segunda-feira, dezembro 26, 2011

Lições cubanas para a saúde do povo brasileiro

Um grupo de 11 médicos brasileiros de Pernambuco, Bahia, Paraíba e Minas Gerais fomos a Cuba conhecer seu Sistema Nacional de Saúde em novembro de 2011, durante duas semanas, através de um curso organizado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSAP). Todos éramos médicos da Atenção Primária no Sistema Único de Saúde e levamos à ilha uma questão central: o que podemos aprender com o povo cubano para garantia do direito à saúde no Brasil?
 
Porque Cuba
Uma pequena ilha, com cerca de 11 milhões de habitantes e um território um pouco maior que o estado de Pernambuco. Nos últimos anos, em meio a crises de qualidade e sustentação financeira dos serviços de saúde em todo o mundo, Cuba tornou-se uma referência.

E os resultados objetivos justificam a admiração pela saúde em Cuba. Antes da Revolução, o povo cubano vivia menos de 60 anos, 60 a cada 1.000 crianças morriam até um ano de idade e havia apenas 6 mil médicos no país, 56% dos quais viviam em Havana. Para agravar a situação, metade deles saiu do país após a Revolução Democrática e Popular de 1959.

Hoje a expectativa de vida média é 78 anos e o idoso que chega aos 80 anos vive mais 7,6 anos em média. A mortalidade infantil é de 4,5 crianças para cada 1.000 nascidos vivos e a mortalidade materna é 30 a cada 100.000 gestações. Foram erradicadas do país a poliomielite em 1962, a difteria em 1979, o sarampo em 1993 e a rubéola em 1995. As doenças que mais matam em Cuba são enfermidades cardiovasculares, tumores malignos e doenças vasculares cerebrais, um padrão típico de países desenvolvidos.
 
A Saúde em Cuba

O Sistema Nacional de Saúde em Cuba é universal, integral, gratuito, regionalizado e ao alcance de todos os cidadãos sem discriminações religiosas, políticas, por raça ou etniaO dever do Estado na garantia do direito à saúde está definido na Constituição da República. O sistema é orientado e coordenado pela base – como costumam se referir à Atenção Primária. E Cuba investe 18% do seu Produto Interno Bruto em saúde pública (no Brasil, essa cifra é de 3,4%).
 
O direito às creches é universal em Cuba, serviço cujo impacto positivo na saúde de uma criança já está comprovado por evidências científicas. Os chamados Círculos Infantis são serviços providos pelo Estado e garantem que as crianças pré-escolares sejam cuidadas durante as horas de trabalho dos pais.   O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças menores de um ano é feito por médicos de família em trabalho conjunto com pediatras, que vão às unidades básicas de saúde uma vez por semana. O calendário vacinal compreende 12 agentes patológicos, dentre elas a vacina desenvolvida em Cuba contra a bactéria meningocócica B.

A violência social, que adoece famílias no Brasil, é insignificante em Cuba. Tráfico de drogas, assassinatos, conflitos entre facções rivais,  mortalidade elevada de jovens por causas externas e disputa entre Estado e grupos para-militares são temas conhecidos através de filmes e histórias brasileiras.

As gestantes fazem em média 12 consultas de pré-natal, entre avaliações do médico de família e do obstetra, e todas fazem pelo menos uma Ultra-Sonografia. Os cubanos desenvolveram um serviço chamado Hogar Materno no qual gestantes com risco são acompanhadas em permanência-dia ou internação para controle de fatores que podem levar a um mal desfecho gestacional, como baixo peso, anemia, problemas familiares ou longa distância geográfica da maternidade. Além disso, as mulheres que não desejam concluir uma gestação podem interrompê-la com assistência de um serviço de saúde conforme pactuação com a equipe médica.

A saúde dos idosos é prioridade em Cuba. Em diversos serviços públicos, como escolas e academias populares, são organizados Círculos de Abuelos, onde os idosos fazem exercícios físicos, atividades cognitivas e convivência social. Os idosos sadios que ficam sós enquanto seus familiares trabalham podem ser acompanhados pela Casa de Abuelos, onde fazem trabalhos manuais, horta comunitária, exercício físico e atividades lúdicas sob supervisão de terapeutas ocupacionais e educadores físicos. Já famílias com idosos dependentes e acamados contam com o apoio do Estado que disponibiliza um cuidador domiciliar diariamente ou recorrem aos Hogares de Ancianos, equivalentes às Instituições de Longa Permanência em nosso país (conhecidas como Asilos), com a diferença de que em Cuba são um direito social garantido pelo Estado.

Atualmente, Cuba conta com 72,5 mil médicos, sendo que 36 mil deles atuam na Atenção Primária e 26 mil são especialistas em Medicina Geral e Integral (a especialidade equivalente no Brasil, chamada Medicina de Família e Comunidade, conta com 1.500 especialistas de um universo de 31.500 médicos que trabalham no Programa Saúde da Família). E não faltam bons médicos nos Postos de Saúde ou regiões rurais de difícil acesso. Um médico e uma enfermeira de família compõem um Consultório de Família, equivalente a uma Equipe de Saúde da Família no Brasil. São profissionais que vivem nas próprias comunidades em que trabalham e são responsáveis por, no máximo, 1.500 pessoas. Um grupo de até 20 Consultórios tem referência em um Policlínico, onde se encontram diversas especialidades médicas, outros profissionais de saúde, exames complementares e vacinação.

As práticas de Medicina Popular e Tradicional foram incorporadas aos Consultórios de Médico e Enfermeira da Família e aos Policlínicos. E graças ao desenvolvimento de pesquisas médicas autônomas, Cuba cria tecnologias próprias, como a medicação chamada Heberprot-P para feridas crônicas em pacientes com Diabetes Melitus que está sendo exportada para outros países. Como se não bastasse, um princípio cubano é a solidariedade: há 17 mil médicos e 23 mil outros trabalhadores da saúde em Missões Internacionais em 74 países, além de 24 mil jovens de 105 países que estudam medicina em Cuba.

