segunda-feira, agosto 29, 2011

Uma aula de Ciência Política


Uma aula de Ciência Política

Neste sábado, fui à reitoria da UEM ocupada pelos acadêmicos desde o dia 25 de agosto de 2011.[1] Na parte externa do prédio, vários jovens sentados participavam de um curso; alguns brincavam de equilibristas andando numa corda suspensa entre duas árvores; outros conversavam em pequenos grupos; alguns dormiam em colchões improvisados e havia várias barracas de acampar.

Fui convidado a entrar. O acesso foi pela porta lateral da sala utilizada geralmente para as reuniões do COU (Conselho Universitário), órgão máximo da universidade, e outros eventos oficiais. O local estava ocupado por jovens entretidos com seus notebooks e netbooks (observei, inclusive, pessoas a trabalhar em projetos; pareceram-me futuras arquitetas); outros assistiam a um filme. Meus cicerones mostraram as demais dependências: colchões espalhados, pessoas a dormir, a comissão da alimentação a trabalhar na cozinha, os membros da comissão de comunicação a preparar textos e divulgar o movimento pela rede, a comissão de política a se reunir.

Conheci o prédio em outras ocasiões e, claro, o que vi contrastava com o funcionamento tipicamente burocrático de um dia de trabalho normal. Recordei, então, que a mais alta autoridade da universidade, em entrevista à rádio local, caracterizou a ocupação da reitoria como um “ato de vandalismo”.[2] É lamentável que a autoridade lance mão de um argumento batido e recorrente. Este tipo de discurso fortalece estereótipos e corroboram com o preconceito contra os estudantes. A mídia local reforça a linguagem pejorativa – veja, por exemplo, a imagem de capa do jornal (abaixo); não é uma escolha inocente, como também não é ingênua a linguagem utilizada. Em política, as palavras e as imagens expressam posições de poder e fazem parte do conflito.

Vandalismo é uma expressão derivada de Vândalo, originalmente o povo de uma tribo germânica que desafiou o Império Romano e contribuiu para a sua derrocada. Aliás, os romanos daquela época se consideravam civilizados e denominavam bárbaros os povos que ousaram desafiar o Império. Antes dos romanos, os gregos antigos já usavam o termo para os povos que não falavam a língua grega. De qualquer forma, e para além das disputas políticas semânticas, o que vi no prédio da reitoria da UEM não confirma a acusação pejorativa de vandalismo. Os estudantes organizam-se em comissões, praticam a democracia direta – a assembléia estudantil é o órgão deliberativo – e demonstram cuidado e preocupação com a preservação do que bem público.

Tive a oportunidade de acompanhar a assembléia realizada neste sábado. Nesta, foi discutido e aprovado os encaminhamentos: a ida a Curitiba para negociar, a escolha dos representantes, etc. A discussão, a despeito dos esforços dos que coordenavam, estendia-se em detalhes e rediscussões do que já parecia decidido. Não obstante, erros são próprios dos que agem, dos que ousam desafiar as estruturas de poder e a si mesmos. Uma reflexão crítica no momento oportuno poderá contribuir para a análise do movimento, seus erros e acertos. Todos os movimentos cometem equívocos. No entanto, para além dos aspectos criticáveis, o importante é a atitude dos acadêmicos.

Ao contrário dos muitos que se acomodam em seus mundinhos, dos que se adaptam por mero interesse egoístico, estes jovens atuam em defesa da universidade pública, por melhorias para a comunidade acadêmica. Num tempo em que o individualismo campeia nas esferas do campus é salutar ver jovens que ousam lutar por demandas coletivas. Ouvi e observei atentamente. Tenho orgulho deles, especialmente dos ex-alunos. Foi um tarde/noite na qual o educador foi educado; foi uma aula prática de Ciência Política!


[2] “Reitor da Universidade Estadual de Maringá diz que ocupação da reitoria foi vandalismo e entrega pauta de demandas da UEM para governador em exercício Flávio Arns”. Por Luciana Peña, 26/8/2011. Clique para ouvir a reportagem:http://www.cbnmaringa.com.br/page/noticias_detalhe.asp?cod=206715

FONTE: http://antoniozai.wordpress.com/2011/08/27/uma-aula-de-ciencia-politica/


Sobre o Ofício de Construir Estrelas e os Riscos das Verrugas


Mauro Iasi

Eis minhas mãos:
não tenho porque esconde-las,
ainda que, por teimosia,
tragam verrugas nos dedos
por apontar estrelas.
Este é o nosso ofício:
cavalgar verdades cadentes,
eternos/caducos presentes
que comem a si mesmos
mastigando seus próprios dentes.

Assim são estrelas:
tempo que tece a própria teia
que o atrela, cavalo que cavalga
a própria sela.

Distanciamento
Objeto
Estranhamento
Espera
como pintor ensandecido
que reprova a própria tela.

Este é o nosso ofício,
este é o nosso vício.
Cego enlouquecido,
visão por trevas tomada
insiste em apontar estrelas
mesmo em noites nubladas.

Ainda que seja por nada
insisto em aponta-las
mesmo sem vê-las
com a certeza que mesmo nas trevas
escondem-se estrelas.

Enganam-se os que crêem
que as estrelas nascem prontas.
São antes explosão
brilho e ardência
imprecisas e virulentas
herdeiras do caos
furacão na alma
calma na aparência.

Enganadoras aparências…

Extintas, brilham ainda:
Mortas no universo
resistem na ilusão da retina.

Velhas super novas
pontuam o antes nada
na mentira da visão repentina.

Sim
são infiéis e passageiras.
Mas poupem-me os conselhos,
não excluo os amores
por medo de perdê-los.

Os que amam as estrelas puras
tão precisamente desenhadas
fazem para si mesmos
estrelas finamente acabadas.

Tão perfeitas e irreais
que não brilham por si mesmas
nem se sustentam fora das bandeiras
e do branco firmamento dos papéis.
Assim se constroem estrelas puras
sem os riscos de verrugas.

Cavalgarei estrelas
ainda que passageiras
pois não almejo tê-las
em frio metal
ou descartável plástico.

Simplesmente delas anseio
roubar a luz e o calor
sentir o vento fértil de seu rastro
tocar, indecente,
meu sextante no seu astro
na certeza do movimento
ainda que lento, que corta a noite
desde a aurora dos tempos.

Eis aqui minhas mãos:
não tenho receio de mostra-las,
antes com verrugas que
em bolsos guardadas.

Eis minhas verrugas,
orgulho-me em tê-las,
é parte do meu ofício
de construtor de estrelas.

Gastarei as verrugas
na lixa da prática,
queimarei as verrugas
com o ácido da crítica
e aprenderei com as marcas
que as estrelas se fazem ao fazê-las

domingo, agosto 28, 2011

XL - Passa uma Borboleta

Alberto Caeiro



Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor. 



- para explicar a dialética.

TRANSCENDÊNCIAS



para os camaradas e irmãos da PO metropolitana de São Paulo
Na massa universal
da matéria de nossos corpos
seja luz etérea de estrelas,
carne mineral de planetas,
ou fogo, ou água
ou planta, ou bicho
não vejo alma daquela
que no movimento
se apresenta a vida.
Aprendi que a religião
é o sol em torno do qual
gira o ser humano
antes de ver em si mesmo
o sol da sua existência.
Ordem do tempo
inimiga do novo
dona da culpa
ópio do povo
organização racional da tristeza
carrasco do meu desejo
árbitro dos castigos aplicados por nós
contra nós mesmos.
Assim, feuerbachianamente,
me tornei ateu.
Mas, quando os vejo…
com seu amor aos pobres,
com seu compromisso com a vida
na teia indissolúvel da solidariedade…
Quando os vejo
subindo as “sierras” de nossa América
com seus terços e fuzis
com sua fé e bravura…
Quando os vejo
nas madrugadas fabris
nas estradas acampados
repartindo o pouco pão…
Quando os vejo
reinventando a comunhão
renascendo a cada dia
fazendo da morte ressurreição…
Quando nos abraçamos
sobre nossa bandeira vermelha
chorando lágrimas de raiva,
alegria ou emoção…
Da inexistência de minha alma
chego a desejar
que esta vida se supere em outra
para abraçar mais uma vez
os nossos mortos.
E no calor vivo de nossas batalhas
onde construímos a cada dia
a aurora contra a noite que persiste
consigo ver, nitidamente,
entre a sombra e o escuro
o rosto sereno de um deus
que não existe.

Mauro Iasi - METAMORFASES

sábado, agosto 27, 2011

AS MUTAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO NA ERA DA MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL.


A classe trabalhadora no século XXI, em plena era da globalização, é mais fragmentada, mais heterogênea e ainda mais diversificada. Pode-se constatar, neste processo, uma perda significativa de direitos e de sentidos, em sintonia com o caráter destrutivo do capital vigente. O sistema de metabolismo, sob controle do capital, tornou o trabalho ainda mais precarizado, por meio das formas de subempregado, desempregado, intensificando os níveis de exploração para aqueles que trabalham. Esse processo é bastante distinto, entretanto, das teses que propugnam o fim do trabalho. Este texto explora alguns dos significados e das dimensões das mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho.

