quarta-feira, janeiro 22, 2014

O combate ao uso indevido de drogas: operação braços abertos na cracolândia de SP

A secretaria nacional de política sobre drogas do Governo Federal vinha agindo há um tempinho, mas com medidas tímidas, numa tentativa de alavancar a política de redução de danos no Brasil, isso pra mim é mais visível principalmente a partir dos CAPS-AD (anti-drogas).
A nível federal, existia ao longo do tempo a tentativa de construir um agenda nacional para tentar resolver esse problema, também do ponto de vista da segurança pública. Acredito que, por existir ainda uma forte militarização da vida social e até mesmo por falta de prioridade no assunto dos estados e municípios isso não ganhou corpo.
Confesso que fiquei surpresa com a atitude do governo municipal de São Paulo. Já tinha ouvido antes que o Haddad condenava as práticas de repressão policial e do higienismo social promovido pela internação compulsória, mas ele falava isso de maneira muito “medida” para tentar não gerar polêmica, e culpava a ação por causar estranhamento entre as eferas do poder. O fato da secretária, Luciana Temer, não ser também lá essas coisas, pode ter surpreendido mais.
Acontece que o fato das drogas, e mais precisamente da cracolândia, é um calo há muito tempo para o governo e a sociedade paulistana, então buscar resolver isso cedo ou mais tarde ia ter que entrar na agenda da gestão.
Politicamente, o governo do Haddad em São Paulo não estava “bem visto” lá, quando fui lá em outubro, mesmo após as manifestações, exisita uma grande incerteza sobre os rumos do governo e sobre a candidatua a governadoria em São Paulo, via Padilha. No tocante ao andamento da gestão municipal, isso é até compreensível, afinal, o governo anterior do PSDB também estava mal, e não teríamos como mudar a correlação de forças de uma hora para a outra, principalmente com problemas na composição do governo.
A meu ver hoje, as gestões do PT em São Paulo, e no Rio Grande do Sul representam o fôlego do PT nos governos municipais e estaduais, fora isso, estamos desgastados, exemplo disso é nossa situação no nordeste, principalmente na Bahia.
Especificando sobre para a execução da política na cracolândia... O fato é que temos um problema, o uso indevido de drogas e a condição desses territórios e sua vulnerabilidade social...
Quando tentou-se fazer isso via internação compulsória e ainda com repressão policial o óbvio veio a tona: se tratava de mais uma atitude higienista e pontual, que não ia na essência, e portanto, não resolveria, seria uma “política” para “inglês ver”. Era uma atitude mais fácil, a da imposição... gerou bastante polêmica e diversos grupos dos direitos humanos e da saúde mental foram terminantemente contra, inclusive os órgãos de categorias de classe.
Com essa atitude da operação Braços Abertos, mostra-se e percebe-se que é bem ousada e diferente, busca-se o diálogo com aqueles que segundo muitos, são imprestáveis e “vagabundos” para a cidade. E também, tenta-se construir a política de uma forma mais transversal, eu diria, é uma mediação de um conflito existente.
Agora, esse “conflito” se dá tanto de maneira entre sujeitos, mas também de maneira psíquica, pois sabemos dos danos que uma droga pesada com o crack pode causar. Sendo assim, é preciso de uma olhar também clínico.
Acredito que o diferencial será se o trabalho permanecer o tempo todo de maneira intersetorial, e acho que isso já começou bem, pelo que percebi de longe.
É preciso acompanhamento de equipe multidisciplinar e acionar a rede de serviços existentes, principalmente do SUS e SUAS, mais precisamente entre os CRAS, CREAS e CAPS, e também as USF.
Não sei como está a situação mais específica sobre a política nacional anti-drogas em São Paulo, mas é necesessário articular isso com a participação da comunidade, seja via a criação de um conselho municipal sobre drogas, assim como de conselhos locais, e de inserir e fortalecer tais discussões através da educação e da saúde, e  claro, em diálogo com os movimentos sociais e ONGs que já atuam na área.
Agora, se isso também não buscar uma mediação com os meios de comunicação e com a nossa base de apoio, para a formação da opinião pública, pode ser um tiro pela culatra caso dê "algum problema".
Outro ponto que devemos problematizar é, que essa ação deve avançar no sentido de se tornar um programa, e quem se sabe se materialize em uma política municipal de combate a drogas, garantindo assim a sua institucionalização e assim provável garantia.
Se ficar somentes nessas ações atuais por muito tempo, é provável que se esgotará rapidamente na minha avaliação. É preciso inserir para esses sujeitos uma forma mais planejada da política de emprego e renda, seja via economia solidária, ou mesmo, nos serviços públicos, como já acontece em alguns caos de adolescentes em cumprimento de medidas sócio-educativas...
Enfim, temos que apostar, é preciso uma saída concreta...
Isso também deve, sem purismo, vir acompanhado de um combate ao tráfico, ai, não sei até que ponto o município tem governabilidade para tal... Mas, acho que terá que pedir apoio ao governo federal em todos os sentidos, principalmente no repasse de orçamento e de construção de uma política em caráter permanente, e que seja referência nacional, já que os municípios estão sem ter o que fazer diante disso, na minha realidade mesmo, não vejo nenhuma ação do tipo, salvo os consultórios de rua (saúde) e alguns programas governamentais como o Ruartes (assistência social), que são de pequeno impacto mediante a formação das equipes e do financiamento.
Enfim, acho que para início do debate são essas reflexões. Sobre a logística de como será esse controle do trabalho de zeladoria, e do funcionamento do hotel não tenho informações mais precisas, e nenhuma fonte desses jornais são confiáveis... Vou tentar assim que possível entrar em contato com um colega meu que é Assistente Social da área lá.
Vale ressaltar que o conservadorismo paulistano está com ódio e raivoso, falando que estatizamos o tráfico via o "bolsa crack".
Achei esse vídeo interessante: http://tvt.org.br/watch.php?id=15508

