domingo, fevereiro 26, 2012

ENPESS 2012

Vem aí o 13º ENPESS! Serviço Social, Acumulação Capitalista e Lutas Sociais: O desenvolvimento em questão.

Data: de 05 a 09 de novembro de 2012

Local: Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
Juiz de Fora - MG / Brasil

Inscrições de trabalho até o dia 15 de junho de 2012

Eixos temáticos:
-SERVIÇO SOCIAL, FUNDAMENTOS, FORMAÇÃO E TRABALHO PROFISSIONAL;
-MOVIMENTOS SOCIAIS E SERVIÇO SOCIAL;
-TRABALHO, QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL;
-POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL;
-QUESTÃO AGRÁRIA, URBANA E AMBIENTAL;
-ÉTICA, DIREITOS HUMANOS E SERVIÇO SOCIAL;
-SERVIÇO SOCIAL, RELAÇÕES DE EXPLORAÇÃO/OPRESSÃO DE GÊNERO, RAÇA/ETNIA, GERAÇÃO, SEXUALIDADES.

Em breve, maiores informações...
Sabemos que a luta do proletariado se desenvolve sobre três frentes: a econômica, a política e a ideológica. A luta econômica possui tem três fases: de resistência contra o capitalismo, isto é, a fase sindical elementar; de ofensiva contra o capitalismo para o controle operário sobre a produção; de luta para a eliminação do capitalismo através da socialização. A luta política também possui três fases principais: luta para frear o poder da burguesia no estado parlamentar, isto é, para manter ou criar uma situação democrática de equilíbrio entre as classes que permita ao proletariado organizar-se e desenvolver-se; luta pela conquista do poder e pela criação do Estado operário, isto é, uma ação política complexa através da qual o proletariado mobiliza em torno de si todas as forças sociais anticapitalistas (em primeiro lugar a classe campesina), e as conduz à vitória; fase da ditadura do proletariado organizado em classe dominante para eliminar todos os obstáculos técnicos e sociais, que se interponham à realização do comunismo.

Antonio Gramsci. Scritti Politici

terça-feira, fevereiro 21, 2012

Sobre as cotas raciais..



Essa foto anda circulando na net há um bom tempo, é do carnaval na Bahia.  Brancos dentro, negros fora da cordinha. Carnaval do "abadá", da segregação, do poder econômico.
Vou socializar um fato ocorrido e como se sucedeu a discussão:


Bem, um companheiro, revolucionário compartilhou essa foto, até ai ok! Uma camarada comenta: 

 É por isso que sou contra as políticas de cotas, que reforçam a segregação!"


Isso é realmente triste né? Rebaixou todo o debate, como sempre faz o senso-comum.

Segregação? A política de cotas causa segregação? Bem como você explica quase metade da população negra , 50% dos brasileiros são negros, e apenas menos de 2% tinham acesso a universidade sem as cotas? Como explica os quase 0% de negros em medicina?

Essa discussão de cotas é sempre complexa. As pessoas têm sua opinião, que respeito. Mas penso que ninguém é barrado numa universidade por causa da cor de sua pele, e sim devido às desigualdades sociais do país, que atingem pessoas de todas as colorações dermatológicas.

As pessoas tem sua opinião, mas isso não significa que não deve ser debatido, com respeito a pluralidade política e ideológica. As cotas não pretende, e nem é esse seu objetivo, superar as formas de preconceito e discriminação étnica, até por que é uma política paliativa que busca reconstruir um direito historicamente negado a população em questão, no caso negra e indígena também. Mas uma coisa séria é dizer que as cotas causam segregação. Acredito isso ser um ataque superficial as cotas. A segregação existe no país, e não há como negar, a foto mostra isso. Ninguém é impedido de entrar na universidade por ser negro ou índio, mas sabemos que estem em certas determinações não tem as mesmas chances e oportunidades de uma pessoa branca ou parda. Até por que como você falou a questão é de desigualdade social, mas para isso basta olhar a matrona de todos os ardis, chamada história. Na universidade no Brasil inici sem a entrada de negros, afinais eles eram recém escravos, abandonados do trabalho e substituidos pela mão de obra imigrante, principalmente italiana e japonesa. E assim foram cada vez mais marginalizados as periferias dos grandes centros urbanos. Pobreza no Brasil também tem cor, idade  e gênero, mulheres negras e jovens! A questão é o seguinte, em todos os cantos do país onde a cota foi aprovada ela é muito mais de que um mero acesso a universidade se trata de uma política de acessibilidade. De identificação negra, é um reparo histórico ainda insuficiente. Por isso, da UNB, até a UFPB a minha universidade as cotas apresentam enquanto um caráter étnico e social, ou seja, tem toda a questão social envolvida, e não só a cor da pele. O fato é o seguinte, negros agora acessam as universidade e tem gente que ta incomodada, no curso de direito ouvi uma mãe dizer na matrícula "por causa desses negros minha filha não entrou na universidade" que discurso conservador e oligarquico! Fico feliz de no Brasil ter as cotas e dar a oportunidade para negros e pobres terem acesso ao que é deles, educação. Infelizmente a universidade ainda não é para tod@s, mas será! Até lá ela deve ter um papel socialmente referenciando, isso é que chamamos de público.