São apenas alguns exemplos. Poderíamos citar também os serviços hospitalares descentralizados, os transplantes de órgãos e as tecnologias modernas de diagnóstico e tratamentos disponíveis, apesar do Bloqueio Norte Americano que impede, por exemplo, o uso de um medicamento para tratamento da leucemia em crianças que não respondem a quimioterápicos usuais.

Mas, existem desafios. Cuba enfrenta hoje o tema do tabagismo, hábito cultural e fonte de divisas importante para a economia nacional, diretamente relacionado às causas maiores de mortalidade. Além disso, é fundamental valorizar a moeda nacional e o salário dos trabalhadores, inclusive dos profissionais de saúde. O estímulo aos trabalhos por conta própria e luta contra o Bloqueio Norte Americano são medidas nesse sentido.
 
Lições para o povo brasileiro
Não há fórmulas prontas. O processo histórico de construção de uma sociedade e um sistema de saúde tem singularidades e particularidades. O povo cubano, inclusive, destacou-se na história por não aceitar imposição de modelos e construir suas mudanças com soberania. Mas, há lições importantes para os que desejam o direito à saúde para o povo brasileiro.

No Brasil, também tivemos conquistas populares no setor saúde com as lutas pela construção do SUS. Ao longo de seus 23 anos, conseguimos aumentar a expectativa de vida para 73,1 anos e reduzir a mortalidade infantil para 21,17 por 1.000 crianças nascidas vivas (vale lembrar as disparidades regionais, a ponto de Alagoas ter uma mortalidade infantil de 46 por 1.000). Resultados modestos se comparados aos cubanos. Nossos desafios são muitos.

Nessa vivência em Cuba, ficamos emocionados e inquietos ao lembrar das famílias que cuidamos e muitas vezes sofrem e adoecem por problemas que em Cuba foram superados há 50 anos. No Brasil, e não em Cuba, ainda existe baixa cobertura de serviços de atenção primária, carência de médicos em áreas remotas e periferias urbanas, concentração de médicos em setores privados de saúde, financiamento insuficiente.

E aprendemos com o povo cubano duas lições centrais: saúde se conquista com a garantia de outros direitos sociais e somente a vontade política garante saúde como um direito de todos e dever do Estado.  

Na sociedade brasileira, o Direito à Saúde somente será garantido com reformas estruturais: educação pública e de qualidade em todos os níveis, rede de proteção e assistência social ampla e eficiente, moradias saudáveis, alimentos acessíveis e sem agrotóxicos, melhores condições de trabalho e bons salários para todos os trabalhadores. Por isso, são fundamentais a ação dos movimentos populares, estudantis e sindicais no Brasil para fortalecer a Atenção Primária e o SUS, lutar contra as privatizações na saúde, banir o uso de agrotóxicos e fazer avançar as transformações profundas da sociedade brasileira. E façamos a nossa opção soberana por um projeto popular para o Brasil.
 
Bruno Abreu Gomes – Pedralva
Cuba, 3 de dezembro de 2011
Dia latino-americano da Medicina

NENHUMA DELAS É CUBANA


Por Celino Cunha

No último balanço do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pode ler-se que actualmente existem no mundo 146 milhões de crianças menores de 5 anos com graves problemas de desnutrição. De acordo com este documento, 28% são de África, 17% do Médio Oriente, 15% da Ásia, 7% da América Latina e Caribe, 5% da Europa e 27% de outros países em desenvolvimento.

O relatório é inequívoco e informa que Cuba já não tem este problema, sendo o único país da América Latina que eliminou definitivamente a desnutrição infantil e que tudo tem feito para melhorar a alimentação, especialmente nos grupos mais vulneráveis. A própria Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) reconhece Cuba como a nação com mais avanços neste capítulo em toda a América Latina.

Isto deve-se fundamentalmente a que o Estado Cubano garante uma cesta básica alimentar e promove os benefícios da lactância materna, complementando-a com outros alimentos até aos seis meses e fazendo a entrega diária de um litro de leite para todas as crianças dos zero aos sete anos de idade, em conjunto com outros alimentos como compotas, frutas e legumes, os quais são distribuídos de forma equitativa.

CUBA SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIA!



Essa semana a Rede Globo de Televisão resolveu atacar através do Jornal Nacional o regime cubano... a poucos instantes relataram dados colhidos pela Universidade de Miame falando sobre o desemprego...falaram que a saúde em Cuba é a base do coleguismo e suborno... que só era bom na época dos subsídios da URSS... Mas esqueceram de falar a verdade, que o País resiste a mais de 50 anos de embargo econômico, que é proibido de manter relações comerciais com boa parte dos países que tem medo de retaliações dos EUA, e que mesmo assim, o povo cubano defendo o seu país de tais mentiras...Vida longa a revolução Cubana...Viva ao povo cubano...VIVA A CUBA!!!

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Rimas da libertação

Rimas da Libertação. Música de "O Levante", do coletivo 


Lutarmada. "Revolução! / se liga sangue bom!! / com 


criatividade e indignação".



Rimas da libertação
Brotando do chão da periferia
A indignação se transforma em poesia
Que desvenda os olhos
E destapa os ouvidos
Pra fatos esquecidos ou que estavam escondidos
Como a guerrilha do Araguaia no regime militar
Pedaço da nossa história que a imprensa não pôde contar
Hass Sobrinho, Osvaldão, Elza Monerat
Quando ouvir nosso som você vai se lembrar
Dos pretos estadunidenses
No instante seguinte
Ao assassinato do pastor Martin Luther King
Vai lembrar do seqüestro do embaixador suíço
Trocado por 70 presos políticos
Dos quartéis, dos presídios direto pro exílio
E no Chile de Allende foram acolhidos
Obra assinada pela VPR de Lamarca, companheiro de Iara Iavelberg
Vai lembrar de Conselheiro defendendo Canudos
E do verdadeiro MR8 de outubro
Dos versos de Gil Scott-Heron e de Zé Ramalho
Esse som reverencia Apolônio de Carvalho
No Brasil e na Europa, exemplo de conduta
Mais de 60 anos dedicados à luta

Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação

– Abaixo a ditadura
Última frase dita por Zequinha antes de acabarem com a sua vida
Ele morreu por mim, por você, por todos nós
Esse rap é pra fazer ecoar a sua voz
Pra espalhar pro mundo o exemplo da Comuna de Oaxaca
É o poder popular no país de Zapata
Como o povo de Caracas que dos morros descia
E abortava um golpe de Estado que ainda nascia
Imagine só 30 pretos armados
Ocupando a assembléia do Estado
Da Califórnia, pra garantir o direito à autodefesa
Esse som é pra fazer lembrar dos Panteras Pretas
E de Ho Chi Mihn comandando no Vietnã
A guerra de guerrilhas que humilhou o Tio Sam
Esse rap é um resgate, é pra que ninguém se esqueça
De Gregório Bezerra e da Revolta dos Malês, de 2006, dia 8 de março
Laboratório da Aracruz, tudo em pedaços
Lá se foi pro espaço 20 anos de pesquisa
E viva a mulherada da Via Campesina
Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação

Aliança do balanço com a vontade de mudança
Quem escuta o nosso som raciocina enquanto dança
Quero que esse rap invada as vielas
Ecoando o grito de libertação de Marighella
Que soe em defesa das nossas comunidades
Como Zumbi defendeu o Quilombo dos Palmares
Que invada os lares dos milionários
Como o Movimento Revolucionário Tupac Amaro
Fazendo refém diplomatas do mundo inteiro
Exigindo em troca a liberdade de seus companheiros
Que venha na lembrança atos de rebeldia
Enquanto você dança e ouve a minha poesia
Sobre Les Marrons e a revolta dos escravos
Libertando o Haiti em 1804
Minhas rimas são documentos subversivos
Traduzindo a luta de Banto Steve Biko
A batalha diária do povo palestino
A luta anti-imperialista de Sandino
Que seja o hino da luta anti-capital
Que seja feminino, masculino e plural.

Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação

domingo, dezembro 18, 2011

Nota de Repúdio da Associação de Geógrafos Brasileiros – AGB, seção São Paulo, à expulsão dos 6 estudantes da Universidade de São Paulo no dia 16 de dezembro de 2011

Nota de Repúdio da Associação de Geógrafos Brasileiros – AGB, seção São Paulo, à expulsão dos 6 estudantes da Universidade de São Paulo no dia 16 de dezembro de 2011

17 de dezembro de 2011

Nós, direção da Associação dos Geógrafos Brasileiros - AGB (seção São Paulo), repudiamos a decisão do reitor João Grandino Rodas e dos dirigentes e conselheiros membros participantes do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo e da Comissão Processante favoráveis à expulsão dos 6 estudantes desta Universidade, decisão publicada no Diário Oficial da União no dia 16 de dezembro de 2011.

Estes estudantes, todos alunos de graduação, de diferentes cursos e Unidades, foram eliminados de todas as suas atividades acadêmicas, não podendo mais reingressar na Universidade de São Paulo de forma nenhuma, seja por seleção de pós-graduação, concurso público ou vestibular. Esses estudantes estavam sofrendo um processo administrativo na Universidade desde 2010, quando ocorreu a ocupação de um andar de um dos blocos do Conjunto Residencial da USP, o CRUSP, em um movimento legítimo de retomada desse prédio para a residência universitária, na época utilizado pela seção administrativa Coseas, que controla e determina todos os recursos, bolsas e projetos de permanência estudantil.

Acreditamos que essas expulsões estão contidas em uma estrutura de poder dentro da Universidade que se constitui de maneira autoritária, em um Conselho Universitário no qual os seus membros não são eleitos de forma direta pelo conjunto da comunidade universitária, em que os representantes discentes e dos funcionários são sempre minoria e voto vencido. É essa estrutura que criou um convênio entre a Universidade e a Policia Militar, permitindo uma ação policial truculenta de desocupação do prédio da reitoria no mês de novembro de 2011, quando a tropa de choque, com cerca de 400 homens, sitiou o CRUSP, com semelhança aos acontecidos na residência universitária em 17 de dezembro de 1968.

Relembramos que hoje completam-se 43 anos da desocupação do mesmo conjunto residencial, ação realizada durante a Ditadura Militar, 4 dias após o AI-5, quando o CRUSP foi invadido pelo exército com tropas e tanques de guerra, e cerca de 800 estudantes moradores foram presos.

Dois estudantes desse grupo de alunos que ontem foram expulsos são geógrafos, e a AGB SP recoloca aqui o repúdio à essa expulsão e o apoio institucional e administrativo à todos os estudantes processados. A AGB SP apóia o movimento pela redemocratização da Universidade, movimento do qual esses estudantes fazem parte

A estupidez. O horror. A barbárie. A guerra


A estupidez. O horror. A barbárie. A

guerra


Enquanto civis inocentes e até crianças são torturadas até a morte e descartadas a sangue frio, o “debate” em muitos meios de comunicação continua sendo se é “correto” divulgar informações sigilosas. Documentário mostra, por exemplo, que The Washington Post sabia das graves violações dos soldados americanos e se omitiu.