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Rolezinho sim, ora pois...

  • Esse movimento e fatos como este tem se tornado comum na atualidade, ora explícito e ora mais velado, principalmente em tempos que a cidade se tornam o próprio cerne de movimentos, principalmente no tocante ao seu usufruto. 



  • O que ocorre é que existe uma apropriação dos espaços de uso coletivo por parte da então "classe média", representada principalmente pela figura da família consumidora, que quer controlar esses espaços através da aparência e estilo de uma determinada tribo, e depois, isso se revela principalmente na exclusão de jovens da periferia. 
  • Esse fato mostra que a juventude no Brasil carece de espaços de exercer sua cultura livremente, os equipamentos públicos para a juventude praticamente não existem... e isso acaba se tornando um problema para os jovens que querem sair, se divertir e ter lazer... quando o shopping se torna o único espaço, quem o utiliza historicamente de forma mais tradicional (famílias com poder de consumo e de classe média) se sentem incomodadas pelo usufruto de camadas mais pobres, que aparentemente não possuem o "direito de consumir" e apela-se para, digamos, uma higienização de um espaço que não deveria ser para todos, apenas para quem tem poder de consumo elevado, mesmo que dividido 10x no visa ou mastercard.
  • No tocante a resposta, seja sociológica ou prática ao fato ocorrido em Sâo Paulo, se trata de uma explicitação de algo que vinha ocorrendo não de hoje. Porque jovens universitários podem ir ao Shopping e os da "favela" não? Isso é uma violação dos direitos humanos, e isso não teria como não ter reação por quem atua na área.
    O que ocorreu em São Paulo, e recentemente em João Pessoa/PB (no ano ainda de 2013), mostra a realidade da segurança pública, que no cotidiano, assassina jovens e negros na periferia.
  • Aqui em João Pessoa, a manifestação (ocorrida em 2013) teve rebordosas do ponto de vista da "militarização". Na manifestação que teve, foi o caso inclusive para a justiça, e o processo está em andamento, sendo que foi o segurança do shopping (que era por coincidência também policial) que denunciou primeiramente os jovens, e a partir disso, os jovens foram e denunciaram o policial, pois além de exercer a função de segurança privado, ele cometeu abuso de poder e discriminação.
  • Hoje, quem frequenta o Shopping Tambiá ou mesmo outros shoppings de mais "alto nível" percebe que existe mais "fiscalização", principalmente se a pessoa apresentar um esteriótipo do que chamam aqui de "môfis" (termo criado pela mídia e de caráter pejorativo). Os jovens vivem sobre o olhar punitivo do segurança, é uma constante ameaça.
  • A realidade em João Pessoa, independente dos shopping, é dura com a juventude negra. Aqui é a cidade do Brasil que mais mata jovens negros e pobres, números que são quase de uma guerra civil (ver mapa da violência). Isso é resultado da falta de políticas públicas e de acesso a direitos sociais, e de um poder paralelo (milicial) que existe na cidade, como em outros cidades acirradas pelo poder do tráfico x poder de polícia x poder do estado x políticas públicas, que é uma relação paradoxa e ao mesmo tempo muito complexa.
  • Sobre as mudanças necessárias, se trata de um processo longo. Temos um país de base escravocrata, e de forte poder da classe média branca. A realidade deve ser mudada com investimentos em políticas públicas, que envolvam educação, saúde, transporte, juventude e cultura. A política de juventude é recente no Brasil, o Estatuto e o Sistema Nacional datam do ano passado, temos muito a avançar.
  • A juventude precisa de educação, lazer, cultura e saúde, além de tudo, de emprego e trabalho digno. 
  • É fácil para quem vem de um histórico médio de consumo ter uma vida relativamente estável, principalmente ao dizer de forma equivocada "porque não dar um rolezinho na biblioteca"? É muito "fácil" que historicamente teve relativa oportunidade. Já para quem vive nas periferias, a situação é mais complicada, com uma diária negação de direitos.
  • Por mais que não pareça, essa sociedade é dividida e preconceituosa. Existe conforme o documentário abaixo, um hiato. Precisamos manter a juventude viva, longe dessas barbáries e assassinados, e isso se faz com acesso a direitos, educação, emprego, cultura e lazer.
  • Infelizmente, a nossa sociedade branca, é difícil engolir negros nos espaços historicamente brancos, por isso ainda resistem as cotas, não querem largar o osso, ora.
  • Indicação de leitura:
- http://mariafro.com/2014/01/13/a-classe-c-da-era-lula-vai-ao-shopping-a-burguesia-reage-e-a-pm-capitao-do-mato-faz-o-servico-sob-a-protecao-da-justica/