RICARDO ANTUNES e GIOVANNI ALVES

objetivo deste texto é analisar as principais mutações na objetividade e subjetividade do mundo do trabalho, visando a oferecer uma leitura alternativa e diferenciada com relação às teses que defendem a idéia do esgotamento ou mesmo do fim do trabalho (e da classe trabalhadora). Num segundo momento, buscaremos apreender as principais determinações concretas da crise e das metamorfoses do mundo do trabalho no contexto da mundialização do capital.

Enquanto se amplia significativamente, em escala mundial, o conjunto de homens e mulheres que vivem da venda de sua força de trabalho, tantos autores têm dado adeus ao proletariado, têm defendido a idéia do descentramento da categoria "trabalho", da perda de relevância do trabalho como elemento estruturante da sociedade. Seguiremos um caminho alternativo e contrário a estas teses, mostrando como há um processo heterogêneo e complexo, quando se analisa a forma de ser da classe trabalhadora hoje.

Para ler o texto na íntegra, clique no ícone do arquivo em PDF no alto desta página.

CEDES Unicamp

sexta-feira, agosto 26, 2011

A criminalização do artista - Como se fabricam marginais em nosso país

http://vimeo.com/27659191


Abril de 2011. A intolerância ao diferente apoiada por uma campanha de higienização social em Belo Horizonte, assume ares de politica repressiva de caráter criminal.

À administração municipal, policia militar e mídia se associam na tarefa de criminalizar o artista de rua, artesãos nômades portadores de um patrimônio cultural brasileiro que deriva da resignificação do movimento hippie das décadas de 60 e 70. Uma cultura com mais de 40 anos.

Mas quem criminaliza o estado?

Com expressões próprias na arte, na música e no estilo de vida, os artesãos são perseguidos, saqueados em seus bens pessoais e presos por desacato ao exercer a legitima desobediência civil.

Artigo 5º da Constituição Federal:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Mais informações: belezadamargem.wordpress.com

As agressões continuam, assistam:

Praça Sete Sitiada - Parte I - "Quem é o ladrão?"
youtube.com/​watch?v=_0D8VIaF7Ao 

Praça Sete Sitiada - Parte II - "O artista subjugado"
youtube.com/​watch?v=tw2W3wr4Gm0 

A criminalização do artista - Como se fabricam marginais em nosso país

http://vimeo.com/27659191


Abril de 2011. A intolerância ao diferente apoiada por uma campanha de higienização social em Belo Horizonte, assume ares de politica repressiva de caráter criminal.

À administração municipal, policia militar e mídia se associam na tarefa de criminalizar o artista de rua, artesãos nômades portadores de um patrimônio cultural brasileiro que deriva da resignificação do movimento hippie das décadas de 60 e 70. Uma cultura com mais de 40 anos.

Mas quem criminaliza o estado?

Com expressões próprias na arte, na música e no estilo de vida, os artesãos são perseguidos, saqueados em seus bens pessoais e presos por desacato ao exercer a legitima desobediência civil.

Artigo 5º da Constituição Federal:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Mais informações: belezadamargem.wordpress.com

As agressões continuam, assistam:

Praça Sete Sitiada - Parte I - "Quem é o ladrão?"
youtube.com/​watch?v=_0D8VIaF7Ao 

Praça Sete Sitiada - Parte II - "O artista subjugado"
youtube.com/​watch?v=tw2W3wr4Gm0 

quinta-feira, agosto 25, 2011

A melhor interpretação de todos os tempos

'Amor é fogo que arde
sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer. '


Uma vestibulanda de 18 anos deu a sua interpretação :


'Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo !'

sexta-feira, agosto 19, 2011

Sexo em moscou


"Quando comecei a passear meus dedos
Pela sua marighelazinha já ficando molhada
Ela teve medo e recuou na resitência:
- Stálin! Stálin!
Mas depois deu uma olhada
Viu meu sputinik pronto a entrar em órbita
Exclamou feliz da vida:
- Que vara! Que vara!
- Que nikita mais krutschev!
Eu era o sessenta
Ela era lunática rainha lunik 9
Me sentia como se estivesse dando um cheque-mate
o próprio Karpov
E por não ser nem fidel e nem castro

Lambi sua rosa de luxemburgo
E a linda bolchevique geminha tesudinha:
- Ai língua de seda,
Maravilhosa,
Me lenine toda, meu bem
Me lenine toda,
Todinha!
Arranhava minhas costas com suas unhas de mil caranguejos
E sussurrava entre beijos:
Marx! Marx!
E o colchão de molas rangia:
- Mao tse tung! Mao tse tung!
Me chamou de seu tesão
Maiokovsky do sertão
Engels azul do meio dia
Poeta do real
Sua fantasia
Olhou-me nos olhos e disse:
- Tú és o meu Brejnev!
E ficamos por um tempão
Deitados no colchão de neve
E nos amávamos
Esperando o intervalo
Entre uma e outra greve
Trotsky! Ela tinha uma bezerra gregoriana
Que deixava lamarcas
E quando o êxtase atingiu ao seu máximo Gorki
Quando estava prestes a acontecer um orgasmo dissidente
Sussurou rangendo os dentes
- Chove dentro de mim,
Chove, chove,Gorbatchev!"
 ( MANO MELO)

terça-feira, agosto 16, 2011

O legado dos amaldiçoados: uma breve história do Haiti.

O legado dos amaldiçoados: uma breve história do Haiti

A tragédia que fez o Haiti desabar é mais um golpe sobre um povo com o qual toda a América Latina tem uma dívida histórica. O Haiti foi promotor dos ideais da Revolução Francesa, da luta contra a escravidão, do anti-colonialismo e do americanismo bolivariano.

Antonio Lassance

Sob os escombros de sua tragédia, o Haiti carrega o fardo de uma trajetória sabotada. Compreender historicamente como esta região foi sistematicamente arrasada é a única maneira de evitar que se pense, como fez o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que uma maldição se abateu sobre aquele país. Um breve panorama nos permite ver a injustiça contra um povo que tem um legado bendito para toda a América.

A região onde se encontra o Haiti viu, ao longo dos séculos, o massacre de sua população indígena, a escravização de negros trazidos pelo tráfico, a divisão artificial em domínios fabricados ao gosto do colonizador (espanhol e francês), sua separação definitiva em dois – Haiti, de um lado, República Dominicana, de outro –, as tentativas de reconquista colonialista, a permanente intervenção norteamericana e frequentes golpes de Estado, entre eles o que deu origem a uma das ditaduras mais abomináveis que se pode mencionar (de Papa Doc e Baby Doc, de 1957 a 1986).

Esta é a herança que antecipa a extrema dificuldade que haverá para por novamente de pé um país que teve frustradas suas tentativas de construção autônoma e democrática do Estado.

A tragédia que fez o Haiti desabar é mais um golpe sobre um povo com o qual toda a América Latina tem uma dívida histórica. Trata-se de um legado muitas vezes esquecido, calcado em lutas tornadas inglórias. O Haiti foi promotor dos ideais da Revolução Francesa, da luta contra a escravidão, do anti-colonialismo e do americanismo bolivariano.

A região onde hoje se localiza o Haiti e a República Dominicana compunha o complexo das Antilhas, que havia se tornado, no século XVIII, o principal concorrente do açúcar brasileiro. Celso Furtado, no clássico “Formação Econômica do Brasil”, mostrou o impacto que causou o açúcar antilhano, mais barato que o brasileiro, para a decadência daquele ciclo.

Ao final do século XVIII, ajudado pelo desenrolar da Revolução Francesa, a ilha (antes unificada sob o nome de Santo Domingo) foi sacudida pela revolta dos escravos. Confrontados com um povo que reclamava os próprios ideais proclamados pelos revolucionários, os franceses se viram obrigados a reconhecer o fim da escravidão. O fizeram como se fosse uma concessão, embora não houvesse outra opção. Para além da moral revolucionária, os franceses estavam diante de um levante de uma população negra organizada e armada para defender sua república. Enfrentá-la demandaria mobilizar forças que eram essenciais para defender a própria França da invasão estrangeira, patrocinada pelas demais monarquias européias, aliadas ao rei deposto (Luís XVI).

Ao criar uma área livre de escravos, Santo Domingo provocou um efeito importante sobre toda a América. Criou o medo de que sua revolução se espalhasse, mostrou que era possível sobreviver sem escravismo e que se podia confrontar e vencer Napoleão (que queria reconquistar aquele território e trazer de volta a escravidão). A Inglaterra, que vivera a experiência de intensas rebeliões de escravos na Jamaica, conjugou razões suficientes que a levaram a capitanear a luta contra o tráfico: o abolicionismo, o liberalismo e a geopolítica de contenção do domínio francês. Em 1815, o Congresso de Viena, que formalizou a derrota napoleônica, trouxe como uma de suas resoluções a da extinção do tráfico de escravos (mesmo que limitada ao norte do Equador).

Os haitianos foram parte importante do processo que transformou o trabalho assalariado em opção mais vantajosa de exploração do trabalho do que a escravidão. Tornaram a abolição não apenas uma questão moral, filosófica e retórica, mas um tema político de primeira grandeza.

