso o maior dos males, pois ela está ausente no debate, e o pior de tudo: na cultura!

O que vemos por ai, são homens que têm ética, homens que seguem a moral (pelo menos dizem que sim), e logo, a ética se transforma em um status individual, e esquecido no âmbito do coletivo.

Poderia ser diferente? Afinal, ouvimos o dia todo na TV, pela Igreja e cia ilimitada que a ética e a moral são as mesmas coisas, e que defender a ética, é defender interesses (os seus de preferência, e que foda-se o resto da nação, vamos cantar o hino nacional e ser feliz, né?)

O agir humano, se reduz asism, a controlar e regulamentar o comportamento conforme um padrão, bem, esse padrão, imaginem qual é... tudo que fugir disso, é logo errado e do mau, e logo deve ser punido com "justiça" e deve-se assim, esquecer da vida humana e pensar em uma só coisa: o seu lado e pensamento individual.

Desde criancinha, menina BUXUDA em Barbacena, nunca acreditei que liberdade começa quando uma termina, ou sei lá, alguma coisa do tipo, papinho clichê e de senso-comum. Ora, estaríamos assim limitando a própria liberdade, enquanto um não for livre, nenhum de nós seremos, somos interligados, porque somos seres humanos em totalidade, e logo, estamos na pior, enquanto todos tiverem na pior, só que isso é mascarado, muitas vezes, pelo poder de consumo que como mágica e um feitiç de oportunidade umas pessoas tiveram, e outram "porque não quiseram" não o tiveram.

Enfim, agumas reflexões nesse dia intenso de ofensivas a quem defende a vida humana...
Como tenho dúvidas, e ainda bem que têm os poetas e escritores, aqui no caso Racionais, que fizeram essa brilhante letra abaixo colocada. Cabe bem, como uma luva da coco chanel (essa ironia é pro pessoal que vai fazer comprar em Paris e nunca foi ao menos no complexo da maré no Rio de Janeiro).



Negro Drama

Racionais Mc's

Negro drama
Entre o sucesso e a lama
Dinheiro, problemas
Inveja, luxo, fama
Negro drama
Cabelo crespo
E a pele escura
A ferida, a chaga
À procura da cura
Negro drama
Tenta ver
E não vê nada
A não ser uma estrela
Longe, meio ofuscada
Sente o drama
O preço, a cobrança
No amor, no ódio
A insana vingança
Negro drama
Eu sei quem trama
E quem tá comigo
O trauma que eu carrego
Pra não ser mais um preto fodido
O drama da cadeia e favela
Túmulo, sangue
Sirene, choros e vela
Passageiro do Brasil
São Paulo
Agonia que sobrevivem
Em meia às honras e covardias
Periferias, vielas e cortiços
Você deve tá pensando
O que você tem a ver com isso
Desde o início
Por ouro e prata
Olha quem morre
Então veja você quem mata
Recebe o mérito, a farda
Que pratica o mal
Me ver
Pobre, preso ou morto
Já é cultural
Histórias, registros
Escritos
Não é conto
Nem fábula
Lenda ou mito
Não foi sempre dito
Que preto não tem vez
Então olha o castelo e não
Foi você quem fez cuzão
Eu sou irmão
Dos meus trutas de batalha
Eu era a carne
Agora sou a própria navalha
Tin, tin
Um brinde pra mim
Sou exemplo de vitórias
Trajetos e glórias
O dinheiro tira um homem da miséria
Mas não pode arrancar
De dentro dele
A favela
São poucos
Que entram em campo pra vencer
A alma guarda
O que a mente tenta esquecer
Olho pra trás
Vejo a estrada que eu trilhei
Mó cota
Quem teve lado a lado
E quem só fico na bota
Entre as frases
Fases e várias etapas
Do quem é quem
Dos mano e das mina fraca
Negro drama de estilo
Pra ser
E se for
Tem que ser
Se temer é milho
Entre o gatilho e a tempestade
Sempre a provar
Que sou homem e não covarde
Que Deus me guarde
Pois eu sei
Que ele não é neutro
Vigia os rico
Mas ama os que vem do gueto
Eu visto preto
Por dentro e por fora
Guerreiro
Poeta entre o tempo e a memória
Hora
Nessa história
Vejo o dólar
E vários quilates
Falo pro mano
Que não morra, e também não mate
O tic-tac
Não espera veja o ponteiro
Essa estrada é venenosa
E cheia de morteiro
Pesadelo
Hum
É um elogio
Pra quem vive na guerra
A paz nunca existiu
Num clima quente
A minha gente sua frio
Vi um pretinho
Seu caderno era um fuzil
Um fuzil
Negro drama
Crime, futebol, música, caraio
Eu também não consegui fugir disso aí
Eu só mais um
Forrest Gump é mato
Eu prefiro conta uma história real
Vô conta a minha
Daria um filme
Uma negra
E uma criança nos braços
Solitária na floresta
De concreto e aço
Veja
Olha outra vez
O rosto na multidão
A multidão é um monstro
Sem rosto e coração
Ei,
São Paulo
Terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne
É a torre de babel
Família brasileira
Dois contra o mundo
Mãe solteira
De um promissor
Vagabundo
Luz
Câmera e ação
Gravando a cena vai
Um bastardo
Mais um filho pardo
Sem pai
Ei,
Senhor de engenho
Eu sei
Bem quem você é
Sozinho, cê num guenta
Sozinho
Cê num entra a pé
Cê disse que era bom
E as favela ouviu, lá
Também tem
Whisky, Red Bull
Tênis Nike e fuzil
Admito
Seus carro é bonito
É
Eu não sei fazê
Internet, videocassete
Os carro loco
Atrasado
Eu tô um pouco sim