Bem, um ponto que eu queria ressaltar é que não me é estranho alguém ser contra as cotas, mas sim um revolucionário apoiar isso, é no mínimo rebaixar o programa socialista de uma sociedade livre, justa e igualitária. As ideias esquerdistas, as vezes superficializam o debate a tal ponto que não conseguem dialogar com o que é parâmetro do certo e da verdade, que é o POVO.
Não entendem que as cotas são um ganho real a população negra e entram no coro da direita facista e elitizada desse país....

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

A anulação do centro histórico


A anulação do centro histórico

Incorporado por   PAULO BRABO


Moro no Brasil; isso quer dizer que as cidades que conheço crescem rápido demais para chegarem a ter alma. Moro no Brasil; isso quer dizer que muitas das cidades que conheço não têm centro histórico – e muitas vezes pelo motivo mais singelo de todos: são lugares jovens demais para chegarem a ter alguma verdadeira cumplicidade com o tempo.
Mas há outros motivos. Nas cidades mais antigas do Brasil, que poderiam encontrar na história uma identidade e um coração, o centro histórico encontra-se em geral em algum ponto entre dois polos – ou está [1] abandonado, em processo de desintegração e a caminho da completa obliteração, ou foi [2] transformado num espaço eminentemente turístico, reduto de bares, museus, espaços culturais, restaurantes de comida típica (entre aspas) e lojas de quinquilharias.
Numa palavra, encontramos um modo de fazer com que nossos centros históricos (e portanto nossas cidades, e portanto nós mesmos) deem as costas para a história. Quando não estamos providenciando para que a herança histórica de edifícios seja desmantelada e substituída pela novidade, tomamos providências para que a história que reste não tenha qualquer verdadeira relação com a nossa realidade. Transformar um centro histórico num centro turístico é a medida que tomamos para nos livrarmos dele; congelá-lo ali, privá-lo de uma função vital, equivale a selar o rompimento do momento presente com a história que nos precedeu. Fetichizar a história é negar qualquer continuidade com ela.
Garantem-me que na Europa – e posso dizê-lo pelo menos da Itália, que contemplou estes olhos assombrados – o centro histórico é uma coisa viva e ativa e vital; ele é parte integrante da cidade, da cultura corrente e da imaginação corrente das pessoas. Ali as pessoas vivem, fazem compras, fecham negócios, vendem e compram serviços. Os prédios desta rua tem pelo menos quinhentos anos, mas aqui em baixo há um banco, ali uma frutaria, aqui um alfaiate, ali uma loja de moda, aqui um açougue, ali uma casa de chá, aqui um teatro minúsculo, ali uma papelaria. Nos andares de cima as pessoas moram, roupas de camas são dobradas, almoços são feitos, adolescentes se cutucam no Facebook, gatos descansam nos parapeitos, aquecedores roncam, pães saem dos fornos, homens fazem a barba e mulheres se vestem para sair.
Num ambiente assim, a história não pode ser como entre nós fetichizada ou ignorada; ela é redimida e bebida e assimilada e é tornada indistinta do fluxo irresistível do presente. Nos bares as pessoas discutem em que área da cidade passavas as antigas muralhas, em que ponto da rua se ocultam rios subterrâneos, em que arcada semioculta da parede ameaça um templo cujas pedras são também as desta casa: a casa onde mora aquele advogado, onde mora o seu dentista, o pai do meu amigo, onde vive aquela moça que te apresentei e que toca violoncelo.
Uma cidade sem um centro histórico vivo é, para um cara como eu, uma cidade morta. Um corpo sem alma, se essa é a metáfora que você quer ouvir.
Meu problema é que o nosso desenvolvimentismo não requer apenas que as cidades cresçam obscenamente, sem sanidade e sem trégua; exige também que se os centros urbanos se tornem lugares absolutamente genéricos, utilitaristas, sem qualquer memória do espírito, da beleza e da fantasia – sem conhecerem e sem recordarem o abraço da história.