O Haiti foi base de apoio a Bolívar em sua luta pela libertação da América espanhola e portuguesa. O país lhe emprestou soldados, armas e munição, com uma única condição: a de Bolívar libertar escravos onde quer que os encontrasse. A mesma generosidade o levou a apresentar-se como opção para receber negros libertos vindos do Sul dos EUA.

No século XIX, o país foi diretamente afetado pelas doutrinas que propugnavam a supremacia dos EUA sobre todo o continente: a doutrina Monroe (“a América para os americanos”) e a do “destino manifesto”. No século XX, tal política se desdobrou em prática de intervenção sistemática, sendo cunhada por Theodore Roosevelt como o “big stick” (“o grande porrete”).

A política colonialista européia e, depois, americana pesaram sobre o Haiti como uma sistemática sabotagem à estruturação de um Estado igualitário, soberano e capaz de servir como alavanca para o desenvolvimento de seu povo. É curiosa a tese de Samuel Huntington (“O Choque de Civilizações), reproduzida por alguns jornais, de que o Haiti isolou-se do resto do mundo. Infelizmente, ele não teve esta chance.

A falta de Estado explica, agora, a falta de estruturas minimamente preparadas para socorrer pessoas diante da atual tragédia. Consequência imediata: um país que, após o terremoto, tornou-se um retrato daquilo que Thomas Hobbes chamou de Estado de natureza: a luta de todos contra todos, pela sobrevivência imediata. Uma situação em que a vida se torna, mais uma vez citando o filósofo inglês, solitária, pobre, suja, brutal e breve.

Bendito seja o Haiti!

Antonio Lassance, cientista político, pesquisador do IPEA, professor do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e assessor da Presidência da República. O artigo foi publicado na Agência Carta Maior em 18/01/2010

segunda-feira, agosto 15, 2011

TIREM AS MÃOS DA VENEZUELA



Documentário de 1h30m produzido pela Campanha Internacional "Tirem as Mãos da Venezuela" (Hands Off Venezuela) com legendas em português. 

domingo, agosto 14, 2011

A banda mais bolchevique da cidade

A banda mais bolchevique da cidade:
Trabalhador...

Essa é a Revolução

Pra acabar com a exploração


Capitalismo não é tão forte quanto pensa

Os comunistas sempre fazem a diferença

Com o trabalhador

Com o fuzil na trincheira

A ofensiva é certeira

Marx já falou

Uni-vos trabalhador...

América Latina e a luta contra o sistema!


Pátria livre, venceremos!

Observar as lutas sociais na América latina hoje, tendo a mesma como espaço onde estão sendo travados diversos embates políticos contra os setores da classe dominante, muitas vezes invisibilizados e mistificados pela mídia, é extremamente necessário se quisermos pensar e fortalecer a organização daqueles/as que se colocam contra as injustiças sociais, contra as mazelas provocadas pelo sistema capitalista. Mas por que exatamente este continente e suas lutas?
Tivemos ao longo da história a existência de modos de produção pré-capitalistas, como as comunidades primitivas, o escravismo e o feudalismo. Desse modo é possível considerar que vivenciamos e construímos diversas condições de relações sociais que estão atreladas ao modo de produção em determinados espaços e momentos históricos. Atualmente estamos em processo de ofensiva do sistema capitalista, pautado no projeto neoliberal, que afeta profundamente a condição de existência humana de forma perversa, na medida em que reproduz o ideal de vida individualista, concorrencial, excludente, flexibilizando, reificando e alienando cada vez mais os processos de trabalho, fetichizando as contradições desiguais e combinadas deste modo de produção. Cada vez mais o trabalho é separado da vida.
Para expandir o sistema capitalista, havia a necessidade de novos mercados, matérias-primas, consumidores e mão-de-obra barata. Daí ocorre as grandes navegações e o desbravamento do mundo, até que os europeus, portugueses e espanhóis, invadem o Brasil e depois a América Latina. Este continente alimentava o surgimento do capitalismo nascente na história. A América Latina nasceu e se desenvolveu no seio do capitalismo, não é apenas um capítulo dessa história, tem extrema importância no processo de formação do capitalismo. Fomos colônia de exploração, vivemos em um regime escravocrata, em um continente de base agrícola, com relação de dependência e subordinação fortíssimas.
Logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1945), onde os EUA saíram vitoriosos se tornando a primeira potência mundial capitalista, tem-se um acirramento de conflitos antagônicos, os EUA (bloco capitalista) e a URSS (bloco socialista), originam a guerra fria (1946-1989), uma ofensiva ideológica, política, econômica, diplomática e militar comandada pelo imperialismo norte-americano. Com a guerra fria os EUA tinha o objetivo de ocupar os lugares e países antes da URSS. Com essa disputa há a corrida por aliança e dominação de outros países e continentes, por uma questão também geográfica e política, aprofundou-se assim a dominação norte-americana na América Latina.
 Há uma influência nos movimentos Sociais da América Latina vindo da URSS, da Revolução Cultural na China, da Guerra na Coreia, da Revolução no Vietnã e Revolução dos Cravos em Portugal, sendo uma referência aos movimentos sociais em surgimento e para as ideias de esquerda. Exemplo disso é a Revolução Cubana e a Revolução Sandinista no Nicarágua.
             Neste contexto de expansão capitalista e Guerra Fria, por conta da forte bipolaridade, todo e qualquer movimento social contestatório era visto como área de influência do comunismo, pelos EUA e seus aliados. Então, os movimentos sociais na América Latina especialmente, sempre tiveram esse fato que muitas vezes limitava a sua atuação, já nasciam sob o signo de influência da URSS quando nem eram necessariamente.
            Nessa ebulição de projetos-societários inicia-se um processo de golpes por parte da ofensiva estadunidense e aliados imperialistas, como no Brasil em 1964, mas não só no Brasil, como em todo o continente culminou a ofensiva política e militar, como as ditaduras na República Dominicana, Chile, ArgentinaUruguai e outros. As ditaduras usavam de métodos brutais e de tortura, como indução do medo, repressão, perseguição política e até a morte aos que defendiam ou aparentavam defender os ideais de esquerda e movimentos sociais. Em meados de 1970 o capitalismo entra em um ciclo longo recessivo, porém os países latino-americanos continuavam a crescer economicamente, e isso fez o mundo voltar os olhos para este continente, a investida de dólares no continente foi massiva através dos empréstimos “solidários”.
No final da década de 1980 realizou-se uma reunião com os organismo de financiamento internacional de Bretton Woods (FMI, Bird, Banco Mundial) para avaliar as reformas econômicas da América Latina, o que ficou conhecido como Consenso de Washington. Algumas das “recomendações” aos países devedores nessa reunião foi redução dos gastos públicos, reforma tributária, juros de mercado, eliminação de controle sobre o investimento direto estrangeiro, privatização e desregulamentação de leis trabalhistas.
Na década de 1990 podemos perceber o avanço progressivo do projeto neoliberal no continente latino-americano, o que leva várias forças populares a malograrem em seus objetivos. Mas antes mesmo de serem colhidos os “velhos e bons frutos” que a América sempre ofereceu não necessariamente ao seu povo, o neoliberalismo dava sinal de colapso e por uma rejeição a este projeto, uma onda de protestos e lutas sociais se desenvolveu na América Latina, setores progressistas alçaram vôo aos governos latino-americano, imprimindo derrotas à burguesia mais conservadora que estava atrelada aos anseios estadunidenses.
A América Latina tem sido a região de maior vitalidade e alcance das lutas anticapitalistas e antiimperialistas. Nunca na história deste continente foi visto uma sucessão de “vitórias” dos campos “democrático-populares” como desta vez, começando pela eleição de Hugo Chávez em 1998, seguida pela de Lula em 2002, Evo Morales em 2005, Rafael Correa em 2006, etc. Embora muitas dessas vitórias não tenham refletido, necessariamente, avanços para classe trabalhadora, ensejaram uma nova atmosfera para luta de classes na América Latina, e do México até a Argentina é notório a existência e influência dos movimentos populares nos avanços que tivemos, ainda que poucos. Vem pautando as resistências governamentais à expansão neoliberal, a exemplo de Cuba. Mas o capital e o Estado neoliberal não assistem passivos às ofensivas dos movimentos sociais e à ascensão de governos que enfrentam o bloco imperialista.
Num contexto de crise do capital e obviamente do projeto neoliberal, analisar o avanço das forças populares no nosso continente, salientando novamente, mesmo que tímido, é mais do que um imperativo para a esquerda mundial, é pré-condição para a organização a nível internacional dos/as lutadores/as sociais e também para construção de um projeto emancipatório, entendendo aqui as questões contemporâneas postas ao movimento dos/as trabalhadores/as.
Aqui ressaltamos a importância de um dos maiores movimentos sociais – MS - do mundo nessa conjuntura: o MST. Movimento que vem exercendo um papel imprescindível para a rearticulação da classe trabalhadora e dos diversos sujeitos coletivos em luta.
Temos também a Via Campesina, um movimento internacional, fundado em 1992, que coordena as lutas e organizações camponesas. O Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), pautando terra, classe e gênero; o Movimento dos atingidos por Barragens (MAB), que desde 1970 vem na luta propondo formas alternativas de geração e distribuição de energia e pela democratização da política energética; entre outros temos a Assembleia Popular e o Fórum Social Mundial(FSM) e movimentos “altermundistas”.
A América Latina vem num projeto de tentar unificar forças e apostar na solidariedade dos países anti-imperialistas, exemplo disso é a criação da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas), a criação do Sucre e da TV teleSur.
Experiências com o Movimento Estudantil - ME, com o movimento de mulheres, com o movimento dos/as trabalhadores/as tem sido um dos exemplos de como o MST vem contribuindo para a unificação desses sujeitos em torno de um projeto comum. E ainda mais a luta pela reforma agrária, que faz com que este movimento esteja atualmente no foco da ofensiva capitalista e no centro da luta de classes, a nível brasileiro.
Vivemos em um momento de refluxo das lutas sociais, de descrença na luta de massas, onde enfrentamos desafios de organização e mobilização.crescente descrença na ação coletiva e a falta de consciência histórica, fruto do acirramento das relações capitalista e da ofensiva do projeto neoliberal.
Na atualidade há uma indução de uma liberdade ilusória. Que buscamos sempre o que se deseja, mas não se alcança. Oferecer e negar faz parte do jogo perverso do capital. Se expandindo assim de maneira desigual e combinada.
Formação política e ideológica sempre foi um instrumento histórico da classe trabalhadora. A realidade é dinâmica, complexa e contraditória. Para alcançar nossos objetivos é necessário ter compreensão e análise de conjuntura da realidade em sua totalidade. O momento é de acumular forças, mas sempre pautando a formação política, a organização e a luta.