Eu acho
Só que tem que
Seu jogo é sujo
E eu não me encaixo
Eu sô problema de montão
De carnaval a carnaval
Eu vim da selva
Sou leão
Sou demais pro seu quintal
Problema com escola
Eu tenho mil
Mil fita
Inacreditável, mas seu filho me imita
No meio de vocês
Ele é o mais esperto
Ginga e fala gíria
Gíria não, dialeto
Esse não é mais seu
Ó,
Subiu
Entrei pelo seu rádio
Tomei
Cê nem viu
Nós é isso ou aquilo
O quê?
Cê não dizia?
Seu filho quer ser preto
Rááá....
Que ironia
Cola o pôster do 2Pac aí
Que tal?
Que cê diz?
Sente o negro drama
Vai
Tenta ser feliz
Ei bacana
Quem te fez tão bom assim?
O que cê deu,
O que cê faz,
O que cê fez por mim?
Eu recebi seu tic
Quer dizer kit
De esgoto a céu aberto
E parede madeirite
De vergonha eu não morri
To firmão
Eis-me aqui
Você, não
Cê não passa
Quando o mar vermelho abrir
Eu sou o mano
Homem duro
Do gueto, Brown
Obá
Aquele louco
Que não pode errar
Aquele que você odeia
Amar nesse instante
Pele parda
Ouço funk
E de onde vem
Os diamantes
Da lama
Valeu mãe
Negro drama
Drama, drama, drama...
Aê, na época dos barracos de pau lá na Pedreira, onde vocês tavam?
O que vocês deram por mim?
O que vocês fizeram por mim?
Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho
Agora tá de olho no carro que eu dirijo
Demorou, eu quero é mais
Eu quero até sua alma
Aí, o rap fez eu ser o que sou
Ice Blue, Edy Rock e Kl Jay e toda a família
E toda geração que faz o rap
A geração que revolucionou
A geração que vai revolucionar
Anos 90, século 21
É desse jeito
Aê, você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você, morou irmão?
Você tá dirigindo um carro
O mundo todo tá de olho em você, morou?
Sabe por quê?
Pela sua origem, morou irmão?
É desse jeito que você vive
É o negro drama
Eu não li, eu não assisti
Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
Eu sou o fruto do negro drama
Aí dona Ana, sem palavras, a senhora é uma rainha, rainha
Mas aê, se tiver que voltar pra favela
Eu vou voltar de cabeça erguida
Porque assim é que é
Renascendo das cinzas
Firme e forte, guerreiro de fé
Vagabundo nato!

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Países unidos pelo bombardeio imperialista

# Qual a semelhança desses países?

- Japão 1945
- China 1945-1946
- Korea 1950-1953
- China 1950-1953
- Guatemala 1954
- Indonesia 1958
- Cuba 1959-1960
- Guatemala 1960
- Belgian Congo 1964
- Guatemala 1964
- Dominican Republic 1965-1966
- Peru 1965
- Laos 1964-1973
- Vietnam 1961-1973
- Cambodia 1969-1970
- Guatemala 1967-1969
- Lebanon 1982-1984
- Grenada 1983-1984
- Libya 1986
- El Salvador 1981-1992
- Nicaragua 1981-1990
- Iran 1987-1988
- Libya 1989
- Panama 1989-1990
- Iraq 1991
- Kuwait 1991
- Somalia 1992-1994
- Bosnia 1995
- Iran, 1998
- Sudan, 1998
- Afghanistan, 1998
- Serbia 1999
- Afghanistan, 2001
- Iraque, 2003
- Libya 2011


Acertou quem disse que todos eles sofreram intervenção a favor da "democracia" por parte dos norte-americanos.
Todos esses países sofreram ataques com bombardeios. Até onde vai o imperialismo estadunidense?

domingo, dezembro 14, 2014

Um ano depois

Coloco aqui um texto meu, escrito em 8 de dezembro de 2013, há quase exatos um ano.
Shellen Galdino
8 de dezembro de 2013 · Rio de Janeiro ·
É preciso afinar-se com o coro dos descontentes
São tempos difíceis, de árduas tarefas para todas as organizações de esquerda. Buscar, construção de um projeto mínimo, no campo democrático-popular, se faz urgente e essencial para o povo brasileiro.
Estão colocados na mesa, as necessidades de busca de estratégias e táticas para superação do que está posto, em todos os sentidos, e não só para o PT, mas para todas as organizações de esquerda do país e do mundo.
Mesmo após 10 anos de governo do Partido dos Trabalhadores e 33 anos de vida do nosso partido, temos a certeza de que fizemos muito pelo nosso país, e que ainda temos muito a fazer.
Construímos, praticamente, um país que estava nacionalmente em processo de destruição, personificado principalmente pelo projeto neoliberal do PSDB, e foi também fraturado pelos 21 anos de ditadura cívico-militar; da ditadura Vargas; do período imperial, entre outros.
Foram, assim, parcos os períodos de democracia que vivenciamos.
Mas, nos coube, a tarefa de mudar a história desse país: ampliar o acesso as universidades, da assistência social, do direito à moradia, da participação popular e tantos outros. Porém, como bem falou a nossa então presidenta Dilma Roussef, inclusão gera mais inclusão, democracia pede mais democracia.
Não nos cabe aqui, por limitação da pessoa que vos escreve, tecer críticas com relação as políticas implementadas pelo nosso governo a frente do Estado brasileiro. Mas, cabe sim dizer, que ao realizar críticas, é por acreditar que o campo pode e deve avançar mais, afinal o povo quer mais. Nós somos exigentes!
Não conseguimos ao longo desse breve período, por exemplo, avançar em pautas históricas e que são muito caras ao nosso PT e a todo o campo democrático-popular do país, como a reforma agrária e urbana, a reforma política, o compromisso com as lutas indígenas, juvenis e feministas, entre outras articulações com as nossas bases históricas nos movimentos sociais.
Para tanto, não podemos nos esquecer dos limites e condicionalidades impostas pela estrutura econômica. Estrutura capitalista essa totalmente imbricada no Estado, e que, nos faz refém ao “privatizar” nossos portos e aeroportos, o petróleo e a saúde; e ao favorecer o superávit primário e o sequestro do fundo público para pagamento de dívidas em detrimento do financiamento das políticas sociais públicas. Ficamos também, refém das empresas, ao negarem investimento no país.
Isso deve-se, também, ao nosso grosseiro arco de alianças, que pode, por um lado, nos servir no sentido pragmático e eleitoreiro, mas, de outro, nos faz recuar, beirando muitas vezes, em atitudes conservadoras para agradar a vizinhança.
Por outro lado, também, não podemos nos render ao conformismo e ao desencanto, acirrados pelas inúmeras dificuldades do cotidiano (que as vezes utilizamos até como retórica).
Há de tomar a premissa do genial Antônio Gramsci, onde é preciso aliar o pessimismo da razão, com o otimismo da vontade, e ver a história como um processo em aberto.
Em tempos como este, de ainda, negação de direitos sociais, encontramos, como vimos recentemente, resistências e lutas sociais. Tais lutas são travadas no dia a dia de uma conjuntura adversa. Pediram nas ruas, de forma espontânea ou não, desorganizada ou não, nos moldes clássicos ou não, em sua maioria, as pautas do povo: políticas sociais públicas, de qualidade.
Tendo isso em vista, é preciso ampliar o nosso leque programático tendo em vista os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Se faz necessário, reassumir o trabalho de base, da formação e da educação política e a mobilização popular.
Não podemos abandonar em nenhuma hipótese a perspectiva revolucionária, no sentido marxiano do termo. Só esta irá categoricamente transformar a situação de vida do nosso povo e destruir o que chamamos de capitalismo, sem aqui, ter que medir palavras para soar bem aos ouvidos.
E nunca é muito lembrar, que a revolução se faz na macro-política, de maneira permanente e essencialmente na mudança radical das estruturas. Sendo assim, mudar essencialmente, significa pois, ir muito além das gestões públicas. Afinal, governos passam e o Estado fica.
Concluindo com o nosso poeta maior, Carlos Drummond de Andrade
"Eu tropeço no possível,
mas não desisto de fazer a descoberta
que tem dentro da casca do impossível".
Shellen Galdino,
entre árvores e ventos.
Rio de Janeiro/RJ
08 de dezembro de 2013.