Twitter do Bacia das Almas >>> @saobrabo

domingo, fevereiro 12, 2012

Sou che guevara, sou sem teto, sou militante... na luta eu resisto a cada instante..

Esse capital só serve para coisa banal, vive explorando o trabalhador e coisa e tal.
Se rico usa droga, mas e daí, se ta na moda?
Mas se é pobre, ai é foda, vagabundos, mata nós com chacina, nos faz prostituir em cada esquina.

Mundo cruel, mundo opressor, explorando a vida do trabalhador

o capital é monopolista, é selvagem, é imperialista.
É preciso resistir juventude socialista, para construir a sociedade comunista.

É preciso ter fé na humanidade, para construir a nossa liberdade e se ter um mínimo de dignidade...

Em busca da sonhada justiça social, indo com tudo contra o capital.

Fazer uma revolução com alegria, garantindo sempre nossa autonomia, e isso se faz no dia-a-dia, respeitando a democracia.

Sempre com foco em nossa emancipação e dando um fim a toda exploração.

"sou poeta, sou operário, e quero que todos os fascistas vão pra casa do caralho. "

Para além do bem e do mal...


Em Os Irmão Karamazóvi[1] o personagem de Dostoiévski afirma que se o ser humano não tivesse inventado Deus não haveria civilização. Ele retoma a frase de “um velho pecador do século XVIII”: “Si Dieu n’existait pas, il froudait l’inventer” (“Se Deus não existisse, precisaríamos inventá-lo”). Ivã Fiódorovitch, em diálogo com o irmão caçula, Aliócha, retoma o dito voltaireano e aprofunda o argumento: “E, com efeito, foi o homem quem inventou Deus. E o que é espantoso não é que Deus exista realmente, mas que esta idéia tenha vindo ao espírito de um animal feroz e mau como o homem, tão santa, comovente e sábia é ela, tanta honra faz homem. Quanto a mim, renunciei desde muito tempo a perguntar a mim mesmo se foi Deus quem criou o homem, ou o homem que criou Deus” (p.176).
A crença no humano, que transparece na fala de Ivã, é algo simplesmente admirável. Fez-me lembrar uma conversa recente com o meu amigo Walterego sobre o preconceito e o racismo. Eu, influenciado pela leitura de Os jacobinos negros[2], fiz um breve comentário sobre a minha dificuldade em compreender uma época na qual o ser humano foi escravizado e sofreu as mais bárbaras crueldades apenas e somente porque seu organismo continha mais melanina. No entanto, disse-me o amigo, é admirável do que o humano é capaz de criar para e pelo bem.
Como é possível o humano, um ser propenso ao mal e com a capacidade de cometer atrocidades as mais terríveis e indescritíveis, até mesmo em Nome de Deus, ser capaz de criar uma idéia tão pura e liberta de todo o mal? A resposta dos que pensam em moldes dicotômicos, dos que concebem o mundo maniqueisticamente enquanto a mera contradição entre o bem e o mal, é simples e simplista. A questão é mais complexa, pois se refere à complexidade do ser humano. O mesmo ser humano capaz de praticar o bem pode se revelar, com toda intensidade, a própria encarnação do mal. No mais bondoso do homem, na mais pura e inocente bondade de uma criança, de uma mulher, habita o mal.
Como escreve João Guimarães Rosa: “Tudo é e não é… Quase todo mais grave criminoso feroz, sempre é muito bom marido, bom filho, bom pai, e é bom amigo-de-seus-amigos! (…) Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar”.[3] Os eventos históricos estão repletos de exemplos. Os nazistas banalizaram o mal, mas, no entanto, eram cultos, bons pais, boas mães, bons filhos, boas filhas, bons maridos, boas esposas, etc.
Tudo é e não é! Para minimante tentar compreender a natureza humana é preciso ir além do dualismo e maniqueísmo. O desafio é pensar dialeticamente. Aliás, também há os pretensamente dialéticos que imaginam existir uma essência humana boa, civilizada. Eis que o humanismo ingênuo anda de mãos dadas com um certo pensamento que se considera materialista e dialético. Ora, o homem civilizado abriga em si o bárbaro – os próprios conceitos de civilização e barbárie precisam ser rediscutidos, pois que bárbaro é sempre o outro e, invariavelmente, este é um argumento para a opressão de povos tidos como inferiores. As luzes da razão iluminista podem brilhar tanto a ponto de cegar e não nos deixar ver a barbárie perpetrada pela razão.
A natureza humana também incorpora o mal. Como bem observou o florentino, no século XVI, tolos os que agem considerando apenas a propensão humana à bondade, ao bem. Eles se surpreenderão com a capacidade do humano em fazer o mal. Como afirma o personagem de Dostoiévski:
− Penso que se o diabo não existe e foi por conseguinte criado pelo homem, este deve tê-lo feito à sua imagem (p.176).
− Cada homem oculta em si um demônio… (p.181).
O ser humano incorpora em si Deus e o Demônio, o bem e o mal. Muitas vezes, na busca do bem, ele adota práticas que devem enrubescer o demo. Por outro lado, nem todas as boas ações produzem o bem, podem até mesmo gerar o oposto. Para Maquiavel, de um ponto de vista político, o que conta mesmo é o resultado alcançado. É nisto que, em última instância, reside o julgamento humano. Pelo menos no que diz respeito às coisas humanas na esfera terrestre. O humano, demasiado humano, como diria Nietzsche, é muito mais complexo do que a vã filosofia do humanismo cândido. Quanto ao sobrenatural, fica a critério da imaginação de cada um…