Criança e Adolescente


A história da criança e do adolescente sempre foi marcada pela marginalidade educacional, social, cultural, econômica e política, e hoje apesar da declaração da criança e do adolescente como sujeitos de direito e cidadãos, estes ainda carregam marcas da história de exclusão e discriminação que sofreram ao longo da história.
Historicamente a proteção social a população infanto-juvenil surgiu de práticas filantrópicas e assistencialistas, por parte tanto da sociedade, quanto do Estado. As ações tinham caráter assistencialista, repressiva, discriminatória e estigmatizante. O processo de industrialização urbana no Brasil, e consequentemente o surgimento da classe trabalhadora e do aprofundamento da questão social, forjou uma conjuntura instável para as famílias pobres, que passaram a ser foco dos programas assistencialistas, principalmente a população infanto-juvenil.
O Código de Menores de 1927 tinha como objetivo higienizar, vigiar e punir as crianças e os adolescentes, que eram tratados como “caso de polícia” e não com políticas públicas efetivas. Com o Estado Novo (1937-1945) foi consolidado a política assistencialista com caráter repressivo, e em 1941 surgiu o Serviço de Assistência os Menores (SAM), que era marcado por práticas autoritárias, de disciplina e violência, coerção, corrupção etc. O SAM foi extinto em 1964, por pressão da Igreja Católica e da sociedade de modo geral, e no mesmo ano foi criada a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), que tinha como uma das funções orientar e fiscalizar as Fundações Estaduais de Bem-Estar ao Menor (FEBEMs).
Em 1979 foi aprovado o novo Código de Menores (Lei N° 6.697/79), porém inalterando as práticas assistencialistas e repressivas. A sociedade começou a discutir mais sobre o assunto, e a partir de uma luta conjunta dos movimentos sociais e juristas passou a reconhecer as crianças e os adolescentes como sujeitos de direitos. Dessa mobilização foi criada, em 1987, a Comissão Nacional Criança e Constituinte. Em 1988, a Constituição Federal afirmou os direitos da criança e do adolescente, reconhecendo-os como pessoa humana, cidadã e detentora de direitos, pautando-se na proteção integral, priorizando o poder público, a família e a sociedade, como mostra o Art. 227
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL,
Foi aprovado, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei Federal n° 8.069, de 13/07/1990), regulamentado nos artigos 227 e 228 da Constituição Federal. O ECA marca o início de uma ruptura com a visão clientelista e repressora até então predominante. No Art. 2° conceitua as crianças até os 12 anos e os adolescentes dos 12 aos 18 anos de idade. No Art.4° coloca como responsáveis pelas crianças e pelos adolescentes a família, a comunidade, a sociedade em geral e o poder público.
O ECA institui a política de atendimento das crianças e dos adolescentes por um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais da União, Estados, Distrito Federal e municípios.
Essas ações têm como linhas de ação (arts. 86 e 87):
- políticas sociais básicas;
- políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que delas necessitam.
- serviços de proteção integral, como atendimento médico e psicossocial ás vítimas de negligência, mus tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
- serviço de identificação e localização dos pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
- proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente;

Fundando no princípio de descentralização e municipalização, e numa nova prática de gestão social pública – democrática e participativa – estabelece instâncias de co-gestão a criação dos Conselhos Tutelares. Em 1990 foi criado para substituir a FUNABEM, a Fundação Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência (FCBIA). Porém, em 1995 o governo de FHC em seu projeto e ofensiva neoliberal, provocou o desmonte das políticas sociais, extinguindo a FCBIA, a LBA e o Ministério do Bem-Estar Social.
O avanço político do ECA é inegável, porém na realidade vive grandes impasses para a consolidação e materialização das políticas e ações propostas. Com mais de 20 anos, tem muito  ser consolidado dos seus 267 artigos. As políticas voltadas à criança e ao adolescente, como as políticas de modo geral, vêm passando por um processo doloroso de privatização, descentralização, focalização e seletividade. E o Binômio da política pública, que é marcada tanto por conquista da sociedade civil, tanto por concessão do Estado, não faz valer o sentido clássico da palavra conquista, pelo refluxo das lutas sociais e naturalização das relações sociais, abrindo espaço para a “alternativa eficaz” do terceiro setor, que Yazbek (1993 e 2000) denomina refilantropização das políticas sociais.

Serviço Social e Dialética


Inicialmente a dialética foi definida com  arte da discussão e do diálogo. Desde os clássicos Platão, Aristóteles e Kant. Porém é com Hegel que o pensamento dialético abre-se para uma nova perspectiva. Creusa Copalbo cita essa mudança, o movimento dialético consiste em reconhecer os contraditórios... A trilogia tese, antítese, síntese.
Para o materialismo dialético de Marx e Engels, a dialética é uma teoria geral do mundo. A realidade primeira é a matéria, por isso para Engels a consciência é derivada da matéria. Em Hegel o movimento dialético é infinito, nas palavras de Creusa Copalbo:
     “Vimos que foi com Hegel que a dialética passou a ser entendida como uma experiência do pensamento pelo qual este aprende algo, embora isto que ele aprende já esteja ai “em si”, antes dele, e que o pensamento seja a passagem do “ser em si ao ser para si”, ou ao ser para a consciência”.
Para Marx o modo de produção, as forças produtivas e as relações sociais no trabalho é a base da sociedade, é infra-estrutura. As infra-estruturas determinam as superestruturas. As superestruturas são as formas sociais da consciência – instituições, ideologias, etc. Marx diz que no sistema capitalista de produção o homem é visto como mercadoria, a relação entre capitalista e assalariado é mercantil. O trabalhador só possui sua força pessoa – a força de trabalho. O capitalista possui os meios de produção. Em suma Marx mostra que o sistema capitalista se divide em duas classes fundamentais, a classe burguesa (dominante) e classe operária (dominada), e o movimento da história de faz pela luta entre classes, pelos projetos e idéias que almejam, a famosa frase dele que diz: “A luta de classes é o motor da história”.
O Estado na tradição marxista desempenha o papel de aparelho repressivo, já Gramsci dirá que o Estado não é só aparelho de Estado, mas compreende também as instituições da sociedade civil. Mais recentemente, Althusser dirá que é preciso também reconhecer os aparelhos ideológicos do Estado. O aparelho repressivo do Estado é onde reina a violência, como o governo, forças armadas, polícia, prisões etc. Já os aparelhos ideológicos do Estado são diversos, como o aparelho religioso, escolar, familiar, político, cultural, de informação e etc.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Sobre a utopia e o horizonte utópico


Um discípulo queria falar com seu sábio sobre algo que o intrigavas, porque, segundo o seu ponto de vista, havia uma coisa na criação que não tinha nenhum sentido...
- A natureza é muito bonita, muito funcional, cada coisa tem sua razão de ser... Mas no meu ponto de vista, tem uma coisa que não serve para nada!
- E que coisa é essa que não serve para nada?
- É o horizonte. Para que serve o horizonte? - Se eu caminho um passo em direção ao horizonte, ele se afasta um passo de mim. Se caminhar dez passos, ele se afasta outros dez passos. - Se caminhar quilômetros em direção ao horizonte, ele se afasta os mesmos quilômetros de mim... - Isso não faz sentido! O horizonte não serve para nada...
- Mas é justamente para isso que serve o horizonte... "para fazê-lo caminhar ".
Caminhar voltados para o horizonte é a tarefa dos sonhadores que a recebram das mãos da história. É a capacidade de imaginar que, embora não se alcance o fim, a viagem vale a pena. o lugar a chegar é abstrato, mas a viagem é concreta."
A utopia significa um "não lugar". É a sensação que fica do "não lugar" que nunca alcançaremos, porém, não desistimos de tentar."

segunda-feira, agosto 29, 2011

Uma aula de Ciência Política


Uma aula de Ciência Política

Neste sábado, fui à reitoria da UEM ocupada pelos acadêmicos desde o dia 25 de agosto de 2011.[1] Na parte externa do prédio, vários jovens sentados participavam de um curso; alguns brincavam de equilibristas andando numa corda suspensa entre duas árvores; outros conversavam em pequenos grupos; alguns dormiam em colchões improvisados e havia várias barracas de acampar.