-http://www.viomundo.com.br/denuncias/antonio-david-8.html?fb_action_ids=10202777518827156&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B202393879950615%5D&action_type_map=%5B%22og.likes%22%5D&action_ref_map=%5B%5D



Para ter uma noção sobre o processo, vale assistir o documentário Hiato, que segue abaixo. Este é um documentário dos anos 2000, sobre uma ocupação no Shopping de uma bairro nobre do Rio de Janeiro, o Botafogo. Notem as reações à presença "dos que não podem comprar"... parece que a história realmente se repete, seja como tragédia, seja como farsa, como já nos disse Marx.

quarta-feira, janeiro 22, 2014

O combate ao uso indevido de drogas: operação braços abertos na cracolândia de SP

A secretaria nacional de política sobre drogas do Governo Federal vinha agindo há um tempinho, mas com medidas tímidas, numa tentativa de alavancar a política de redução de danos no Brasil, isso pra mim é mais visível principalmente a partir dos CAPS-AD (anti-drogas).
A nível federal, existia ao longo do tempo a tentativa de construir um agenda nacional para tentar resolver esse problema, também do ponto de vista da segurança pública. Acredito que, por existir ainda uma forte militarização da vida social e até mesmo por falta de prioridade no assunto dos estados e municípios isso não ganhou corpo.
Confesso que fiquei surpresa com a atitude do governo municipal de São Paulo. Já tinha ouvido antes que o Haddad condenava as práticas de repressão policial e do higienismo social promovido pela internação compulsória, mas ele falava isso de maneira muito “medida” para tentar não gerar polêmica, e culpava a ação por causar estranhamento entre as eferas do poder. O fato da secretária, Luciana Temer, não ser também lá essas coisas, pode ter surpreendido mais.
Acontece que o fato das drogas, e mais precisamente da cracolândia, é um calo há muito tempo para o governo e a sociedade paulistana, então buscar resolver isso cedo ou mais tarde ia ter que entrar na agenda da gestão.
Politicamente, o governo do Haddad em São Paulo não estava “bem visto” lá, quando fui lá em outubro, mesmo após as manifestações, exisita uma grande incerteza sobre os rumos do governo e sobre a candidatua a governadoria em São Paulo, via Padilha. No tocante ao andamento da gestão municipal, isso é até compreensível, afinal, o governo anterior do PSDB também estava mal, e não teríamos como mudar a correlação de forças de uma hora para a outra, principalmente com problemas na composição do governo.
A meu ver hoje, as gestões do PT em São Paulo, e no Rio Grande do Sul representam o fôlego do PT nos governos municipais e estaduais, fora isso, estamos desgastados, exemplo disso é nossa situação no nordeste, principalmente na Bahia.
Especificando sobre para a execução da política na cracolândia... O fato é que temos um problema, o uso indevido de drogas e a condição desses territórios e sua vulnerabilidade social...
Quando tentou-se fazer isso via internação compulsória e ainda com repressão policial o óbvio veio a tona: se tratava de mais uma atitude higienista e pontual, que não ia na essência, e portanto, não resolveria, seria uma “política” para “inglês ver”. Era uma atitude mais fácil, a da imposição... gerou bastante polêmica e diversos grupos dos direitos humanos e da saúde mental foram terminantemente contra, inclusive os órgãos de categorias de classe.