domingo, fevereiro 26, 2012

ENPESS 2012

Vem aí o 13º ENPESS! Serviço Social, Acumulação Capitalista e Lutas Sociais: O desenvolvimento em questão.

Data: de 05 a 09 de novembro de 2012

Local: Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
Juiz de Fora - MG / Brasil

Inscrições de trabalho até o dia 15 de junho de 2012

Eixos temáticos:
-SERVIÇO SOCIAL, FUNDAMENTOS, FORMAÇÃO E TRABALHO PROFISSIONAL;
-MOVIMENTOS SOCIAIS E SERVIÇO SOCIAL;
-TRABALHO, QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL;
-POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL;
-QUESTÃO AGRÁRIA, URBANA E AMBIENTAL;
-ÉTICA, DIREITOS HUMANOS E SERVIÇO SOCIAL;
-SERVIÇO SOCIAL, RELAÇÕES DE EXPLORAÇÃO/OPRESSÃO DE GÊNERO, RAÇA/ETNIA, GERAÇÃO, SEXUALIDADES.

Em breve, maiores informações...
Sabemos que a luta do proletariado se desenvolve sobre três frentes: a econômica, a política e a ideológica. A luta econômica possui tem três fases: de resistência contra o capitalismo, isto é, a fase sindical elementar; de ofensiva contra o capitalismo para o controle operário sobre a produção; de luta para a eliminação do capitalismo através da socialização. A luta política também possui três fases principais: luta para frear o poder da burguesia no estado parlamentar, isto é, para manter ou criar uma situação democrática de equilíbrio entre as classes que permita ao proletariado organizar-se e desenvolver-se; luta pela conquista do poder e pela criação do Estado operário, isto é, uma ação política complexa através da qual o proletariado mobiliza em torno de si todas as forças sociais anticapitalistas (em primeiro lugar a classe campesina), e as conduz à vitória; fase da ditadura do proletariado organizado em classe dominante para eliminar todos os obstáculos técnicos e sociais, que se interponham à realização do comunismo.

Antonio Gramsci. Scritti Politici

terça-feira, fevereiro 21, 2012

Sobre as cotas raciais..