Fui convidado a entrar. O acesso foi pela porta lateral da sala utilizada geralmente para as reuniões do COU (Conselho Universitário), órgão máximo da universidade, e outros eventos oficiais. O local estava ocupado por jovens entretidos com seus notebooks e netbooks (observei, inclusive, pessoas a trabalhar em projetos; pareceram-me futuras arquitetas); outros assistiam a um filme. Meus cicerones mostraram as demais dependências: colchões espalhados, pessoas a dormir, a comissão da alimentação a trabalhar na cozinha, os membros da comissão de comunicação a preparar textos e divulgar o movimento pela rede, a comissão de política a se reunir.

Conheci o prédio em outras ocasiões e, claro, o que vi contrastava com o funcionamento tipicamente burocrático de um dia de trabalho normal. Recordei, então, que a mais alta autoridade da universidade, em entrevista à rádio local, caracterizou a ocupação da reitoria como um “ato de vandalismo”.[2] É lamentável que a autoridade lance mão de um argumento batido e recorrente. Este tipo de discurso fortalece estereótipos e corroboram com o preconceito contra os estudantes. A mídia local reforça a linguagem pejorativa – veja, por exemplo, a imagem de capa do jornal (abaixo); não é uma escolha inocente, como também não é ingênua a linguagem utilizada. Em política, as palavras e as imagens expressam posições de poder e fazem parte do conflito.

Vandalismo é uma expressão derivada de Vândalo, originalmente o povo de uma tribo germânica que desafiou o Império Romano e contribuiu para a sua derrocada. Aliás, os romanos daquela época se consideravam civilizados e denominavam bárbaros os povos que ousaram desafiar o Império. Antes dos romanos, os gregos antigos já usavam o termo para os povos que não falavam a língua grega. De qualquer forma, e para além das disputas políticas semânticas, o que vi no prédio da reitoria da UEM não confirma a acusação pejorativa de vandalismo. Os estudantes organizam-se em comissões, praticam a democracia direta – a assembléia estudantil é o órgão deliberativo – e demonstram cuidado e preocupação com a preservação do que bem público.

Tive a oportunidade de acompanhar a assembléia realizada neste sábado. Nesta, foi discutido e aprovado os encaminhamentos: a ida a Curitiba para negociar, a escolha dos representantes, etc. A discussão, a despeito dos esforços dos que coordenavam, estendia-se em detalhes e rediscussões do que já parecia decidido. Não obstante, erros são próprios dos que agem, dos que ousam desafiar as estruturas de poder e a si mesmos. Uma reflexão crítica no momento oportuno poderá contribuir para a análise do movimento, seus erros e acertos. Todos os movimentos cometem equívocos. No entanto, para além dos aspectos criticáveis, o importante é a atitude dos acadêmicos.

Ao contrário dos muitos que se acomodam em seus mundinhos, dos que se adaptam por mero interesse egoístico, estes jovens atuam em defesa da universidade pública, por melhorias para a comunidade acadêmica. Num tempo em que o individualismo campeia nas esferas do campus é salutar ver jovens que ousam lutar por demandas coletivas. Ouvi e observei atentamente. Tenho orgulho deles, especialmente dos ex-alunos. Foi um tarde/noite na qual o educador foi educado; foi uma aula prática de Ciência Política!


[2] “Reitor da Universidade Estadual de Maringá diz que ocupação da reitoria foi vandalismo e entrega pauta de demandas da UEM para governador em exercício Flávio Arns”. Por Luciana Peña, 26/8/2011. Clique para ouvir a reportagem:http://www.cbnmaringa.com.br/page/noticias_detalhe.asp?cod=206715

FONTE: http://antoniozai.wordpress.com/2011/08/27/uma-aula-de-ciencia-politica/


Sobre o Ofício de Construir Estrelas e os Riscos das Verrugas


Mauro Iasi

Eis minhas mãos:
não tenho porque esconde-las,
ainda que, por teimosia,
tragam verrugas nos dedos
por apontar estrelas.
Este é o nosso ofício:
cavalgar verdades cadentes,
eternos/caducos presentes
que comem a si mesmos
mastigando seus próprios dentes.

Assim são estrelas:
tempo que tece a própria teia
que o atrela, cavalo que cavalga
a própria sela.

Distanciamento
Objeto
Estranhamento
Espera
como pintor ensandecido
que reprova a própria tela.

Este é o nosso ofício,
este é o nosso vício.
Cego enlouquecido,
visão por trevas tomada
insiste em apontar estrelas
mesmo em noites nubladas.

Ainda que seja por nada
insisto em aponta-las
mesmo sem vê-las
com a certeza que mesmo nas trevas
escondem-se estrelas.

Enganam-se os que crêem
que as estrelas nascem prontas.
São antes explosão
brilho e ardência
imprecisas e virulentas
herdeiras do caos
furacão na alma
calma na aparência.

Enganadoras aparências…

Extintas, brilham ainda:
Mortas no universo
resistem na ilusão da retina.

Velhas super novas
pontuam o antes nada
na mentira da visão repentina.

Sim
são infiéis e passageiras.
Mas poupem-me os conselhos,
não excluo os amores
por medo de perdê-los.

Os que amam as estrelas puras
tão precisamente desenhadas
fazem para si mesmos
estrelas finamente acabadas.

Tão perfeitas e irreais
que não brilham por si mesmas
nem se sustentam fora das bandeiras
e do branco firmamento dos papéis.
Assim se constroem estrelas puras
sem os riscos de verrugas.

Cavalgarei estrelas
ainda que passageiras
pois não almejo tê-las
em frio metal
ou descartável plástico.

Simplesmente delas anseio
roubar a luz e o calor
sentir o vento fértil de seu rastro
tocar, indecente,
meu sextante no seu astro
na certeza do movimento
ainda que lento, que corta a noite
desde a aurora dos tempos.

Eis aqui minhas mãos:
não tenho receio de mostra-las,
antes com verrugas que
em bolsos guardadas.

Eis minhas verrugas,
orgulho-me em tê-las,
é parte do meu ofício
de construtor de estrelas.

Gastarei as verrugas
na lixa da prática,
queimarei as verrugas
com o ácido da crítica
e aprenderei com as marcas
que as estrelas se fazem ao fazê-las

domingo, agosto 28, 2011

XL - Passa uma Borboleta

Alberto Caeiro



Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor. 



- para explicar a dialética.

TRANSCENDÊNCIAS



para os camaradas e irmãos da PO metropolitana de São Paulo
Na massa universal
da matéria de nossos corpos
seja luz etérea de estrelas,
carne mineral de planetas,
ou fogo, ou água
ou planta, ou bicho
não vejo alma daquela
que no movimento
se apresenta a vida.
Aprendi que a religião
é o sol em torno do qual
gira o ser humano
antes de ver em si mesmo
o sol da sua existência.
Ordem do tempo
inimiga do novo
dona da culpa
ópio do povo
organização racional da tristeza
carrasco do meu desejo
árbitro dos castigos aplicados por nós
contra nós mesmos.
Assim, feuerbachianamente,
me tornei ateu.
Mas, quando os vejo…
com seu amor aos pobres,
com seu compromisso com a vida
na teia indissolúvel da solidariedade…
Quando os vejo
subindo as “sierras” de nossa América
com seus terços e fuzis
com sua fé e bravura…
Quando os vejo
nas madrugadas fabris
nas estradas acampados
repartindo o pouco pão…
Quando os vejo
reinventando a comunhão
renascendo a cada dia
fazendo da morte ressurreição…
Quando nos abraçamos
sobre nossa bandeira vermelha
chorando lágrimas de raiva,
alegria ou emoção…
Da inexistência de minha alma
chego a desejar
que esta vida se supere em outra
para abraçar mais uma vez
os nossos mortos.
E no calor vivo de nossas batalhas
onde construímos a cada dia
a aurora contra a noite que persiste
consigo ver, nitidamente,
entre a sombra e o escuro
o rosto sereno de um deus
que não existe.

Mauro Iasi - METAMORFASES

sábado, agosto 27, 2011

AS MUTAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO NA ERA DA MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL.


A classe trabalhadora no século XXI, em plena era da globalização, é mais fragmentada, mais heterogênea e ainda mais diversificada. Pode-se constatar, neste processo, uma perda significativa de direitos e de sentidos, em sintonia com o caráter destrutivo do capital vigente. O sistema de metabolismo, sob controle do capital, tornou o trabalho ainda mais precarizado, por meio das formas de subempregado, desempregado, intensificando os níveis de exploração para aqueles que trabalham. Esse processo é bastante distinto, entretanto, das teses que propugnam o fim do trabalho. Este texto explora alguns dos significados e das dimensões das mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho.