Com essa atitude da operação Braços Abertos, mostra-se e percebe-se que é bem ousada e diferente, busca-se o diálogo com aqueles que segundo muitos, são imprestáveis e “vagabundos” para a cidade. E também, tenta-se construir a política de uma forma mais transversal, eu diria, é uma mediação de um conflito existente.
Agora, esse “conflito” se dá tanto de maneira entre sujeitos, mas também de maneira psíquica, pois sabemos dos danos que uma droga pesada com o crack pode causar. Sendo assim, é preciso de uma olhar também clínico.
Acredito que o diferencial será se o trabalho permanecer o tempo todo de maneira intersetorial, e acho que isso já começou bem, pelo que percebi de longe.
É preciso acompanhamento de equipe multidisciplinar e acionar a rede de serviços existentes, principalmente do SUS e SUAS, mais precisamente entre os CRAS, CREAS e CAPS, e também as USF.
Não sei como está a situação mais específica sobre a política nacional anti-drogas em São Paulo, mas é necesessário articular isso com a participação da comunidade, seja via a criação de um conselho municipal sobre drogas, assim como de conselhos locais, e de inserir e fortalecer tais discussões através da educação e da saúde, e  claro, em diálogo com os movimentos sociais e ONGs que já atuam na área.
Agora, se isso também não buscar uma mediação com os meios de comunicação e com a nossa base de apoio, para a formação da opinião pública, pode ser um tiro pela culatra caso dê "algum problema".
Outro ponto que devemos problematizar é, que essa ação deve avançar no sentido de se tornar um programa, e quem se sabe se materialize em uma política municipal de combate a drogas, garantindo assim a sua institucionalização e assim provável garantia.
Se ficar somentes nessas ações atuais por muito tempo, é provável que se esgotará rapidamente na minha avaliação. É preciso inserir para esses sujeitos uma forma mais planejada da política de emprego e renda, seja via economia solidária, ou mesmo, nos serviços públicos, como já acontece em alguns caos de adolescentes em cumprimento de medidas sócio-educativas...
Enfim, temos que apostar, é preciso uma saída concreta...
Isso também deve, sem purismo, vir acompanhado de um combate ao tráfico, ai, não sei até que ponto o município tem governabilidade para tal... Mas, acho que terá que pedir apoio ao governo federal em todos os sentidos, principalmente no repasse de orçamento e de construção de uma política em caráter permanente, e que seja referência nacional, já que os municípios estão sem ter o que fazer diante disso, na minha realidade mesmo, não vejo nenhuma ação do tipo, salvo os consultórios de rua (saúde) e alguns programas governamentais como o Ruartes (assistência social), que são de pequeno impacto mediante a formação das equipes e do financiamento.
Enfim, acho que para início do debate são essas reflexões. Sobre a logística de como será esse controle do trabalho de zeladoria, e do funcionamento do hotel não tenho informações mais precisas, e nenhuma fonte desses jornais são confiáveis... Vou tentar assim que possível entrar em contato com um colega meu que é Assistente Social da área lá.
Vale ressaltar que o conservadorismo paulistano está com ódio e raivoso, falando que estatizamos o tráfico via o "bolsa crack".
Achei esse vídeo interessante: http://tvt.org.br/watch.php?id=15508

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Rolezinho sim, ora pois...

  • Esse movimento e fatos como este tem se tornado comum na atualidade, ora explícito e ora mais velado, principalmente em tempos que a cidade se tornam o próprio cerne de movimentos, principalmente no tocante ao seu usufruto. 