Essa foto anda circulando na net há um bom tempo, é do carnaval na Bahia.  Brancos dentro, negros fora da cordinha. Carnaval do "abadá", da segregação, do poder econômico.
Vou socializar um fato ocorrido e como se sucedeu a discussão:


Bem, um companheiro, revolucionário compartilhou essa foto, até ai ok! Uma camarada comenta: 

 É por isso que sou contra as políticas de cotas, que reforçam a segregação!"


Isso é realmente triste né? Rebaixou todo o debate, como sempre faz o senso-comum.

Segregação? A política de cotas causa segregação? Bem como você explica quase metade da população negra , 50% dos brasileiros são negros, e apenas menos de 2% tinham acesso a universidade sem as cotas? Como explica os quase 0% de negros em medicina?

Essa discussão de cotas é sempre complexa. As pessoas têm sua opinião, que respeito. Mas penso que ninguém é barrado numa universidade por causa da cor de sua pele, e sim devido às desigualdades sociais do país, que atingem pessoas de todas as colorações dermatológicas.

As pessoas tem sua opinião, mas isso não significa que não deve ser debatido, com respeito a pluralidade política e ideológica. As cotas não pretende, e nem é esse seu objetivo, superar as formas de preconceito e discriminação étnica, até por que é uma política paliativa que busca reconstruir um direito historicamente negado a população em questão, no caso negra e indígena também. Mas uma coisa séria é dizer que as cotas causam segregação. Acredito isso ser um ataque superficial as cotas. A segregação existe no país, e não há como negar, a foto mostra isso. Ninguém é impedido de entrar na universidade por ser negro ou índio, mas sabemos que estem em certas determinações não tem as mesmas chances e oportunidades de uma pessoa branca ou parda. Até por que como você falou a questão é de desigualdade social, mas para isso basta olhar a matrona de todos os ardis, chamada história. Na universidade no Brasil inici sem a entrada de negros, afinais eles eram recém escravos, abandonados do trabalho e substituidos pela mão de obra imigrante, principalmente italiana e japonesa. E assim foram cada vez mais marginalizados as periferias dos grandes centros urbanos. Pobreza no Brasil também tem cor, idade  e gênero, mulheres negras e jovens! A questão é o seguinte, em todos os cantos do país onde a cota foi aprovada ela é muito mais de que um mero acesso a universidade se trata de uma política de acessibilidade. De identificação negra, é um reparo histórico ainda insuficiente. Por isso, da UNB, até a UFPB a minha universidade as cotas apresentam enquanto um caráter étnico e social, ou seja, tem toda a questão social envolvida, e não só a cor da pele. O fato é o seguinte, negros agora acessam as universidade e tem gente que ta incomodada, no curso de direito ouvi uma mãe dizer na matrícula "por causa desses negros minha filha não entrou na universidade" que discurso conservador e oligarquico! Fico feliz de no Brasil ter as cotas e dar a oportunidade para negros e pobres terem acesso ao que é deles, educação. Infelizmente a universidade ainda não é para tod@s, mas será! Até lá ela deve ter um papel socialmente referenciando, isso é que chamamos de público.

Bem, um ponto que eu queria ressaltar é que não me é estranho alguém ser contra as cotas, mas sim um revolucionário apoiar isso, é no mínimo rebaixar o programa socialista de uma sociedade livre, justa e igualitária. As ideias esquerdistas, as vezes superficializam o debate a tal ponto que não conseguem dialogar com o que é parâmetro do certo e da verdade, que é o POVO.
Não entendem que as cotas são um ganho real a população negra e entram no coro da direita facista e elitizada desse país....