RICARDO ANTUNES e GIOVANNI ALVES

objetivo deste texto é analisar as principais mutações na objetividade e subjetividade do mundo do trabalho, visando a oferecer uma leitura alternativa e diferenciada com relação às teses que defendem a idéia do esgotamento ou mesmo do fim do trabalho (e da classe trabalhadora). Num segundo momento, buscaremos apreender as principais determinações concretas da crise e das metamorfoses do mundo do trabalho no contexto da mundialização do capital.

Enquanto se amplia significativamente, em escala mundial, o conjunto de homens e mulheres que vivem da venda de sua força de trabalho, tantos autores têm dado adeus ao proletariado, têm defendido a idéia do descentramento da categoria "trabalho", da perda de relevância do trabalho como elemento estruturante da sociedade. Seguiremos um caminho alternativo e contrário a estas teses, mostrando como há um processo heterogêneo e complexo, quando se analisa a forma de ser da classe trabalhadora hoje.

Para ler o texto na íntegra, clique no ícone do arquivo em PDF no alto desta página.

CEDES Unicamp

sexta-feira, agosto 26, 2011

A criminalização do artista - Como se fabricam marginais em nosso país

http://vimeo.com/27659191


Abril de 2011. A intolerância ao diferente apoiada por uma campanha de higienização social em Belo Horizonte, assume ares de politica repressiva de caráter criminal.

À administração municipal, policia militar e mídia se associam na tarefa de criminalizar o artista de rua, artesãos nômades portadores de um patrimônio cultural brasileiro que deriva da resignificação do movimento hippie das décadas de 60 e 70. Uma cultura com mais de 40 anos.

Mas quem criminaliza o estado?

Com expressões próprias na arte, na música e no estilo de vida, os artesãos são perseguidos, saqueados em seus bens pessoais e presos por desacato ao exercer a legitima desobediência civil.

Artigo 5º da Constituição Federal:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Mais informações: belezadamargem.wordpress.com

As agressões continuam, assistam:

Praça Sete Sitiada - Parte I - "Quem é o ladrão?"
youtube.com/​watch?v=_0D8VIaF7Ao 

Praça Sete Sitiada - Parte II - "O artista subjugado"
youtube.com/​watch?v=tw2W3wr4Gm0 

A criminalização do artista - Como se fabricam marginais em nosso país

http://vimeo.com/27659191


Abril de 2011. A intolerância ao diferente apoiada por uma campanha de higienização social em Belo Horizonte, assume ares de politica repressiva de caráter criminal.

À administração municipal, policia militar e mídia se associam na tarefa de criminalizar o artista de rua, artesãos nômades portadores de um patrimônio cultural brasileiro que deriva da resignificação do movimento hippie das décadas de 60 e 70. Uma cultura com mais de 40 anos.

Mas quem criminaliza o estado?

Com expressões próprias na arte, na música e no estilo de vida, os artesãos são perseguidos, saqueados em seus bens pessoais e presos por desacato ao exercer a legitima desobediência civil.

Artigo 5º da Constituição Federal:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Mais informações: belezadamargem.wordpress.com

As agressões continuam, assistam:

Praça Sete Sitiada - Parte I - "Quem é o ladrão?"
youtube.com/​watch?v=_0D8VIaF7Ao 

Praça Sete Sitiada - Parte II - "O artista subjugado"
youtube.com/​watch?v=tw2W3wr4Gm0 

quinta-feira, agosto 25, 2011

A melhor interpretação de todos os tempos

'Amor é fogo que arde
sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer. '


Uma vestibulanda de 18 anos deu a sua interpretação :


'Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo !'

sexta-feira, agosto 19, 2011

Sexo em moscou


"Quando comecei a passear meus dedos
Pela sua marighelazinha já ficando molhada
Ela teve medo e recuou na resitência:
- Stálin! Stálin!
Mas depois deu uma olhada
Viu meu sputinik pronto a entrar em órbita
Exclamou feliz da vida:
- Que vara! Que vara!
- Que nikita mais krutschev!
Eu era o sessenta
Ela era lunática rainha lunik 9
Me sentia como se estivesse dando um cheque-mate
o próprio Karpov
E por não ser nem fidel e nem castro

Lambi sua rosa de luxemburgo
E a linda bolchevique geminha tesudinha:
- Ai língua de seda,
Maravilhosa,
Me lenine toda, meu bem
Me lenine toda,
Todinha!
Arranhava minhas costas com suas unhas de mil caranguejos
E sussurrava entre beijos:
Marx! Marx!
E o colchão de molas rangia:
- Mao tse tung! Mao tse tung!
Me chamou de seu tesão
Maiokovsky do sertão
Engels azul do meio dia
Poeta do real
Sua fantasia
Olhou-me nos olhos e disse:
- Tú és o meu Brejnev!
E ficamos por um tempão
Deitados no colchão de neve
E nos amávamos
Esperando o intervalo
Entre uma e outra greve
Trotsky! Ela tinha uma bezerra gregoriana
Que deixava lamarcas
E quando o êxtase atingiu ao seu máximo Gorki
Quando estava prestes a acontecer um orgasmo dissidente
Sussurou rangendo os dentes
- Chove dentro de mim,
Chove, chove,Gorbatchev!"
 ( MANO MELO)

terça-feira, agosto 16, 2011

O legado dos amaldiçoados: uma breve história do Haiti.

O legado dos amaldiçoados: uma breve história do Haiti

A tragédia que fez o Haiti desabar é mais um golpe sobre um povo com o qual toda a América Latina tem uma dívida histórica. O Haiti foi promotor dos ideais da Revolução Francesa, da luta contra a escravidão, do anti-colonialismo e do americanismo bolivariano.

Antonio Lassance

Sob os escombros de sua tragédia, o Haiti carrega o fardo de uma trajetória sabotada. Compreender historicamente como esta região foi sistematicamente arrasada é a única maneira de evitar que se pense, como fez o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que uma maldição se abateu sobre aquele país. Um breve panorama nos permite ver a injustiça contra um povo que tem um legado bendito para toda a América.

A região onde se encontra o Haiti viu, ao longo dos séculos, o massacre de sua população indígena, a escravização de negros trazidos pelo tráfico, a divisão artificial em domínios fabricados ao gosto do colonizador (espanhol e francês), sua separação definitiva em dois – Haiti, de um lado, República Dominicana, de outro –, as tentativas de reconquista colonialista, a permanente intervenção norteamericana e frequentes golpes de Estado, entre eles o que deu origem a uma das ditaduras mais abomináveis que se pode mencionar (de Papa Doc e Baby Doc, de 1957 a 1986).

Esta é a herança que antecipa a extrema dificuldade que haverá para por novamente de pé um país que teve frustradas suas tentativas de construção autônoma e democrática do Estado.

A tragédia que fez o Haiti desabar é mais um golpe sobre um povo com o qual toda a América Latina tem uma dívida histórica. Trata-se de um legado muitas vezes esquecido, calcado em lutas tornadas inglórias. O Haiti foi promotor dos ideais da Revolução Francesa, da luta contra a escravidão, do anti-colonialismo e do americanismo bolivariano.

A região onde hoje se localiza o Haiti e a República Dominicana compunha o complexo das Antilhas, que havia se tornado, no século XVIII, o principal concorrente do açúcar brasileiro. Celso Furtado, no clássico “Formação Econômica do Brasil”, mostrou o impacto que causou o açúcar antilhano, mais barato que o brasileiro, para a decadência daquele ciclo.

Ao final do século XVIII, ajudado pelo desenrolar da Revolução Francesa, a ilha (antes unificada sob o nome de Santo Domingo) foi sacudida pela revolta dos escravos. Confrontados com um povo que reclamava os próprios ideais proclamados pelos revolucionários, os franceses se viram obrigados a reconhecer o fim da escravidão. O fizeram como se fosse uma concessão, embora não houvesse outra opção. Para além da moral revolucionária, os franceses estavam diante de um levante de uma população negra organizada e armada para defender sua república. Enfrentá-la demandaria mobilizar forças que eram essenciais para defender a própria França da invasão estrangeira, patrocinada pelas demais monarquias européias, aliadas ao rei deposto (Luís XVI).

Ao criar uma área livre de escravos, Santo Domingo provocou um efeito importante sobre toda a América. Criou o medo de que sua revolução se espalhasse, mostrou que era possível sobreviver sem escravismo e que se podia confrontar e vencer Napoleão (que queria reconquistar aquele território e trazer de volta a escravidão). A Inglaterra, que vivera a experiência de intensas rebeliões de escravos na Jamaica, conjugou razões suficientes que a levaram a capitanear a luta contra o tráfico: o abolicionismo, o liberalismo e a geopolítica de contenção do domínio francês. Em 1815, o Congresso de Viena, que formalizou a derrota napoleônica, trouxe como uma de suas resoluções a da extinção do tráfico de escravos (mesmo que limitada ao norte do Equador).

Os haitianos foram parte importante do processo que transformou o trabalho assalariado em opção mais vantajosa de exploração do trabalho do que a escravidão. Tornaram a abolição não apenas uma questão moral, filosófica e retórica, mas um tema político de primeira grandeza.