  • O que ocorre é que existe uma apropriação dos espaços de uso coletivo por parte da então "classe média", representada principalmente pela figura da família consumidora, que quer controlar esses espaços através da aparência e estilo de uma determinada tribo, e depois, isso se revela principalmente na exclusão de jovens da periferia. 
  • Esse fato mostra que a juventude no Brasil carece de espaços de exercer sua cultura livremente, os equipamentos públicos para a juventude praticamente não existem... e isso acaba se tornando um problema para os jovens que querem sair, se divertir e ter lazer... quando o shopping se torna o único espaço, quem o utiliza historicamente de forma mais tradicional (famílias com poder de consumo e de classe média) se sentem incomodadas pelo usufruto de camadas mais pobres, que aparentemente não possuem o "direito de consumir" e apela-se para, digamos, uma higienização de um espaço que não deveria ser para todos, apenas para quem tem poder de consumo elevado, mesmo que dividido 10x no visa ou mastercard.
  • No tocante a resposta, seja sociológica ou prática ao fato ocorrido em Sâo Paulo, se trata de uma explicitação de algo que vinha ocorrendo não de hoje. Porque jovens universitários podem ir ao Shopping e os da "favela" não? Isso é uma violação dos direitos humanos, e isso não teria como não ter reação por quem atua na área.
    O que ocorreu em São Paulo, e recentemente em João Pessoa/PB (no ano ainda de 2013), mostra a realidade da segurança pública, que no cotidiano, assassina jovens e negros na periferia.
  • Aqui em João Pessoa, a manifestação (ocorrida em 2013) teve rebordosas do ponto de vista da "militarização". Na manifestação que teve, foi o caso inclusive para a justiça, e o processo está em andamento, sendo que foi o segurança do shopping (que era por coincidência também policial) que denunciou primeiramente os jovens, e a partir disso, os jovens foram e denunciaram o policial, pois além de exercer a função de segurança privado, ele cometeu abuso de poder e discriminação.
  • Hoje, quem frequenta o Shopping Tambiá ou mesmo outros shoppings de mais "alto nível" percebe que existe mais "fiscalização", principalmente se a pessoa apresentar um esteriótipo do que chamam aqui de "môfis" (termo criado pela mídia e de caráter pejorativo). Os jovens vivem sobre o olhar punitivo do segurança, é uma constante ameaça.
  • A realidade em João Pessoa, independente dos shopping, é dura com a juventude negra. Aqui é a cidade do Brasil que mais mata jovens negros e pobres, números que são quase de uma guerra civil (ver mapa da violência). Isso é resultado da falta de políticas públicas e de acesso a direitos sociais, e de um poder paralelo (milicial) que existe na cidade, como em outros cidades acirradas pelo poder do tráfico x poder de polícia x poder do estado x políticas públicas, que é uma relação paradoxa e ao mesmo tempo muito complexa.
  • Sobre as mudanças necessárias, se trata de um processo longo. Temos um país de base escravocrata, e de forte poder da classe média branca. A realidade deve ser mudada com investimentos em políticas públicas, que envolvam educação, saúde, transporte, juventude e cultura. A política de juventude é recente no Brasil, o Estatuto e o Sistema Nacional datam do ano passado, temos muito a avançar.
  • A juventude precisa de educação, lazer, cultura e saúde, além de tudo, de emprego e trabalho digno. 
  • É fácil para quem vem de um histórico médio de consumo ter uma vida relativamente estável, principalmente ao dizer de forma equivocada "porque não dar um rolezinho na biblioteca"? É muito "fácil" que historicamente teve relativa oportunidade. Já para quem vive nas periferias, a situação é mais complicada, com uma diária negação de direitos.
  • Por mais que não pareça, essa sociedade é dividida e preconceituosa. Existe conforme o documentário abaixo, um hiato. Precisamos manter a juventude viva, longe dessas barbáries e assassinados, e isso se faz com acesso a direitos, educação, emprego, cultura e lazer.
  • Infelizmente, a nossa sociedade branca, é difícil engolir negros nos espaços historicamente brancos, por isso ainda resistem as cotas, não querem largar o osso, ora.
  • Indicação de leitura:
- http://mariafro.com/2014/01/13/a-classe-c-da-era-lula-vai-ao-shopping-a-burguesia-reage-e-a-pm-capitao-do-mato-faz-o-servico-sob-a-protecao-da-justica/

-http://www.viomundo.com.br/denuncias/antonio-david-8.html?fb_action_ids=10202777518827156&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B202393879950615%5D&action_type_map=%5B%22og.likes%22%5D&action_ref_map=%5B%5D



Para ter uma noção sobre o processo, vale assistir o documentário Hiato, que segue abaixo. Este é um documentário dos anos 2000, sobre uma ocupação no Shopping de uma bairro nobre do Rio de Janeiro, o Botafogo. Notem as reações à presença "dos que não podem comprar"... parece que a história realmente se repete, seja como tragédia, seja como farsa, como já nos disse Marx.