Instituto Zequinha Barreto
– Julian, bem vindo. Foi noticiado que o WikiLeaks liberou mais documentos confidenciais do que toda a mídia mundial, junta. Isso não poderia ser verdade.
– Sim, não pode ser verdade. É preocupante, não é mesmo? Que toda a mídia mundial esteja fazendo um trabalho tão ruim. Que um pequeno grupo de ativistas possa ter liberado mais deste tipo de informação do que toda a imprensa mundial.
Trecho do documentário ‘Wikirebels’
A estupidez. O horror. A barbárie. A guerra. A corrupção. Os crimes contra a Humanidade. Aqueles que, neste exato momento, desqualificam o trabalho do WikiLeaks não têm coragem, ou competência, para enxergar os documentos agora expostos. Estão aqui, abaixo. Não continue se não tiver estômago. “Eu comecei a chorar, como fazem todas as pessoas que assistem ao filme”, afirma uma jornalista da Islândia.
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A cena acima não é uma montagem.
Os crimes estão expostos. Americanos que matam sem qualquer motivo. Inocentes. Crianças. Os documentos foram expostos. As cenas gravadas. O crime contra a Humanidade documentado, vazado, exposto. Assista aos documentários abaixo e tire sua própria conclusão.
E o que discutimos? Se é “correto” divulgar. Se Julian Assange é um estuprador ou não. Se ele é uma “ameaça”. Só há duas hipóteses para iniciar o debate nestes termos: ou você é ignorante, ou apoia tais crimes.
Entre outras informações, o WikiLeaks ajudou a divulgar um manual utilizado pelas tropas dos EUA que ensinava como humilhar e torturar seus detentos, de modo que revelassem informações para os americanos.
Revelou ainda, por meio de um relatório confidencial de 2006, que a empresa multinacional Trafigura despejou resíduos tóxicos na Costa do Marfim, causando danos à saúde de dezenas de milhares de pessoas. Assange denunciou ainda, à época, uma mordaça imposta à mídia do Reino Unido.
Outro escândalo revelado foi a corrupção no sistema financeiro da Islândia, em 2008, causando sérios danos à economia do país. Em 9 de outubro de 2008, o Kaupthing Bank HF foi forçado à falência pelo governo – poucos dias após uma crise no Landsbanki ter o levado ao controle do governo. Devido à crise, que afetou todo o sistema financeiro islandês, todas as negociações nos mercados de capital do país foram suspensas em 13 de outubro de 2008.
No dia 29 de julho de 2009, no entanto, o Wikileaks expôs um documento confidencial de 210 páginas revelando que o Kaupthing fez empréstimos entre 45 milhões e 1.250 bilhões de euros. O documento vazado pelo site revelou que o banco havia emprestado bilhões de euros para os seus maiores acionistas, incluindo um total de 1.43 bilhões de libras para uma das maiores empresas do setor financeiro no país, a Exista, e filiais que possuem 23% do banco. Após a revelação, executivos foram presos e a legislação pró-liberdade de imprensa evoluiu, se tornando um exemplo para o mundo.
Um dos mais espantosos vazamentos mostram cenas semelhantes às verificadas nas forças nazistas e fascistas do século XX: soldados norte-americanos matam a sangue frio, a partir de helicópteros, civis inocentes – incluindo dois repórteres da Reuters. “Você de fato vê nos relatos crianças sendo torturadas até a morte. Não é algo que se pode ler sem se afetar pelo que se está lendo”, diz um dos editores dos documentos da guerra do Iraque, em Londres. “A falta de respeito pela vida humana corre normalmente em todo o material”, aponta um documentarista.
Em um trecho, um helicóptero atiraria em um prédio vazio para destruí-lo. Subitamente, um homem se aproxima e passa pela calçada. Os militares americanos poderiam ter esperado. Eles não esperam. Em outro, um homem dentro de um carro é perseguido pelos militares no helicóptero. O homem sai e claramente se rende, de mãos para cima, deitado no chão. Os militares atiram.


sábado, dezembro 17, 2011

Hobsbawm, o profeta de Marx


Hobsbawm, o profeta de Marx


O marxismo é a chave para o entendimento e eventual superação do capitalismo, avalia historiador

17 de dezembro de 2011

Marcos Guterman – O Estado de S.Paulo

Não há nenhum deus além de Karl Marx, e Eric Hobsbawm é seu profeta. Maior historiador marxista ainda em atividade, aos 94 anos, o inglês Hobsbawm dedica sua última obra – Como Mudar o Mundo – Marx e o Marxismo – a mostrar que o filósofo alemão, tido como soterrado pelos escombros do Muro de Berlim, continua a ser a chave para o entendimento do capitalismo e para sua superação, agora em tempos de aquecimento global.
Já em seu livro A Era dos Extremos, Hobsbawm colocou a Revolução Bolchevique como o principal evento do “breve século 20″ – que em sua visão acaba, justamente, na implosão da URSS. “O mundo que se esfacelou no fim da década de 1980 foi o mundo formado pelo impacto da Revolução Russa de 1917″, escreveu ele, para elaborar a teoria segundo a qual todos os processos históricos do período – das alianças diplomáticas aos desdobramentos econômicos globais – tiveram como eixo a instalação do comunismo na Rússia. Trata-se, obviamente, de um exagero. Mas o Marx que Hobsbawm tenta resgatar em seu novo livro não é o de Lenin e de Stalin, nem o dos marxistas contemporâneos, e sim a essência de seu pensamento.
Em Como Mudar o Mundo, reedição de textos escritos entre 1956 e 2009, Hobsbawm trata de diferenciar Marx do marxismo e de sua aplicação extrema, o comunismo – o que é conveniente, ao se observar as atrocidades cometidas em nome da igualdade. Para ele, dizer que o marxismo é responsável por essas tragédias “é o mesmo que afirmar que o cristianismo levou ao absolutismo papal”.
Hobsbawm se localiza entre aqueles que veem Marx como um mapa do caminho para a revolução e os que o encaram simplesmente como teoria. Mostra a ruptura dele com os socialistas utópicos, mas deixa claro o tributo que Marx lhes paga na forma da ideia de que é “inevitável” mudança não apenas de regime de governo, mas de todo o modo de vida sobre a Terra. Nos últimos 130 anos, diz o historiador, Marx foi o tema central da paisagem intelectual e, graças à sua capacidade de mobilizar forças sociais, foi uma presença crucial na história. No entanto, o desgaste provocado pelo colapso da URSS expôs, nas palavras de Hobsbawm, o “fracasso das predições” das teorias marxistas.
De tempos em tempos, anuncia-se que o capitalismo está no fim. Como a história mostra, porém, o moribundo arruma um jeito de se recuperar, entre outras razões porque a classe trabalhadora, que seria o esteio da revolução, sofreu mudanças dramáticas no último meio século, ao ponto de se tornar irreconhecível como “proletariado”. Mas Hobsbawm, em meio à crise global deflagrada em 2008, não resistiu à tentação e escreveu que, desta vez, vai: “Não podemos prever as soluções dos problemas com que se defronta o mundo no século 21, mas quem quiser solucioná-los deverá fazer as perguntas de Marx, mesmo que não queira aceitar as respostas dadas por seus vários discípulos”. Para ele, o futuro do marxismo e da humanidade estão intimamente vinculados.
No entanto, convém relevar o entusiasmo de Hobsbawm. A história mostra que é prudente ler Marx mais como uma forma de entender o mundo do que de mudá-lo.