O Haiti foi base de apoio a Bolívar em sua luta pela libertação da América espanhola e portuguesa. O país lhe emprestou soldados, armas e munição, com uma única condição: a de Bolívar libertar escravos onde quer que os encontrasse. A mesma generosidade o levou a apresentar-se como opção para receber negros libertos vindos do Sul dos EUA.

No século XIX, o país foi diretamente afetado pelas doutrinas que propugnavam a supremacia dos EUA sobre todo o continente: a doutrina Monroe (“a América para os americanos”) e a do “destino manifesto”. No século XX, tal política se desdobrou em prática de intervenção sistemática, sendo cunhada por Theodore Roosevelt como o “big stick” (“o grande porrete”).

A política colonialista européia e, depois, americana pesaram sobre o Haiti como uma sistemática sabotagem à estruturação de um Estado igualitário, soberano e capaz de servir como alavanca para o desenvolvimento de seu povo. É curiosa a tese de Samuel Huntington (“O Choque de Civilizações), reproduzida por alguns jornais, de que o Haiti isolou-se do resto do mundo. Infelizmente, ele não teve esta chance.

A falta de Estado explica, agora, a falta de estruturas minimamente preparadas para socorrer pessoas diante da atual tragédia. Consequência imediata: um país que, após o terremoto, tornou-se um retrato daquilo que Thomas Hobbes chamou de Estado de natureza: a luta de todos contra todos, pela sobrevivência imediata. Uma situação em que a vida se torna, mais uma vez citando o filósofo inglês, solitária, pobre, suja, brutal e breve.

Bendito seja o Haiti!

Antonio Lassance, cientista político, pesquisador do IPEA, professor do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e assessor da Presidência da República. O artigo foi publicado na Agência Carta Maior em 18/01/2010

segunda-feira, agosto 15, 2011

TIREM AS MÃOS DA VENEZUELA



Documentário de 1h30m produzido pela Campanha Internacional "Tirem as Mãos da Venezuela" (Hands Off Venezuela) com legendas em português. 

domingo, agosto 14, 2011

A banda mais bolchevique da cidade

A banda mais bolchevique da cidade:
Trabalhador...

Essa é a Revolução

Pra acabar com a exploração


Capitalismo não é tão forte quanto pensa

Os comunistas sempre fazem a diferença

Com o trabalhador

Com o fuzil na trincheira

A ofensiva é certeira

Marx já falou

Uni-vos trabalhador...

América Latina e a luta contra o sistema!


Pátria livre, venceremos!

Observar as lutas sociais na América latina hoje, tendo a mesma como espaço onde estão sendo travados diversos embates políticos contra os setores da classe dominante, muitas vezes invisibilizados e mistificados pela mídia, é extremamente necessário se quisermos pensar e fortalecer a organização daqueles/as que se colocam contra as injustiças sociais, contra as mazelas provocadas pelo sistema capitalista. Mas por que exatamente este continente e suas lutas?
Tivemos ao longo da história a existência de modos de produção pré-capitalistas, como as comunidades primitivas, o escravismo e o feudalismo. Desse modo é possível considerar que vivenciamos e construímos diversas condições de relações sociais que estão atreladas ao modo de produção em determinados espaços e momentos históricos. Atualmente estamos em processo de ofensiva do sistema capitalista, pautado no projeto neoliberal, que afeta profundamente a condição de existência humana de forma perversa, na medida em que reproduz o ideal de vida individualista, concorrencial, excludente, flexibilizando, reificando e alienando cada vez mais os processos de trabalho, fetichizando as contradições desiguais e combinadas deste modo de produção. Cada vez mais o trabalho é separado da vida.
Para expandir o sistema capitalista, havia a necessidade de novos mercados, matérias-primas, consumidores e mão-de-obra barata. Daí ocorre as grandes navegações e o desbravamento do mundo, até que os europeus, portugueses e espanhóis, invadem o Brasil e depois a América Latina. Este continente alimentava o surgimento do capitalismo nascente na história. A América Latina nasceu e se desenvolveu no seio do capitalismo, não é apenas um capítulo dessa história, tem extrema importância no processo de formação do capitalismo. Fomos colônia de exploração, vivemos em um regime escravocrata, em um continente de base agrícola, com relação de dependência e subordinação fortíssimas.
Logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1945), onde os EUA saíram vitoriosos se tornando a primeira potência mundial capitalista, tem-se um acirramento de conflitos antagônicos, os EUA (bloco capitalista) e a URSS (bloco socialista), originam a guerra fria (1946-1989), uma ofensiva ideológica, política, econômica, diplomática e militar comandada pelo imperialismo norte-americano. Com a guerra fria os EUA tinha o objetivo de ocupar os lugares e países antes da URSS. Com essa disputa há a corrida por aliança e dominação de outros países e continentes, por uma questão também geográfica e política, aprofundou-se assim a dominação norte-americana na América Latina.
 Há uma influência nos movimentos Sociais da América Latina vindo da URSS, da Revolução Cultural na China, da Guerra na Coreia, da Revolução no Vietnã e Revolução dos Cravos em Portugal, sendo uma referência aos movimentos sociais em surgimento e para as ideias de esquerda. Exemplo disso é a Revolução Cubana e a Revolução Sandinista no Nicarágua.
             Neste contexto de expansão capitalista e Guerra Fria, por conta da forte bipolaridade, todo e qualquer movimento social contestatório era visto como área de influência do comunismo, pelos EUA e seus aliados. Então, os movimentos sociais na América Latina especialmente, sempre tiveram esse fato que muitas vezes limitava a sua atuação, já nasciam sob o signo de influência da URSS quando nem eram necessariamente.
            Nessa ebulição de projetos-societários inicia-se um processo de golpes por parte da ofensiva estadunidense e aliados imperialistas, como no Brasil em 1964, mas não só no Brasil, como em todo o continente culminou a ofensiva política e militar, como as ditaduras na República Dominicana, Chile, ArgentinaUruguai e outros. As ditaduras usavam de métodos brutais e de tortura, como indução do medo, repressão, perseguição política e até a morte aos que defendiam ou aparentavam defender os ideais de esquerda e movimentos sociais. Em meados de 1970 o capitalismo entra em um ciclo longo recessivo, porém os países latino-americanos continuavam a crescer economicamente, e isso fez o mundo voltar os olhos para este continente, a investida de dólares no continente foi massiva através dos empréstimos “solidários”.
No final da década de 1980 realizou-se uma reunião com os organismo de financiamento internacional de Bretton Woods (FMI, Bird, Banco Mundial) para avaliar as reformas econômicas da América Latina, o que ficou conhecido como Consenso de Washington. Algumas das “recomendações” aos países devedores nessa reunião foi redução dos gastos públicos, reforma tributária, juros de mercado, eliminação de controle sobre o investimento direto estrangeiro, privatização e desregulamentação de leis trabalhistas.
Na década de 1990 podemos perceber o avanço progressivo do projeto neoliberal no continente latino-americano, o que leva várias forças populares a malograrem em seus objetivos. Mas antes mesmo de serem colhidos os “velhos e bons frutos” que a América sempre ofereceu não necessariamente ao seu povo, o neoliberalismo dava sinal de colapso e por uma rejeição a este projeto, uma onda de protestos e lutas sociais se desenvolveu na América Latina, setores progressistas alçaram vôo aos governos latino-americano, imprimindo derrotas à burguesia mais conservadora que estava atrelada aos anseios estadunidenses.
A América Latina tem sido a região de maior vitalidade e alcance das lutas anticapitalistas e antiimperialistas. Nunca na história deste continente foi visto uma sucessão de “vitórias” dos campos “democrático-populares” como desta vez, começando pela eleição de Hugo Chávez em 1998, seguida pela de Lula em 2002, Evo Morales em 2005, Rafael Correa em 2006, etc. Embora muitas dessas vitórias não tenham refletido, necessariamente, avanços para classe trabalhadora, ensejaram uma nova atmosfera para luta de classes na América Latina, e do México até a Argentina é notório a existência e influência dos movimentos populares nos avanços que tivemos, ainda que poucos. Vem pautando as resistências governamentais à expansão neoliberal, a exemplo de Cuba. Mas o capital e o Estado neoliberal não assistem passivos às ofensivas dos movimentos sociais e à ascensão de governos que enfrentam o bloco imperialista.
Num contexto de crise do capital e obviamente do projeto neoliberal, analisar o avanço das forças populares no nosso continente, salientando novamente, mesmo que tímido, é mais do que um imperativo para a esquerda mundial, é pré-condição para a organização a nível internacional dos/as lutadores/as sociais e também para construção de um projeto emancipatório, entendendo aqui as questões contemporâneas postas ao movimento dos/as trabalhadores/as.
Aqui ressaltamos a importância de um dos maiores movimentos sociais – MS - do mundo nessa conjuntura: o MST. Movimento que vem exercendo um papel imprescindível para a rearticulação da classe trabalhadora e dos diversos sujeitos coletivos em luta.
Temos também a Via Campesina, um movimento internacional, fundado em 1992, que coordena as lutas e organizações camponesas. O Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), pautando terra, classe e gênero; o Movimento dos atingidos por Barragens (MAB), que desde 1970 vem na luta propondo formas alternativas de geração e distribuição de energia e pela democratização da política energética; entre outros temos a Assembleia Popular e o Fórum Social Mundial(FSM) e movimentos “altermundistas”.
A América Latina vem num projeto de tentar unificar forças e apostar na solidariedade dos países anti-imperialistas, exemplo disso é a criação da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas), a criação do Sucre e da TV teleSur.
Experiências com o Movimento Estudantil - ME, com o movimento de mulheres, com o movimento dos/as trabalhadores/as tem sido um dos exemplos de como o MST vem contribuindo para a unificação desses sujeitos em torno de um projeto comum. E ainda mais a luta pela reforma agrária, que faz com que este movimento esteja atualmente no foco da ofensiva capitalista e no centro da luta de classes, a nível brasileiro.
Vivemos em um momento de refluxo das lutas sociais, de descrença na luta de massas, onde enfrentamos desafios de organização e mobilização.crescente descrença na ação coletiva e a falta de consciência histórica, fruto do acirramento das relações capitalista e da ofensiva do projeto neoliberal.
Na atualidade há uma indução de uma liberdade ilusória. Que buscamos sempre o que se deseja, mas não se alcança. Oferecer e negar faz parte do jogo perverso do capital. Se expandindo assim de maneira desigual e combinada.
Formação política e ideológica sempre foi um instrumento histórico da classe trabalhadora. A realidade é dinâmica, complexa e contraditória. Para alcançar nossos objetivos é necessário ter compreensão e análise de conjuntura da realidade em sua totalidade. O momento é de acumular forças, mas sempre pautando a formação política, a organização e a luta.