Drummond e o amor

Como nos enganamos fugindo do amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar sua espada coruscante, seu formidável poder de penetrar o sangue e nele imprimir uma orquídea de fogo e lágrimas.
Entretanto, ele chegou de manso e me envolveu em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava: sorria.
Carlos Drummond de Andrade, Reconhecimento do amor.

Serverinos

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Um dos melhores poetas do Brasil

Bentinho e capitu

"Capitu, apesar daqueles olhos que o diabo lhe deu... Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada. Pois apesar deles, poderia passar, se não fosse a vaidade e a adulação. Oh! A adulação!"
(Dom Casmurro - Machado de Assis)

Poema

Se eu não queimo
Se tu não queimas
Se nós não queimamos
De onde virá a luz?
Nazim Hikmet
Poeta turco. Pouco conhecido. Comunista profundo.

Marx e o amor

Se amas sem despertar amor, isto é, se teu amor, enquanto amor, não produz amor recíproco, se mediante sua exteriorização de vida como homem amante não te convertes em homem amado, teu amor é impotente, uma desgraça.
Karl Marx. Manuscritos Econômicos e filosóficos.

sábado, agosto 02, 2014

Meme do aeroporto de Aécio Neves






sexta-feira, julho 11, 2014

Porque odeiam o Brasil?

Eu não tenho vergonha do Brasil, e tão pouco de ser brasileira.
Não sou nacionalista, mas esse "chauvinismo" me irrita!
Muitos dizem que querem ir embora daqui, minha dica: aproveitem as facilidades no cartão de crédito.
Mas, lembre-se que a Europa está em crise, e esse dito berço da alta civilização e cidadania hoje tem um giro curioso a retorno de movimentos anti-democráticos. Sem contar em uma crescente aumento de desempregos e assim de trabalhos precários.
O próprio Estados Unidos da América, hoje tem uma crescente população de em situação de rua. Além de que o hobbie desse governo é espiar os governos alheios.
Apesar da Europa, ou parte dela, ter mais bibliotecas (massa, né?) vale lembrar que muitos livros deles e vestidos foram feitos/tingidos com pau-brasil (não que isso seja ruim, não quero transformar a descoberta/invasão em fatalismo). Enfim, para eles terem bibliotecas, tivemos, nós, de forma desigual e conflituosa arcar com esse desenvolvimento no desbravamento das Américas.
Enfim, só um desabafo desse povo que acha que o Brasil é o fim do mundo... deveria (me incluo) tentar mudar isso, favorecendo uma nova cultura, e socializando o nosso patrimônio construído. Mas a maioria prefere ta socializando o jargão de que este país é corrupto. Ahhh, me poupe... procura saber o que fez o Berlusconi...
Só um detalhe a mais, esse país teve Estado antes de ter povo... então, calma ai e vamos conversar! (sic)

segunda-feira, maio 12, 2014

Beijo

I

Beijos

Beijo no ombro, beijo na boca, 
Beijo de língua, 
Beijo beijo beijo.
Beijo quente
Beijo roubado
beijo selinho
Beijo escondido
Beijo beijo beijo
Boca e língua
Beijo...

II

Beijo teorizado

Beijo moderno. Beijo pós-moderno.
Beijo líquido
Beijo tardio
Beijo beijo beijo
Boca de consumo
Beijo dialético
Boca da contradição
Beijo flexível
Beijo racional
Boca irracional
Beijo beijo beijo
Beijo plural e boca eclética
Beijo dos sentidos e boca da razão
Beijo da representação
Boca de simulação
Beijo beijo beijo
Beijo síntese, beijo em movimento
Boca e língua
Beijo...



Shellen Galdino
12 de maio de 2014

quarta-feira, abril 30, 2014

Sobre a esquerda brasileira

Há mais de um mês me fiz uma pergunta, sobre os problemas atuais dos projetos defendidos pelo campo que faço parte, a esquerda brasileira, sobre os desafios futuros que temos. 

Esse grande questionamento político filosófico continua sem resposta, porque é muito mais complexo do que eu imaginava. Pois se trata de um desafio mundial.

É inegável que o Brasil muito avançou nos últimos 10 anos, enquanto a Europa parece-me em derrocada econômica.

Acontece que o que está aí não é o dever ser, e isto posto, o que fazer?

Não acredito, e disso não abro mão, que importar métodos de análise eurocêntricos expliquem o Brasil atual, e de certo modo, não acredito que negar a tradição moderna seja a alternativa para isso.

O meu grande questionamento é se existe por quem se coloca contra o que está aí um projeto de fato, já que como dizem, estamos em crise? Tenho minhas dúvidas, talvez uma certa ironia com tom ideológico.

Mas, em poucas linhas, está posta a encruzilhada, da qual eu tenho posição firmada em 2014. Não tenho medo das críticas a isso, e que elas venham para o debate. Mas algo só se supera, quando tem algo melhor para colocar no lugar, caso não, a tendência é piorar.


http://plaggiado.blogspot.com.br/2014/03/heranca-maldita-formacao-social.html

Coronelismo na atualidade

O coronelismo na política é algo tão presente na nossas relações contemporâneas que chega a me dar nojo. As vezes acho que estou vivendo em uma neo-oligarquia ou algo assim. É muito muído para pouco programa, é muito individualismo e pouco projeto partidário. 