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Lições cubanas para a saúde do povo brasileiro

Um grupo de 11 médicos brasileiros de Pernambuco, Bahia, Paraíba e Minas Gerais fomos a Cuba conhecer seu Sistema Nacional de Saúde em novembro de 2011, durante duas semanas, através de um curso organizado pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSAP). Todos éramos médicos da Atenção Primária no Sistema Único de Saúde e levamos à ilha uma questão central: o que podemos aprender com o povo cubano para garantia do direito à saúde no Brasil?
 
Porque Cuba
Uma pequena ilha, com cerca de 11 milhões de habitantes e um território um pouco maior que o estado de Pernambuco. Nos últimos anos, em meio a crises de qualidade e sustentação financeira dos serviços de saúde em todo o mundo, Cuba tornou-se uma referência.

E os resultados objetivos justificam a admiração pela saúde em Cuba. Antes da Revolução, o povo cubano vivia menos de 60 anos, 60 a cada 1.000 crianças morriam até um ano de idade e havia apenas 6 mil médicos no país, 56% dos quais viviam em Havana. Para agravar a situação, metade deles saiu do país após a Revolução Democrática e Popular de 1959.

Hoje a expectativa de vida média é 78 anos e o idoso que chega aos 80 anos vive mais 7,6 anos em média. A mortalidade infantil é de 4,5 crianças para cada 1.000 nascidos vivos e a mortalidade materna é 30 a cada 100.000 gestações. Foram erradicadas do país a poliomielite em 1962, a difteria em 1979, o sarampo em 1993 e a rubéola em 1995. As doenças que mais matam em Cuba são enfermidades cardiovasculares, tumores malignos e doenças vasculares cerebrais, um padrão típico de países desenvolvidos.
 
A Saúde em Cuba

O Sistema Nacional de Saúde em Cuba é universal, integral, gratuito, regionalizado e ao alcance de todos os cidadãos sem discriminações religiosas, políticas, por raça ou etniaO dever do Estado na garantia do direito à saúde está definido na Constituição da República. O sistema é orientado e coordenado pela base – como costumam se referir à Atenção Primária. E Cuba investe 18% do seu Produto Interno Bruto em saúde pública (no Brasil, essa cifra é de 3,4%).
 
O direito às creches é universal em Cuba, serviço cujo impacto positivo na saúde de uma criança já está comprovado por evidências científicas. Os chamados Círculos Infantis são serviços providos pelo Estado e garantem que as crianças pré-escolares sejam cuidadas durante as horas de trabalho dos pais.   O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças menores de um ano é feito por médicos de família em trabalho conjunto com pediatras, que vão às unidades básicas de saúde uma vez por semana. O calendário vacinal compreende 12 agentes patológicos, dentre elas a vacina desenvolvida em Cuba contra a bactéria meningocócica B.

A violência social, que adoece famílias no Brasil, é insignificante em Cuba. Tráfico de drogas, assassinatos, conflitos entre facções rivais,  mortalidade elevada de jovens por causas externas e disputa entre Estado e grupos para-militares são temas conhecidos através de filmes e histórias brasileiras.

As gestantes fazem em média 12 consultas de pré-natal, entre avaliações do médico de família e do obstetra, e todas fazem pelo menos uma Ultra-Sonografia. Os cubanos desenvolveram um serviço chamado Hogar Materno no qual gestantes com risco são acompanhadas em permanência-dia ou internação para controle de fatores que podem levar a um mal desfecho gestacional, como baixo peso, anemia, problemas familiares ou longa distância geográfica da maternidade. Além disso, as mulheres que não desejam concluir uma gestação podem interrompê-la com assistência de um serviço de saúde conforme pactuação com a equipe médica.

A saúde dos idosos é prioridade em Cuba. Em diversos serviços públicos, como escolas e academias populares, são organizados Círculos de Abuelos, onde os idosos fazem exercícios físicos, atividades cognitivas e convivência social. Os idosos sadios que ficam sós enquanto seus familiares trabalham podem ser acompanhados pela Casa de Abuelos, onde fazem trabalhos manuais, horta comunitária, exercício físico e atividades lúdicas sob supervisão de terapeutas ocupacionais e educadores físicos. Já famílias com idosos dependentes e acamados contam com o apoio do Estado que disponibiliza um cuidador domiciliar diariamente ou recorrem aos Hogares de Ancianos, equivalentes às Instituições de Longa Permanência em nosso país (conhecidas como Asilos), com a diferença de que em Cuba são um direito social garantido pelo Estado.

Atualmente, Cuba conta com 72,5 mil médicos, sendo que 36 mil deles atuam na Atenção Primária e 26 mil são especialistas em Medicina Geral e Integral (a especialidade equivalente no Brasil, chamada Medicina de Família e Comunidade, conta com 1.500 especialistas de um universo de 31.500 médicos que trabalham no Programa Saúde da Família). E não faltam bons médicos nos Postos de Saúde ou regiões rurais de difícil acesso. Um médico e uma enfermeira de família compõem um Consultório de Família, equivalente a uma Equipe de Saúde da Família no Brasil. São profissionais que vivem nas próprias comunidades em que trabalham e são responsáveis por, no máximo, 1.500 pessoas. Um grupo de até 20 Consultórios tem referência em um Policlínico, onde se encontram diversas especialidades médicas, outros profissionais de saúde, exames complementares e vacinação.

As práticas de Medicina Popular e Tradicional foram incorporadas aos Consultórios de Médico e Enfermeira da Família e aos Policlínicos. E graças ao desenvolvimento de pesquisas médicas autônomas, Cuba cria tecnologias próprias, como a medicação chamada Heberprot-P para feridas crônicas em pacientes com Diabetes Melitus que está sendo exportada para outros países. Como se não bastasse, um princípio cubano é a solidariedade: há 17 mil médicos e 23 mil outros trabalhadores da saúde em Missões Internacionais em 74 países, além de 24 mil jovens de 105 países que estudam medicina em Cuba.

São apenas alguns exemplos. Poderíamos citar também os serviços hospitalares descentralizados, os transplantes de órgãos e as tecnologias modernas de diagnóstico e tratamentos disponíveis, apesar do Bloqueio Norte Americano que impede, por exemplo, o uso de um medicamento para tratamento da leucemia em crianças que não respondem a quimioterápicos usuais.