Criança e Adolescente


A história da criança e do adolescente sempre foi marcada pela marginalidade educacional, social, cultural, econômica e política, e hoje apesar da declaração da criança e do adolescente como sujeitos de direito e cidadãos, estes ainda carregam marcas da história de exclusão e discriminação que sofreram ao longo da história.
Historicamente a proteção social a população infanto-juvenil surgiu de práticas filantrópicas e assistencialistas, por parte tanto da sociedade, quanto do Estado. As ações tinham caráter assistencialista, repressiva, discriminatória e estigmatizante. O processo de industrialização urbana no Brasil, e consequentemente o surgimento da classe trabalhadora e do aprofundamento da questão social, forjou uma conjuntura instável para as famílias pobres, que passaram a ser foco dos programas assistencialistas, principalmente a população infanto-juvenil.
O Código de Menores de 1927 tinha como objetivo higienizar, vigiar e punir as crianças e os adolescentes, que eram tratados como “caso de polícia” e não com políticas públicas efetivas. Com o Estado Novo (1937-1945) foi consolidado a política assistencialista com caráter repressivo, e em 1941 surgiu o Serviço de Assistência os Menores (SAM), que era marcado por práticas autoritárias, de disciplina e violência, coerção, corrupção etc. O SAM foi extinto em 1964, por pressão da Igreja Católica e da sociedade de modo geral, e no mesmo ano foi criada a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), que tinha como uma das funções orientar e fiscalizar as Fundações Estaduais de Bem-Estar ao Menor (FEBEMs).
Em 1979 foi aprovado o novo Código de Menores (Lei N° 6.697/79), porém inalterando as práticas assistencialistas e repressivas. A sociedade começou a discutir mais sobre o assunto, e a partir de uma luta conjunta dos movimentos sociais e juristas passou a reconhecer as crianças e os adolescentes como sujeitos de direitos. Dessa mobilização foi criada, em 1987, a Comissão Nacional Criança e Constituinte. Em 1988, a Constituição Federal afirmou os direitos da criança e do adolescente, reconhecendo-os como pessoa humana, cidadã e detentora de direitos, pautando-se na proteção integral, priorizando o poder público, a família e a sociedade, como mostra o Art. 227
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL,
Foi aprovado, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei Federal n° 8.069, de 13/07/1990), regulamentado nos artigos 227 e 228 da Constituição Federal. O ECA marca o início de uma ruptura com a visão clientelista e repressora até então predominante. No Art. 2° conceitua as crianças até os 12 anos e os adolescentes dos 12 aos 18 anos de idade. No Art.4° coloca como responsáveis pelas crianças e pelos adolescentes a família, a comunidade, a sociedade em geral e o poder público.
O ECA institui a política de atendimento das crianças e dos adolescentes por um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais da União, Estados, Distrito Federal e municípios.
Essas ações têm como linhas de ação (arts. 86 e 87):
- políticas sociais básicas;
- políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que delas necessitam.
- serviços de proteção integral, como atendimento médico e psicossocial ás vítimas de negligência, mus tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
- serviço de identificação e localização dos pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
- proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente;

Fundando no princípio de descentralização e municipalização, e numa nova prática de gestão social pública – democrática e participativa – estabelece instâncias de co-gestão a criação dos Conselhos Tutelares. Em 1990 foi criado para substituir a FUNABEM, a Fundação Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência (FCBIA). Porém, em 1995 o governo de FHC em seu projeto e ofensiva neoliberal, provocou o desmonte das políticas sociais, extinguindo a FCBIA, a LBA e o Ministério do Bem-Estar Social.
O avanço político do ECA é inegável, porém na realidade vive grandes impasses para a consolidação e materialização das políticas e ações propostas. Com mais de 20 anos, tem muito  ser consolidado dos seus 267 artigos. As políticas voltadas à criança e ao adolescente, como as políticas de modo geral, vêm passando por um processo doloroso de privatização, descentralização, focalização e seletividade. E o Binômio da política pública, que é marcada tanto por conquista da sociedade civil, tanto por concessão do Estado, não faz valer o sentido clássico da palavra conquista, pelo refluxo das lutas sociais e naturalização das relações sociais, abrindo espaço para a “alternativa eficaz” do terceiro setor, que Yazbek (1993 e 2000) denomina refilantropização das políticas sociais.

Serviço Social e Dialética


Inicialmente a dialética foi definida com  arte da discussão e do diálogo. Desde os clássicos Platão, Aristóteles e Kant. Porém é com Hegel que o pensamento dialético abre-se para uma nova perspectiva. Creusa Copalbo cita essa mudança, o movimento dialético consiste em reconhecer os contraditórios... A trilogia tese, antítese, síntese.
Para o materialismo dialético de Marx e Engels, a dialética é uma teoria geral do mundo. A realidade primeira é a matéria, por isso para Engels a consciência é derivada da matéria. Em Hegel o movimento dialético é infinito, nas palavras de Creusa Copalbo:
     “Vimos que foi com Hegel que a dialética passou a ser entendida como uma experiência do pensamento pelo qual este aprende algo, embora isto que ele aprende já esteja ai “em si”, antes dele, e que o pensamento seja a passagem do “ser em si ao ser para si”, ou ao ser para a consciência”.
Para Marx o modo de produção, as forças produtivas e as relações sociais no trabalho é a base da sociedade, é infra-estrutura. As infra-estruturas determinam as superestruturas. As superestruturas são as formas sociais da consciência – instituições, ideologias, etc. Marx diz que no sistema capitalista de produção o homem é visto como mercadoria, a relação entre capitalista e assalariado é mercantil. O trabalhador só possui sua força pessoa – a força de trabalho. O capitalista possui os meios de produção. Em suma Marx mostra que o sistema capitalista se divide em duas classes fundamentais, a classe burguesa (dominante) e classe operária (dominada), e o movimento da história de faz pela luta entre classes, pelos projetos e idéias que almejam, a famosa frase dele que diz: “A luta de classes é o motor da história”.
O Estado na tradição marxista desempenha o papel de aparelho repressivo, já Gramsci dirá que o Estado não é só aparelho de Estado, mas compreende também as instituições da sociedade civil. Mais recentemente, Althusser dirá que é preciso também reconhecer os aparelhos ideológicos do Estado. O aparelho repressivo do Estado é onde reina a violência, como o governo, forças armadas, polícia, prisões etc. Já os aparelhos ideológicos do Estado são diversos, como o aparelho religioso, escolar, familiar, político, cultural, de informação e etc.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Sobre a utopia e o horizonte utópico


Um discípulo queria falar com seu sábio sobre algo que o intrigavas, porque, segundo o seu ponto de vista, havia uma coisa na criação que não tinha nenhum sentido...
- A natureza é muito bonita, muito funcional, cada coisa tem sua razão de ser... Mas no meu ponto de vista, tem uma coisa que não serve para nada!
- E que coisa é essa que não serve para nada?
- É o horizonte. Para que serve o horizonte? - Se eu caminho um passo em direção ao horizonte, ele se afasta um passo de mim. Se caminhar dez passos, ele se afasta outros dez passos. - Se caminhar quilômetros em direção ao horizonte, ele se afasta os mesmos quilômetros de mim... - Isso não faz sentido! O horizonte não serve para nada...
- Mas é justamente para isso que serve o horizonte... "para fazê-lo caminhar ".
Caminhar voltados para o horizonte é a tarefa dos sonhadores que a recebram das mãos da história. É a capacidade de imaginar que, embora não se alcance o fim, a viagem vale a pena. o lugar a chegar é abstrato, mas a viagem é concreta."
A utopia significa um "não lugar". É a sensação que fica do "não lugar" que nunca alcançaremos, porém, não desistimos de tentar."