Mandonismo, patrimonialismo e totalitarismo fazem parte da política paraibana e brasileira, fruto de uma sociedade com um forte ranço conservador e policialesca. É explicável, mas as vezes, quem sabe disso, não cuida de mudar, e usa a situação da conjuntura para entrar no conforto e virar subalterno da ordem vigente.

Eu, como militante partidária assumida, fico com vergonha alheia de certos militantes que se dizem dirigentes e de certos espaços... enquanto isso, a maioria da população perdeu total credibilidade nessa ferramenta histórica da qual eu ainda ferrenhamente acredito.

Não estou falando aqui em nenhuma crise de representatividade ou de direção, longe disso, mas falo que parece ser tudo do mesmo balaio de gato: pessoas decidindo e tomando decisões mais voltadas para o eu do que para o coletivo, ou mesmo para sabe-se lá o que.

Reflexo mesmo de um mundo caótico, do qual eu não pretendo me resignar. E, essa crítica, segue como alerta saudável a todos os companheiros e companheiras militantes, vamos nos atentar a nossa prática, e menos para o que ganhamos em cima disso.

domingo, março 23, 2014

Herança maldita: formação social brasileira e a esquerda

No Brasil, Octávio Ianni afirma que se trata de um caleidoscópio de várias épocas, onde passado, presente e futuro se encontram em pura contradição, negação e afirmação.
Florestan Fernandes afirma também que certas caracterísiticas, como dependência, heteronomia, patrimonialismo, paternalismo, conformismo e mandonismo, são típicas do capitalismo à brasileira, na qual
"as impossibilidades históricas formam uma cadeia, uma espécie de círculo vicioso, que tende a repetir-se em quadros estruturais subsequentes. Como não há ruptura definitiva com o passado, a cada passo este se reapresenta na cena histórica e cobra o seu preço, embora sejam muito variáveis os artifícios da conciliação (em regra uma autêntica negação ou neutralização da “reforma‟). (FERNANDES, 2006, p. 238)
O Brasil é o retrato de encontro de várias temporalidades. 
Nos termos de Octávio Ianni, o Brasil se configura como “uma formação social na qual sobressaem ritmos irregulares e espasmódicos, desencontrados e contraditórios”, como um caleidoscópio de várias épocas, e assim na modernidade, o país, apresenta-se com um “presente que se acha impregnado de vários passados”. (IANNI, 1992, p. 60-63). 
Sendo assim, trata-se como marca fundante da história da formação social e econômica brasileira o desenvolvimento desigual e combinado, semelhando assim a “um caleidoscópio de muitas épocas, formas de vida e trabalho, modos de ser e pensar [...] E tudo isso está atravessado por um desenvolvimento desigual e combinado caleidoscópio, no qual a geografia e a história se mostram enlouquecidas.” (IANNI, 2004, p. 85).
Lamento que parte da esquerda brasileira não faz esse tipo de análise, e se perde e se volta e também se fecha em manuais que se voltam para a Europa. Talvez, isso reflita um pouco o déficit, a meu ver, da esquerda brasileira não conseguir dar visibilidades aos seus programas, salvo as exceções, é claro. Ficando a mercê da lógica da direita, com pautas resumidas na crítica pela crítica.
Uma vez vi um questionamento, e acho que guardadas as proporções cabe para este momento difícil de 2014. De certo, existe uma crise do sistema capitalista, e isso é inegável, se ela abala mais ou menos as estruturas e forças de produção do Brasil e países em desenvolvimento é um outro debate, mas, como afirmam alguns, se está uma tragédia (a partir de uma análise do governo e oposicianista), o que a "esquerda" teria para colocar no lugar? 

Shellen Galdino

teu corpo é meu poema



nosso corpo é poema, é rima,
meu corpo é delícia e o seu é poesia.
é música clássica, é samba e é valsa.
é tons graves, suaves e em pura sintonia
as vezes é opera traduzida em sinfonia
nosso corpo é santuário e é energia
é conexão em pura fantasia
é orgasmo as vezes em tons de nostalgia
é fogo em pura rebeldia.

Shellen Galdino

sexta-feira, março 21, 2014

Serviço Social na cena contemporânea: exército assistencial de reserva

Marilda Iamamoto tinha com previsão em 2007 de serem formados 10 mil Assistentes Sociais por ano, somente pelo EAD. E acreditem, esse dado é totalmente atual hoje, para não ser pior.

Ao fazer análises para o meu TCC me deparo que no ano de 2013, tinhamos 135.545 Assistentes Sociais no país, sendo que em 2010, apenas 3 anos antes, esse número era 102.087, ou seja, um aumento de 33.458, o que significa mais de 11 mil Assistentes Sociais formados e ativos por ano. Esses 11 mil por ano incluem EAD e presencial, sendo que hegemonicamente ofertado pelo mercado.

Ao dizer que são 11 mil por ano, significa que são 11 mil ativos e não significa o universo de profissionais formados, porque nem todos tiram o seu registro de imediato, soma-se a isso os que estão em formação e os que se encontram de forma irregular.


Esses se apresentam como desafios da categoria... um dado que apresenta inúmeras possibilidades de interpretação. A realidade cada vez mais é a de criação de um exército assistencial de reserva na categoria, o que implica em muitas vezes maior submissão e precarização no mundo do trabalho, o que impacta também a "qualidade" da formação profissional em Serviço Social no país. Tem que ter resistência.

O novo travestido de velho... ?!

Ano passado (24 de junho de 2013) escrevi um texto em meio a turbulência das manifestações de junho, o que parecia ser um trovão em meio a céu azul, se apresentava a mer ver como um complexo multideterminado e uma unidade de contrários, de base progressista mas também conservadora.

Óbvio que o texto é datado historicamente a partir de um acúmulo teórico-prático do fervor desse processo, mas vejam que mesmo em junho eu citei que existia a possibilidade de setores desse processo serem capitalizados por setores conservadores, inclusive citei as Marchas pela Família.

Talvez eu tenho errado em alguma questões, mas o tempo mostra algo do que eu coloquei nesse texto. Mas o fato é que as bases ultra conservadoras desse país não morreram com a abertura democrática pós autocracia burguesa.