Mas, existem desafios. Cuba enfrenta hoje o tema do tabagismo, hábito cultural e fonte de divisas importante para a economia nacional, diretamente relacionado às causas maiores de mortalidade. Além disso, é fundamental valorizar a moeda nacional e o salário dos trabalhadores, inclusive dos profissionais de saúde. O estímulo aos trabalhos por conta própria e luta contra o Bloqueio Norte Americano são medidas nesse sentido.
 
Lições para o povo brasileiro
Não há fórmulas prontas. O processo histórico de construção de uma sociedade e um sistema de saúde tem singularidades e particularidades. O povo cubano, inclusive, destacou-se na história por não aceitar imposição de modelos e construir suas mudanças com soberania. Mas, há lições importantes para os que desejam o direito à saúde para o povo brasileiro.

No Brasil, também tivemos conquistas populares no setor saúde com as lutas pela construção do SUS. Ao longo de seus 23 anos, conseguimos aumentar a expectativa de vida para 73,1 anos e reduzir a mortalidade infantil para 21,17 por 1.000 crianças nascidas vivas (vale lembrar as disparidades regionais, a ponto de Alagoas ter uma mortalidade infantil de 46 por 1.000). Resultados modestos se comparados aos cubanos. Nossos desafios são muitos.

Nessa vivência em Cuba, ficamos emocionados e inquietos ao lembrar das famílias que cuidamos e muitas vezes sofrem e adoecem por problemas que em Cuba foram superados há 50 anos. No Brasil, e não em Cuba, ainda existe baixa cobertura de serviços de atenção primária, carência de médicos em áreas remotas e periferias urbanas, concentração de médicos em setores privados de saúde, financiamento insuficiente.

E aprendemos com o povo cubano duas lições centrais: saúde se conquista com a garantia de outros direitos sociais e somente a vontade política garante saúde como um direito de todos e dever do Estado.  

Na sociedade brasileira, o Direito à Saúde somente será garantido com reformas estruturais: educação pública e de qualidade em todos os níveis, rede de proteção e assistência social ampla e eficiente, moradias saudáveis, alimentos acessíveis e sem agrotóxicos, melhores condições de trabalho e bons salários para todos os trabalhadores. Por isso, são fundamentais a ação dos movimentos populares, estudantis e sindicais no Brasil para fortalecer a Atenção Primária e o SUS, lutar contra as privatizações na saúde, banir o uso de agrotóxicos e fazer avançar as transformações profundas da sociedade brasileira. E façamos a nossa opção soberana por um projeto popular para o Brasil.
 
Bruno Abreu Gomes – Pedralva
Cuba, 3 de dezembro de 2011
Dia latino-americano da Medicina

NENHUMA DELAS É CUBANA


Por Celino Cunha

No último balanço do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pode ler-se que actualmente existem no mundo 146 milhões de crianças menores de 5 anos com graves problemas de desnutrição. De acordo com este documento, 28% são de África, 17% do Médio Oriente, 15% da Ásia, 7% da América Latina e Caribe, 5% da Europa e 27% de outros países em desenvolvimento.

O relatório é inequívoco e informa que Cuba já não tem este problema, sendo o único país da América Latina que eliminou definitivamente a desnutrição infantil e que tudo tem feito para melhorar a alimentação, especialmente nos grupos mais vulneráveis. A própria Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) reconhece Cuba como a nação com mais avanços neste capítulo em toda a América Latina.

Isto deve-se fundamentalmente a que o Estado Cubano garante uma cesta básica alimentar e promove os benefícios da lactância materna, complementando-a com outros alimentos até aos seis meses e fazendo a entrega diária de um litro de leite para todas as crianças dos zero aos sete anos de idade, em conjunto com outros alimentos como compotas, frutas e legumes, os quais são distribuídos de forma equitativa.

CUBA SOCIALISTA E REVOLUCIONÁRIA!



Essa semana a Rede Globo de Televisão resolveu atacar através do Jornal Nacional o regime cubano... a poucos instantes relataram dados colhidos pela Universidade de Miame falando sobre o desemprego...falaram que a saúde em Cuba é a base do coleguismo e suborno... que só era bom na época dos subsídios da URSS... Mas esqueceram de falar a verdade, que o País resiste a mais de 50 anos de embargo econômico, que é proibido de manter relações comerciais com boa parte dos países que tem medo de retaliações dos EUA, e que mesmo assim, o povo cubano defendo o seu país de tais mentiras...Vida longa a revolução Cubana...Viva ao povo cubano...VIVA A CUBA!!!

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Rimas da libertação

Rimas da Libertação. Música de "O Levante", do coletivo 


Lutarmada. "Revolução! / se liga sangue bom!! / com 


criatividade e indignação".



Rimas da libertação
Brotando do chão da periferia
A indignação se transforma em poesia
Que desvenda os olhos
E destapa os ouvidos
Pra fatos esquecidos ou que estavam escondidos
Como a guerrilha do Araguaia no regime militar
Pedaço da nossa história que a imprensa não pôde contar
Hass Sobrinho, Osvaldão, Elza Monerat
Quando ouvir nosso som você vai se lembrar
Dos pretos estadunidenses
No instante seguinte
Ao assassinato do pastor Martin Luther King
Vai lembrar do seqüestro do embaixador suíço
Trocado por 70 presos políticos
Dos quartéis, dos presídios direto pro exílio
E no Chile de Allende foram acolhidos
Obra assinada pela VPR de Lamarca, companheiro de Iara Iavelberg
Vai lembrar de Conselheiro defendendo Canudos
E do verdadeiro MR8 de outubro
Dos versos de Gil Scott-Heron e de Zé Ramalho
Esse som reverencia Apolônio de Carvalho
No Brasil e na Europa, exemplo de conduta
Mais de 60 anos dedicados à luta

Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação

– Abaixo a ditadura
Última frase dita por Zequinha antes de acabarem com a sua vida
Ele morreu por mim, por você, por todos nós
Esse rap é pra fazer ecoar a sua voz
Pra espalhar pro mundo o exemplo da Comuna de Oaxaca
É o poder popular no país de Zapata
Como o povo de Caracas que dos morros descia
E abortava um golpe de Estado que ainda nascia
Imagine só 30 pretos armados
Ocupando a assembléia do Estado
Da Califórnia, pra garantir o direito à autodefesa
Esse som é pra fazer lembrar dos Panteras Pretas
E de Ho Chi Mihn comandando no Vietnã
A guerra de guerrilhas que humilhou o Tio Sam
Esse rap é um resgate, é pra que ninguém se esqueça
De Gregório Bezerra e da Revolta dos Malês, de 2006, dia 8 de março
Laboratório da Aracruz, tudo em pedaços
Lá se foi pro espaço 20 anos de pesquisa
E viva a mulherada da Via Campesina
Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação

Aliança do balanço com a vontade de mudança
Quem escuta o nosso som raciocina enquanto dança
Quero que esse rap invada as vielas
Ecoando o grito de libertação de Marighella
Que soe em defesa das nossas comunidades
Como Zumbi defendeu o Quilombo dos Palmares
Que invada os lares dos milionários
Como o Movimento Revolucionário Tupac Amaro
Fazendo refém diplomatas do mundo inteiro
Exigindo em troca a liberdade de seus companheiros
Que venha na lembrança atos de rebeldia
Enquanto você dança e ouve a minha poesia
Sobre Les Marrons e a revolta dos escravos
Libertando o Haiti em 1804
Minhas rimas são documentos subversivos
Traduzindo a luta de Banto Steve Biko
A batalha diária do povo palestino
A luta anti-imperialista de Sandino
Que seja o hino da luta anti-capital
Que seja feminino, masculino e plural.

Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação

domingo, dezembro 18, 2011

Nota de Repúdio da Associação de Geógrafos Brasileiros – AGB, seção São Paulo, à expulsão dos 6 estudantes da Universidade de São Paulo no dia 16 de dezembro de 2011

Nota de Repúdio da Associação de Geógrafos Brasileiros – AGB, seção São Paulo, à expulsão dos 6 estudantes da Universidade de São Paulo no dia 16 de dezembro de 2011

17 de dezembro de 2011

Nós, direção da Associação dos Geógrafos Brasileiros - AGB (seção São Paulo), repudiamos a decisão do reitor João Grandino Rodas e dos dirigentes e conselheiros membros participantes do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo e da Comissão Processante favoráveis à expulsão dos 6 estudantes desta Universidade, decisão publicada no Diário Oficial da União no dia 16 de dezembro de 2011.

Estes estudantes, todos alunos de graduação, de diferentes cursos e Unidades, foram eliminados de todas as suas atividades acadêmicas, não podendo mais reingressar na Universidade de São Paulo de forma nenhuma, seja por seleção de pós-graduação, concurso público ou vestibular. Esses estudantes estavam sofrendo um processo administrativo na Universidade desde 2010, quando ocorreu a ocupação de um andar de um dos blocos do Conjunto Residencial da USP, o CRUSP, em um movimento legítimo de retomada desse prédio para a residência universitária, na época utilizado pela seção administrativa Coseas, que controla e determina todos os recursos, bolsas e projetos de permanência estudantil.

Acreditamos que essas expulsões estão contidas em uma estrutura de poder dentro da Universidade que se constitui de maneira autoritária, em um Conselho Universitário no qual os seus membros não são eleitos de forma direta pelo conjunto da comunidade universitária, em que os representantes discentes e dos funcionários são sempre minoria e voto vencido. É essa estrutura que criou um convênio entre a Universidade e a Policia Militar, permitindo uma ação policial truculenta de desocupação do prédio da reitoria no mês de novembro de 2011, quando a tropa de choque, com cerca de 400 homens, sitiou o CRUSP, com semelhança aos acontecidos na residência universitária em 17 de dezembro de 1968.

Relembramos que hoje completam-se 43 anos da desocupação do mesmo conjunto residencial, ação realizada durante a Ditadura Militar, 4 dias após o AI-5, quando o CRUSP foi invadido pelo exército com tropas e tanques de guerra, e cerca de 800 estudantes moradores foram presos.

Dois estudantes desse grupo de alunos que ontem foram expulsos são geógrafos, e a AGB SP recoloca aqui o repúdio à essa expulsão e o apoio institucional e administrativo à todos os estudantes processados. A AGB SP apóia o movimento pela redemocratização da Universidade, movimento do qual esses estudantes fazem parte

A estupidez. O horror. A barbárie. A guerra


A estupidez. O horror. A barbárie. A

guerra


Enquanto civis inocentes e até crianças são torturadas até a morte e descartadas a sangue frio, o “debate” em muitos meios de comunicação continua sendo se é “correto” divulgar informações sigilosas. Documentário mostra, por exemplo, que The Washington Post sabia das graves violações dos soldados americanos e se omitiu.