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

A anulação do centro histórico


A anulação do centro histórico

Incorporado por   PAULO BRABO


Moro no Brasil; isso quer dizer que as cidades que conheço crescem rápido demais para chegarem a ter alma. Moro no Brasil; isso quer dizer que muitas das cidades que conheço não têm centro histórico – e muitas vezes pelo motivo mais singelo de todos: são lugares jovens demais para chegarem a ter alguma verdadeira cumplicidade com o tempo.
Mas há outros motivos. Nas cidades mais antigas do Brasil, que poderiam encontrar na história uma identidade e um coração, o centro histórico encontra-se em geral em algum ponto entre dois polos – ou está [1] abandonado, em processo de desintegração e a caminho da completa obliteração, ou foi [2] transformado num espaço eminentemente turístico, reduto de bares, museus, espaços culturais, restaurantes de comida típica (entre aspas) e lojas de quinquilharias.
Numa palavra, encontramos um modo de fazer com que nossos centros históricos (e portanto nossas cidades, e portanto nós mesmos) deem as costas para a história. Quando não estamos providenciando para que a herança histórica de edifícios seja desmantelada e substituída pela novidade, tomamos providências para que a história que reste não tenha qualquer verdadeira relação com a nossa realidade. Transformar um centro histórico num centro turístico é a medida que tomamos para nos livrarmos dele; congelá-lo ali, privá-lo de uma função vital, equivale a selar o rompimento do momento presente com a história que nos precedeu. Fetichizar a história é negar qualquer continuidade com ela.
Garantem-me que na Europa – e posso dizê-lo pelo menos da Itália, que contemplou estes olhos assombrados – o centro histórico é uma coisa viva e ativa e vital; ele é parte integrante da cidade, da cultura corrente e da imaginação corrente das pessoas. Ali as pessoas vivem, fazem compras, fecham negócios, vendem e compram serviços. Os prédios desta rua tem pelo menos quinhentos anos, mas aqui em baixo há um banco, ali uma frutaria, aqui um alfaiate, ali uma loja de moda, aqui um açougue, ali uma casa de chá, aqui um teatro minúsculo, ali uma papelaria. Nos andares de cima as pessoas moram, roupas de camas são dobradas, almoços são feitos, adolescentes se cutucam no Facebook, gatos descansam nos parapeitos, aquecedores roncam, pães saem dos fornos, homens fazem a barba e mulheres se vestem para sair.
Num ambiente assim, a história não pode ser como entre nós fetichizada ou ignorada; ela é redimida e bebida e assimilada e é tornada indistinta do fluxo irresistível do presente. Nos bares as pessoas discutem em que área da cidade passavas as antigas muralhas, em que ponto da rua se ocultam rios subterrâneos, em que arcada semioculta da parede ameaça um templo cujas pedras são também as desta casa: a casa onde mora aquele advogado, onde mora o seu dentista, o pai do meu amigo, onde vive aquela moça que te apresentei e que toca violoncelo.
Uma cidade sem um centro histórico vivo é, para um cara como eu, uma cidade morta. Um corpo sem alma, se essa é a metáfora que você quer ouvir.
Meu problema é que o nosso desenvolvimentismo não requer apenas que as cidades cresçam obscenamente, sem sanidade e sem trégua; exige também que se os centros urbanos se tornem lugares absolutamente genéricos, utilitaristas, sem qualquer memória do espírito, da beleza e da fantasia – sem conhecerem e sem recordarem o abraço da história.

Twitter do Bacia das Almas >>> @saobrabo

domingo, fevereiro 12, 2012

Sou che guevara, sou sem teto, sou militante... na luta eu resisto a cada instante..

Esse capital só serve para coisa banal, vive explorando o trabalhador e coisa e tal.
Se rico usa droga, mas e daí, se ta na moda?
Mas se é pobre, ai é foda, vagabundos, mata nós com chacina, nos faz prostituir em cada esquina.

Mundo cruel, mundo opressor, explorando a vida do trabalhador

o capital é monopolista, é selvagem, é imperialista.
É preciso resistir juventude socialista, para construir a sociedade comunista.

É preciso ter fé na humanidade, para construir a nossa liberdade e se ter um mínimo de dignidade...

Em busca da sonhada justiça social, indo com tudo contra o capital.

Fazer uma revolução com alegria, garantindo sempre nossa autonomia, e isso se faz no dia-a-dia, respeitando a democracia.

Sempre com foco em nossa emancipação e dando um fim a toda exploração.

"sou poeta, sou operário, e quero que todos os fascistas vão pra casa do caralho. "

Para além do bem e do mal...