"Uma coisa é fato, o protesto/manifestação/ato corre o risco de ser capitalizado pelo senso-comum, pela direita e setores bem conservadores do país e se tornarem possivelmente em “Marchas pela Família”, como na época da ditadura. Isso não significa, porém, que irá acontecer, mas é uma possibilidade. Como o contrário pode ser totalmente verdadeiro, só a luta cotidiana e decorrer do processo poderá definir. Por enquanto, nada está dado."

Pois é... o futuro permanece aberto, hoje e sempre.

http://plaggiado.blogspot.com.br/2013/06/movimento-passe-livre-mpl-e-mais-um.html

sábado, março 08, 2014

A mulher na vida como ela é



Desafio: nos respeitem durante os 365 dias do ano.

Sim, isso é uma cutucada para aqueles que acham que a mulher só deve ser lembrada no dia 8 de março... 

Você sabia as mulheres ganham menos? Você sabia que somos mais de 100 mil mulheres assassinadas (notificadas)? Você sabia que mulheres sofrem violência cotidianamente?

Pois bem, a todos/as que acham que a divisão sexual do trabalho e machismo institucional é conto da caroxinha inventado pelas feministas, devia ao menos, medir as palavras e buscar conhecer a vida como ela é.
Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilios (PNAD) do IBGE, mostra um dado triste, e eu diria até alarmante, para as mulheres, analisando a partir de um recorte de gênero.
Embora as mulheres tenham conseguido avanço no mercado de trabalho, o rendimento do trabalho feminino segundo esta pesquisa aumentou 5,1%.

Mas, antes de comemorar esse avanço, que é considerável, a realidade nos mostra uma contradição: o dos homens subiu 6,3%. Acreditem, esse um pouco mais de 1% é um grande número para o nosso lindo e moderno século XXI.

Em número mais precisos, o rendimento do trabalho feminino foi em média de R$ 1.238 em 2012, representando 72,9% do obtido pelos homens, que foi R$ 1.698. Então, será que não existe ainda na nossa sociedade relações de cunho patriarcal, machista e sexista?

Vocês já pararam para pensar quantas mulheres são violentadas por dia? Na Europa, uma a cada três mulheres já sofreram violência. Já no Brasil, seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica. 
Segundo o mapa da violência de 2012, nos 30 anos decorridos a partir de 1980 foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década. 

Talvez ainda não seja arcaíco recorrer ao termo divisão sexual do trabalho, machismo, feminismo... sem dúvidas, existem novas roupagens a partir da reestruturação do modo de produção do sistema capitalista, ou mesmo da "acumulação flexível". Talvez também, não seja arcaíco ainda utilizar Clara Zetkin, Rosa Luxemburg e Alexandra Kolontai.

Bem vindos/as a vida como é para as mulheres: opressora, dominadora, e claro, desigual.
Para que feminismo, né???

IMPORTANTE: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1977:destaques-da-pesquisa-mulheres-brasileiras-nos-espacos-publico-e-privado-fundacao-perseu-abramosesc&catid=101

domingo, fevereiro 23, 2014

Catarse, política e Gramsci

“O termo “catarse”. Pode-se empregar a expressão “catarse” para indicar a passagem do momento meramente econômico (ou egoístico -passional) ao momento ético-político, isto é, elaboração superior da estrutura em superestrutura na consciência dos homens. Isto significa, também, a passagem do “objetivo ao subjetivo” e da “necessidade à liberdade”. A estrutura, de força exterior que esmaga o homem, assimilando-o e o tornando passivo, transforma-se em meio de liberdade, em instrumento para criar uma nova forma ético-política, em origem de novas iniciativas. A fixação do momento “catártico” torna-se assim, parece-me, o ponto de partida de toda a filosofia da práxis; o processo catártico coincide com a cadeia de sínteses que resultam do desenvolvimento dialético. (Recordar os dois pontos entre os quais oscila este processo: que nenhuma sociedade se coloca tarefas para cuja solução já não existam, ou estejam em vias de aparecimento, as condições necessárias e suficientes; - e que nenhuma sociedade deixa de existir antes de haver expressado todo o seu conteúdo potencial.).”


GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, v.1,p.314-5. Civilização Brasileira, 4ª edição, Rio de Janeiro, 2006

domingo, fevereiro 16, 2014

Qual o melhor plano de saúde?

Qual o melhor Plano de Saúde?

Antes de você responder, o Sistema Único de Saúde - SUS -, criado a partir da Constituição Federal de 1988, que trás em em seues artigos (196 ao 200) que a saúde é de dever do Estado e de direito do cidadão, com suplemento do setor privado.

Essa conquista do povo brasileiro, adveio a partir do Movimento da Reforma Sanitária, onde a saúde se ampliou e universalizou, o que se conolidou principalmente a partir a implementação do SUS, principalmente a partir de sua lei orgânica, a 8080 de 1990.

Hoje, se demonstra como um notável sistema nacional, presente nos  5.570 municípios do território nacional e com dever de abarcar 200 milhões de brasileiros em 27 estados e distrito federal, e sendo assim, trata-se de um sistema recente e que está envolto de contradições, dinâmica, pluralidade e aspectos multifacetados.

O Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que assumiu o desafio de ter um sistema universal, público e gratuito de Saúde. O SUS comporta todos os entes federaivos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal num único sistema que é descentralizado, com direção única em cada esfera de governo, mas que deve ser organizado sob o formato de rede regionalizada de saúde e com financiamento compartilhado, administrativa e politicamente descentralizado.

O SUS é responsável por inúmeras campanhas de vacinação, possui diversas unidades de saúde da família, tem como principio o controle social, o SUS é também referência em transplantes e outros serviços de média e alta complexidade.

Apesar de ter ainda imperfeições e diversos processos em consrução, o SUS realiza 97% das quimioterapias no Brasil, assim como grande maioria de partos de alta complexidade e de parto natural, este último que pode ser realizado de maneira mais humanizada e com menos risco de infecção.

Segundo dados apresentados pelo Ministério, tendo como referência o ano de 2012, em números, o SUS realizou nesse ano:
  • 3,7 bilhões de procedimentos ambulatoriais/ano
  • 531 milhões de consultas médicas/ano
  • 1 milhão de internações/mês
  • Maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo 
  • 97% do mercado de vacinas é movimentado pelo SUS 
  • 32,8 milhões de procedimentos oncológicos (2010-2012) 
  • 97% dos procedimentos de quimioterapia são feitos no SUS 
  • 3,5 milhões de OPM ambulatoriais (cadeira de rodas, aparelho auditivo, bolsa de ostomia, prótese ocular, muletas, bengalas) 

Mas, voltando a pergunta, qual o melhor plano de saúde?