Instituto Zequinha Barreto
– Julian, bem vindo. Foi noticiado que o WikiLeaks liberou mais documentos confidenciais do que toda a mídia mundial, junta. Isso não poderia ser verdade.
– Sim, não pode ser verdade. É preocupante, não é mesmo? Que toda a mídia mundial esteja fazendo um trabalho tão ruim. Que um pequeno grupo de ativistas possa ter liberado mais deste tipo de informação do que toda a imprensa mundial.
Trecho do documentário ‘Wikirebels’
A estupidez. O horror. A barbárie. A guerra. A corrupção. Os crimes contra a Humanidade. Aqueles que, neste exato momento, desqualificam o trabalho do WikiLeaks não têm coragem, ou competência, para enxergar os documentos agora expostos. Estão aqui, abaixo. Não continue se não tiver estômago. “Eu comecei a chorar, como fazem todas as pessoas que assistem ao filme”, afirma uma jornalista da Islândia.
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A cena acima não é uma montagem.
Os crimes estão expostos. Americanos que matam sem qualquer motivo. Inocentes. Crianças. Os documentos foram expostos. As cenas gravadas. O crime contra a Humanidade documentado, vazado, exposto. Assista aos documentários abaixo e tire sua própria conclusão.
E o que discutimos? Se é “correto” divulgar. Se Julian Assange é um estuprador ou não. Se ele é uma “ameaça”. Só há duas hipóteses para iniciar o debate nestes termos: ou você é ignorante, ou apoia tais crimes.
Entre outras informações, o WikiLeaks ajudou a divulgar um manual utilizado pelas tropas dos EUA que ensinava como humilhar e torturar seus detentos, de modo que revelassem informações para os americanos.
Revelou ainda, por meio de um relatório confidencial de 2006, que a empresa multinacional Trafigura despejou resíduos tóxicos na Costa do Marfim, causando danos à saúde de dezenas de milhares de pessoas. Assange denunciou ainda, à época, uma mordaça imposta à mídia do Reino Unido.
Outro escândalo revelado foi a corrupção no sistema financeiro da Islândia, em 2008, causando sérios danos à economia do país. Em 9 de outubro de 2008, o Kaupthing Bank HF foi forçado à falência pelo governo – poucos dias após uma crise no Landsbanki ter o levado ao controle do governo. Devido à crise, que afetou todo o sistema financeiro islandês, todas as negociações nos mercados de capital do país foram suspensas em 13 de outubro de 2008.
No dia 29 de julho de 2009, no entanto, o Wikileaks expôs um documento confidencial de 210 páginas revelando que o Kaupthing fez empréstimos entre 45 milhões e 1.250 bilhões de euros. O documento vazado pelo site revelou que o banco havia emprestado bilhões de euros para os seus maiores acionistas, incluindo um total de 1.43 bilhões de libras para uma das maiores empresas do setor financeiro no país, a Exista, e filiais que possuem 23% do banco. Após a revelação, executivos foram presos e a legislação pró-liberdade de imprensa evoluiu, se tornando um exemplo para o mundo.
Um dos mais espantosos vazamentos mostram cenas semelhantes às verificadas nas forças nazistas e fascistas do século XX: soldados norte-americanos matam a sangue frio, a partir de helicópteros, civis inocentes – incluindo dois repórteres da Reuters. “Você de fato vê nos relatos crianças sendo torturadas até a morte. Não é algo que se pode ler sem se afetar pelo que se está lendo”, diz um dos editores dos documentos da guerra do Iraque, em Londres. “A falta de respeito pela vida humana corre normalmente em todo o material”, aponta um documentarista.
Em um trecho, um helicóptero atiraria em um prédio vazio para destruí-lo. Subitamente, um homem se aproxima e passa pela calçada. Os militares americanos poderiam ter esperado. Eles não esperam. Em outro, um homem dentro de um carro é perseguido pelos militares no helicóptero. O homem sai e claramente se rende, de mãos para cima, deitado no chão. Os militares atiram.


sábado, dezembro 17, 2011

Hobsbawm, o profeta de Marx


Hobsbawm, o profeta de Marx


O marxismo é a chave para o entendimento e eventual superação do capitalismo, avalia historiador

17 de dezembro de 2011

Marcos Guterman – O Estado de S.Paulo

Não há nenhum deus além de Karl Marx, e Eric Hobsbawm é seu profeta. Maior historiador marxista ainda em atividade, aos 94 anos, o inglês Hobsbawm dedica sua última obra – Como Mudar o Mundo – Marx e o Marxismo – a mostrar que o filósofo alemão, tido como soterrado pelos escombros do Muro de Berlim, continua a ser a chave para o entendimento do capitalismo e para sua superação, agora em tempos de aquecimento global.
Já em seu livro A Era dos Extremos, Hobsbawm colocou a Revolução Bolchevique como o principal evento do “breve século 20″ – que em sua visão acaba, justamente, na implosão da URSS. “O mundo que se esfacelou no fim da década de 1980 foi o mundo formado pelo impacto da Revolução Russa de 1917″, escreveu ele, para elaborar a teoria segundo a qual todos os processos históricos do período – das alianças diplomáticas aos desdobramentos econômicos globais – tiveram como eixo a instalação do comunismo na Rússia. Trata-se, obviamente, de um exagero. Mas o Marx que Hobsbawm tenta resgatar em seu novo livro não é o de Lenin e de Stalin, nem o dos marxistas contemporâneos, e sim a essência de seu pensamento.
Em Como Mudar o Mundo, reedição de textos escritos entre 1956 e 2009, Hobsbawm trata de diferenciar Marx do marxismo e de sua aplicação extrema, o comunismo – o que é conveniente, ao se observar as atrocidades cometidas em nome da igualdade. Para ele, dizer que o marxismo é responsável por essas tragédias “é o mesmo que afirmar que o cristianismo levou ao absolutismo papal”.
Hobsbawm se localiza entre aqueles que veem Marx como um mapa do caminho para a revolução e os que o encaram simplesmente como teoria. Mostra a ruptura dele com os socialistas utópicos, mas deixa claro o tributo que Marx lhes paga na forma da ideia de que é “inevitável” mudança não apenas de regime de governo, mas de todo o modo de vida sobre a Terra. Nos últimos 130 anos, diz o historiador, Marx foi o tema central da paisagem intelectual e, graças à sua capacidade de mobilizar forças sociais, foi uma presença crucial na história. No entanto, o desgaste provocado pelo colapso da URSS expôs, nas palavras de Hobsbawm, o “fracasso das predições” das teorias marxistas.
De tempos em tempos, anuncia-se que o capitalismo está no fim. Como a história mostra, porém, o moribundo arruma um jeito de se recuperar, entre outras razões porque a classe trabalhadora, que seria o esteio da revolução, sofreu mudanças dramáticas no último meio século, ao ponto de se tornar irreconhecível como “proletariado”. Mas Hobsbawm, em meio à crise global deflagrada em 2008, não resistiu à tentação e escreveu que, desta vez, vai: “Não podemos prever as soluções dos problemas com que se defronta o mundo no século 21, mas quem quiser solucioná-los deverá fazer as perguntas de Marx, mesmo que não queira aceitar as respostas dadas por seus vários discípulos”. Para ele, o futuro do marxismo e da humanidade estão intimamente vinculados.
No entanto, convém relevar o entusiasmo de Hobsbawm. A história mostra que é prudente ler Marx mais como uma forma de entender o mundo do que de mudá-lo.