Em Os Irmão Karamazóvi[1] o personagem de Dostoiévski afirma que se o ser humano não tivesse inventado Deus não haveria civilização. Ele retoma a frase de “um velho pecador do século XVIII”: “Si Dieu n’existait pas, il froudait l’inventer” (“Se Deus não existisse, precisaríamos inventá-lo”). Ivã Fiódorovitch, em diálogo com o irmão caçula, Aliócha, retoma o dito voltaireano e aprofunda o argumento: “E, com efeito, foi o homem quem inventou Deus. E o que é espantoso não é que Deus exista realmente, mas que esta idéia tenha vindo ao espírito de um animal feroz e mau como o homem, tão santa, comovente e sábia é ela, tanta honra faz homem. Quanto a mim, renunciei desde muito tempo a perguntar a mim mesmo se foi Deus quem criou o homem, ou o homem que criou Deus” (p.176).
A crença no humano, que transparece na fala de Ivã, é algo simplesmente admirável. Fez-me lembrar uma conversa recente com o meu amigo Walterego sobre o preconceito e o racismo. Eu, influenciado pela leitura de Os jacobinos negros[2], fiz um breve comentário sobre a minha dificuldade em compreender uma época na qual o ser humano foi escravizado e sofreu as mais bárbaras crueldades apenas e somente porque seu organismo continha mais melanina. No entanto, disse-me o amigo, é admirável do que o humano é capaz de criar para e pelo bem.
Como é possível o humano, um ser propenso ao mal e com a capacidade de cometer atrocidades as mais terríveis e indescritíveis, até mesmo em Nome de Deus, ser capaz de criar uma idéia tão pura e liberta de todo o mal? A resposta dos que pensam em moldes dicotômicos, dos que concebem o mundo maniqueisticamente enquanto a mera contradição entre o bem e o mal, é simples e simplista. A questão é mais complexa, pois se refere à complexidade do ser humano. O mesmo ser humano capaz de praticar o bem pode se revelar, com toda intensidade, a própria encarnação do mal. No mais bondoso do homem, na mais pura e inocente bondade de uma criança, de uma mulher, habita o mal.
Como escreve João Guimarães Rosa: “Tudo é e não é… Quase todo mais grave criminoso feroz, sempre é muito bom marido, bom filho, bom pai, e é bom amigo-de-seus-amigos! (…) Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar”.[3] Os eventos históricos estão repletos de exemplos. Os nazistas banalizaram o mal, mas, no entanto, eram cultos, bons pais, boas mães, bons filhos, boas filhas, bons maridos, boas esposas, etc.
Tudo é e não é! Para minimante tentar compreender a natureza humana é preciso ir além do dualismo e maniqueísmo. O desafio é pensar dialeticamente. Aliás, também há os pretensamente dialéticos que imaginam existir uma essência humana boa, civilizada. Eis que o humanismo ingênuo anda de mãos dadas com um certo pensamento que se considera materialista e dialético. Ora, o homem civilizado abriga em si o bárbaro – os próprios conceitos de civilização e barbárie precisam ser rediscutidos, pois que bárbaro é sempre o outro e, invariavelmente, este é um argumento para a opressão de povos tidos como inferiores. As luzes da razão iluminista podem brilhar tanto a ponto de cegar e não nos deixar ver a barbárie perpetrada pela razão.
A natureza humana também incorpora o mal. Como bem observou o florentino, no século XVI, tolos os que agem considerando apenas a propensão humana à bondade, ao bem. Eles se surpreenderão com a capacidade do humano em fazer o mal. Como afirma o personagem de Dostoiévski:
− Penso que se o diabo não existe e foi por conseguinte criado pelo homem, este deve tê-lo feito à sua imagem (p.176).
− Cada homem oculta em si um demônio… (p.181).
O ser humano incorpora em si Deus e o Demônio, o bem e o mal. Muitas vezes, na busca do bem, ele adota práticas que devem enrubescer o demo. Por outro lado, nem todas as boas ações produzem o bem, podem até mesmo gerar o oposto. Para Maquiavel, de um ponto de vista político, o que conta mesmo é o resultado alcançado. É nisto que, em última instância, reside o julgamento humano. Pelo menos no que diz respeito às coisas humanas na esfera terrestre. O humano, demasiado humano, como diria Nietzsche, é muito mais complexo do que a vã filosofia do humanismo cândido. Quanto ao sobrenatural, fica a critério da imaginação de cada um…