Mais financiamento para o SUS e mais garantia de direito para os usuário.
Por um SUS universal, integral e equânime!


http://www.senado.gov.br/comissoes/cas/ap/AP20130424_AlexandrePadilha.pdf

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

PRECONCEITO: a arma do incapaz

Por Amanda Cristina Souza*
 
 
“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo”
(Raul Seixas)
 
 

O preconceito etimologicamente falando, é uma ideia pré-concebida sobre algo ou alguém, refletindo uma postura de não aceitação e alienação. Os preconceitos mais comuns são sexual, racial, religioso, social, e são produtos da reprodução de ideologias errôneas e de um estereótipo socialmente aceito.

A legitimação do preconceito ocorre através de comportamentos e justificativas que diminuem o outro e intensifica o egocentrismo daquele que acaba por transformar suas raivas e frustrações em agressividade e discriminação, resultando em uma segregação social que torna mais forte ideologias arraigadas e reproduzidas diariamente.

Ter aversão a contextos, situações e/ou pessoas que se “diferenciam” é negar o multiculturalismo existente bem como hostilizar o próximo, significa fragilidade e dependência a crenças que subordinam as manifestações culturais a conservadorismos e aceitações. 

O preconceito social demonstra que em pleno século XXI regredimos gradativamente. Somos julgados pelo que temos e não pelo que somos! A condição financeira, a aparência, as roupas que vestimos, principalmente as marcas que utilizamos determinam quem são os nossos amigos, qual lugar frequentamos, quem será nosso companheiro e a “classe social” a qual pertencemos.

Debochamos do outro quando sem argumentos, apelamos para a sem graça e fatídica brincadeira de falar da aparência alheia. Nas redes sociais, acontece corriqueiramente, utilizando-se a imagem de políticos, apresentadores de TV e principalmente de ex-participantes de reality shows uma ridicularização da imagem que não é apenas a explorada televisivamente, mas a humana.

Um bom exemplo do preconceito social e da ridicularização da imagem, é o caso da professora universitária da (PUC-Rio) Rosa Marina Meyer, que postou em sua rede social facebook o seguinte comentário: "aeroporto ou rodoviária?", a postagem, estava relacionada a imagem de um homem, esperando o seu voo, que por sinal, seria o mesmo da professora. O passageiro, tinha como traje camisa regata, bermuda, um tênis e uma simplicidade no sentar, vestir e ser.

Na sociedade do decadence avec elegance, não é surpresa que desde as pessoas menos instruídas até as mais capacitadas, estejam sujeitas a reprodução do preconceito. Esbravejar por aí “não tenho preconceito”, é o mesmo que assinar a sua própria sentença de morte, pois, como podemos observar, o preconceito pode até escolher o capital financeiro para sua morada, mas atingir o capital simbólico, é o retrato de uma sociedade que nada mais tem a perder.

Somos uma metamorfose ambulante, como diria o grande Raul Seixas, mas ainda assim insistimos que as semelhanças perdurem, retirando a beleza das diferenças que nos tornam tão iguais. 


*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, estagiária no NCDH/UFPB, Poeta nas horas vagas e escreve para o www.agorapb.com.br aos domingos.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Direito ao delírio, ao sonho e ao ócio

 Torna-te quem tu és.
Nietzshe

A rotina nos rouba os pequeno prazeres, é uma máquina de moer gente, rouba o físico e o espírito... rouba-nos de nós mesmo.

Nos roubam todos os dias o direito ao delírio, ao sonho... e porque não, ao ócio.

Talvez coisas diferentes, mas que partem de uma possível mesma emergência: a necessidade de ir além do praticismo e de nos poupar da reificação (coisificação) , e claro, da alienação (estranhamento) e mercadorização (consumismo) da vida social. E isso não poderia ser diferente em uma sociedade que resume tudo ao valor prático, ao utilitarismo e ao "necessário", mas pra quem?

Ambos de algum modo, e guardadas as proporções, não favorecem ao "status quo", ou seja lá o nome que damos a quem favoreça essas categorias. Afinal, ter pessoas que sonham, que vão além e que transcendem é perigoso a quem se apropria disso para fins particulares, e no português castiço, privados.

Vejam, não estou aqui partindo para um subjetivismo, ou mesmo para parâmetros filosóficos, não é bem isso (e ao mesmo tempo o é), é mais simples do que se mostra, no caso, a dita necessidade de buscar a também dita "identidade", aqui tendo como parâmetro que esta trata-se da presença dialética da unidade e da luta dos contrários.

É difícil debater esse tema, porque, continuando o raciocínio sobre a quem favorece ou não, historicamente nos foi negado esse "luxo", e sendo assim, debater isso faz com que pessoas se questionem, e ao mesmo tempo negar e afirmar coisas diferentes das "necessárias", e isso interessa a quem no final das "contas"?  Afinal, sempre nos dizem: caia na real. Ou, saia do mundo da fantasia (sic).

Ora, seriam o delírio, o sonho e o ócio antagônicos e negação da alienação? Ou mesmo a sua superação guardadas as proporções? Talvez, a resposta mais adequada a esse questionamento retórico e sem compromisso teórico depende de como seria utilizados esses momentos no processo de construção de uma "nova" consciência, digo em termos "claros": uma consciência libertária, e sim, emancipatória.

Eu queria... (e sei que não posso, por que meu corpo pesa por causa das correntes da alienação) me dar ao "luxo" de um, ou mesmo dois ou talvez algum tempo que não tenha encontrado medida necessária, "períodos sabáticos".

Uma pena esse momento ser um luxo e não um direito...

Assim, a provocação, não de hoje, de Paul Lafargue continua atual.
Ao mundo do trabalho, sim, porquê não? Mas e ócio? 
Há espaço para os dois!


O direito ao delírio, ao sonho e ao ócio nos foi roubado, alerta geral...
peguem esse ladrão, eu quero de volta... e a recompensa é para todos.



Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma.

Clarice Lispector.

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

"Me ver pobre, preso ou morto já é cultural!" #NegroDrama



Imaginem um homem sendo preso a um poste.
Imaginem esse homem sendo espancado.
Imaginem que ele foi preso com um cadeado de bicicleta.
Imaginem um homem nu preso a este poste.
Imaginem esse homem preso no bairro do Flamengo no Rio de Janeiro.
Imaginem a humilhação deste homem.
Imaginem um homem com a orelha cortada.
Imaginem sua dor.
Imaginem sua humilhação e seu constrangimento.

Fechem os olhos por 5 segundos, e imaginem...





Agora, imaginem esse homem, sendo uma pessoa branca e de olhos azuis...


Bem, não sou especialista, mas me senti no dever político de tentar escrever isto, é um texto que mostra mais uma visão de mundo genérica, e não terá aqui nenhum rigor teórico, pois, pra esse momento, não pretendo aprofundar isso, mas, tenho certeza, que outras pessoas o farão de maneira bem melhor aqui apresentada.

Esse caso, do jovem (negro) amarrado em um poste no Rio de Janeiro, amarrado pelos "justiceiros", mostra, mais uma vez, um forte ranço conservador, racista e colonialista existente na sociedade brasileira, principalmente em tempos de contexto de violência estrutural, que se dá tanto pela sociedade, quanto pelo "Estado penal".

Não se trata aqui, transformar isso em um debate político e/ou partidário, nem tão pouco de ser neutro, mas tentar trazer algumas reflexões importantes.

Em tempos de naturalização de barbáries como essa, vemos que a vida humana - homens/mulheres - não representam praticamente nada nessa sociedade, principalmente quando não ligado ao poder de consumo, a apresenta-se um desvio, mesmo que padrão, da aparência, da cor/etnia, entre outros.

São sim, momentos de valores invertidos nessa sociedade, mas, não como aponta a notável jornalista Rachel Sheherazade. A nossa única medida para nossas ações devria ser a vida humana. Isso, digo no sentido de dever mais profundo da palavra ética, que é no frigir dos ovos a defesa intrasigente da vida humana, e o homem como parâmetro de nossas ações, aqui, o ser humano como figura essencial nas relações social, que é dotado de consciência humana, capacidade teleológica e de se expressar através da linguagem...

Parece, que tudo isso vira o pó de cocaína que a classe média cheira quando o assunto é o direito a ter direitos. (claro que para a periferia, eles tem que ter direito de falar o que quiserem, e até prenderem e cortar a orelha de alguém, normal né?)

Tudo se naturaliza, colocam e enterram anos de evolução crítica e de capacidade cognitiva e intelectual do ser humano no lixo do MC Donalds... tudo vira um, talvez conto de fadas da bela adormecida, em que sempre foi assim, sempre será e portanto sempre deverá ser... existe uma constante moralização pautada em princípios que lhe são convenientes e de cunho preconceituoso e de julgar o outro, embora NUNCA a si próprio.

São nessas horas de que questões polêmicas entram em cena, dividem o mundo em dois lados: os que simplesmente acreditam que todos seres humanos são detentores de direitos, e assim tem direitos a ter direitos, e o outro lado, que relativiza isso conforme o poder de consumo na sociedade...

É tudo o tempo todo e o tempo inteiro, no suado cotidiano, que isso se apresenta nas abordagens, nos olhares, nos rolezinhos, e claro, cotidianamente, nas mais diversas formas de descriminação e preconceito social.

Falei acima de ética, estaria eu aqui me valendo de um termo filosófico? Bem, talvez.

A ética é uma categoria filófica, uma das mais conhecidas, porém pouco praticada, afinal, não se ensinam isso nas escolas, estamos ocupados aprendendo a raiz de delta ou como escrever corretamente conforme a norma culta da língua, sendo assim, a ética historicamente fica em segundo plano no debate.

Não seria isso o maior dos males, pois ela está ausente no debate, e o pior de tudo: na cultura!

O que vemos por ai, são homens que têm ética, homens que seguem a moral (pelo menos dizem que sim), e logo, a ética se transforma em um status individual, e esquecido no âmbito do coletivo.

Poderia ser diferente? Afinal, ouvimos o dia todo na TV, pela Igreja e cia ilimitada que a ética e a moral são as mesmas coisas, e que defender a ética, é defender interesses (os seus de preferência, e que foda-se o resto da nação, vamos cantar o hino nacional e ser feliz, né?)

O agir humano, se reduz asism, a controlar e regulamentar o comportamento conforme um padrão, bem, esse padrão, imaginem qual é... tudo que fugir disso, é logo errado e do mau, e logo deve ser punido com "justiça" e deve-se assim, esquecer da vida humana e pensar em uma só coisa: o seu lado e pensamento individual.

Desde criancinha, menina BUXUDA em Barbacena, nunca acreditei que liberdade começa quando uma termina, ou sei lá, alguma coisa do tipo, papinho clichê e de senso-comum. Ora, estaríamos assim limitando a própria liberdade, enquanto um não for livre, nenhum de nós seremos, somos interligados, porque somos seres humanos em totalidade, e logo, estamos na pior, enquanto todos tiverem na pior, só que isso é mascarado, muitas vezes, pelo poder de consumo que como mágica e um feitiç de oportunidade umas pessoas tiveram, e outram "porque não quiseram" não o tiveram.

Enfim, agumas reflexões nesse dia intenso de ofensivas a quem defende a vida humana...
Como tenho dúvidas, e ainda bem que têm os poetas e escritores, aqui no caso Racionais, que fizeram essa brilhante letra abaixo colocada. Cabe bem, como uma luva da coco chanel (essa ironia é pro pessoal que vai fazer comprar em Paris e nunca foi ao menos no complexo da maré no Rio de Janeiro).



Negro Drama

Racionais Mc's

Negro drama
Entre o sucesso e a lama
Dinheiro, problemas
Inveja, luxo, fama
Negro drama
Cabelo crespo
E a pele escura
A ferida, a chaga
À procura da cura
Negro drama
Tenta ver
E não vê nada
A não ser uma estrela
Longe, meio ofuscada
Sente o drama
O preço, a cobrança
No amor, no ódio
A insana vingança
Negro drama
Eu sei quem trama
E quem tá comigo
O trauma que eu carrego
Pra não ser mais um preto fodido
O drama da cadeia e favela
Túmulo, sangue
Sirene, choros e vela
Passageiro do Brasil
São Paulo
Agonia que sobrevivem
Em meia às honras e covardias
Periferias, vielas e cortiços
Você deve tá pensando
O que você tem a ver com isso
Desde o início
Por ouro e prata
Olha quem morre
Então veja você quem mata
Recebe o mérito, a farda
Que pratica o mal
Me ver
Pobre, preso ou morto
Já é cultural
Histórias, registros
Escritos
Não é conto
Nem fábula
Lenda ou mito
Não foi sempre dito
Que preto não tem vez
Então olha o castelo e não
Foi você quem fez cuzão
Eu sou irmão
Dos meus trutas de batalha
Eu era a carne
Agora sou a própria navalha
Tin, tin
Um brinde pra mim
Sou exemplo de vitórias
Trajetos e glórias
O dinheiro tira um homem da miséria
Mas não pode arrancar
De dentro dele
A favela
São poucos
Que entram em campo pra vencer
A alma guarda
O que a mente tenta esquecer
Olho pra trás
Vejo a estrada que eu trilhei
Mó cota
Quem teve lado a lado
E quem só fico na bota
Entre as frases
Fases e várias etapas
Do quem é quem
Dos mano e das mina fraca
Negro drama de estilo
Pra ser
E se for
Tem que ser
Se temer é milho
Entre o gatilho e a tempestade
Sempre a provar
Que sou homem e não covarde
Que Deus me guarde
Pois eu sei
Que ele não é neutro
Vigia os rico
Mas ama os que vem do gueto
Eu visto preto
Por dentro e por fora
Guerreiro
Poeta entre o tempo e a memória
Hora
Nessa história
Vejo o dólar
E vários quilates
Falo pro mano
Que não morra, e também não mate
O tic-tac
Não espera veja o ponteiro
Essa estrada é venenosa
E cheia de morteiro
Pesadelo
Hum
É um elogio
Pra quem vive na guerra
A paz nunca existiu
Num clima quente
A minha gente sua frio
Vi um pretinho
Seu caderno era um fuzil
Um fuzil
Negro drama
Crime, futebol, música, caraio
Eu também não consegui fugir disso aí
Eu só mais um
Forrest Gump é mato
Eu prefiro conta uma história real
Vô conta a minha
Daria um filme
Uma negra
E uma criança nos braços
Solitária na floresta
De concreto e aço
Veja
Olha outra vez
O rosto na multidão
A multidão é um monstro
Sem rosto e coração
Ei,
São Paulo
Terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne
É a torre de babel
Família brasileira
Dois contra o mundo
Mãe solteira
De um promissor
Vagabundo
Luz
Câmera e ação
Gravando a cena vai
Um bastardo
Mais um filho pardo
Sem pai
Ei,
Senhor de engenho
Eu sei
Bem quem você é
Sozinho, cê num guenta
Sozinho
Cê num entra a pé
Cê disse que era bom
E as favela ouviu, lá
Também tem
Whisky, Red Bull
Tênis Nike e fuzil
Admito
Seus carro é bonito
É
Eu não sei fazê
Internet, videocassete
Os carro loco
Atrasado
Eu tô um pouco sim

Eu acho
Só que tem que
Seu jogo é sujo
E eu não me encaixo
Eu sô problema de montão
De carnaval a carnaval
Eu vim da selva
Sou leão
Sou demais pro seu quintal
Problema com escola
Eu tenho mil
Mil fita
Inacreditável, mas seu filho me imita
No meio de vocês
Ele é o mais esperto
Ginga e fala gíria
Gíria não, dialeto
Esse não é mais seu
Ó,
Subiu
Entrei pelo seu rádio
Tomei
Cê nem viu
Nós é isso ou aquilo
O quê?
Cê não dizia?
Seu filho quer ser preto
Rááá....
Que ironia
Cola o pôster do 2Pac aí
Que tal?
Que cê diz?
Sente o negro drama
Vai
Tenta ser feliz
Ei bacana
Quem te fez tão bom assim?
O que cê deu,
O que cê faz,
O que cê fez por mim?
Eu recebi seu tic
Quer dizer kit
De esgoto a céu aberto
E parede madeirite
De vergonha eu não morri
To firmão
Eis-me aqui
Você, não
Cê não passa
Quando o mar vermelho abrir
Eu sou o mano
Homem duro
Do gueto, Brown
Obá
Aquele louco
Que não pode errar
Aquele que você odeia
Amar nesse instante
Pele parda
Ouço funk
E de onde vem
Os diamantes
Da lama
Valeu mãe
Negro drama
Drama, drama, drama...
Aê, na época dos barracos de pau lá na Pedreira, onde vocês tavam?
O que vocês deram por mim?
O que vocês fizeram por mim?
Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho
Agora tá de olho no carro que eu dirijo
Demorou, eu quero é mais
Eu quero até sua alma
Aí, o rap fez eu ser o que sou
Ice Blue, Edy Rock e Kl Jay e toda a família
E toda geração que faz o rap
A geração que revolucionou
A geração que vai revolucionar
Anos 90, século 21
É desse jeito
Aê, você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você, morou irmão?
Você tá dirigindo um carro
O mundo todo tá de olho em você, morou?
Sabe por quê?
Pela sua origem, morou irmão?
É desse jeito que você vive
É o negro drama
Eu não li, eu não assisti
Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
Eu sou o fruto do negro drama
Aí dona Ana, sem palavras, a senhora é uma rainha, rainha
Mas aê, se tiver que voltar pra favela
Eu vou voltar de cabeça erguida
Porque assim é que é
Renascendo das cinzas
Firme e forte, guerreiro de fé
Vagabundo nato!

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Países unidos pelo bombardeio imperialista

# Qual a semelhança desses países?

- Japão 1945
- China 1945-1946
- Korea 1950-1953
- China 1950-1953
- Guatemala 1954
- Indonesia 1958
- Cuba 1959-1960
- Guatemala 1960
- Belgian Congo 1964
- Guatemala 1964
- Dominican Republic 1965-1966
- Peru 1965
- Laos 1964-1973
- Vietnam 1961-1973
- Cambodia 1969-1970
- Guatemala 1967-1969
- Lebanon 1982-1984
- Grenada 1983-1984
- Libya 1986
- El Salvador 1981-1992
- Nicaragua 1981-1990
- Iran 1987-1988
- Libya 1989
- Panama 1989-1990
- Iraq 1991
- Kuwait 1991
- Somalia 1992-1994
- Bosnia 1995
- Iran, 1998
- Sudan, 1998
- Afghanistan, 1998
- Serbia 1999
- Afghanistan, 2001
- Iraque, 2003
- Libya 2011


Acertou quem disse que todos eles sofreram intervenção a favor da "democracia" por parte dos norte-americanos.
Todos esses países sofreram ataques com bombardeios. Até onde vai o imperialismo estadunidense?