Por Amanda Cristina Souza*
“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo”
(Raul Seixas)
O preconceito
etimologicamente falando, é uma ideia pré-concebida sobre algo ou
alguém, refletindo uma postura de não aceitação e alienação. Os
preconceitos mais comuns são sexual, racial, religioso, social, e são
produtos da reprodução de ideologias errôneas e de um estereótipo
socialmente aceito.
A legitimação
do preconceito ocorre através de comportamentos e justificativas que
diminuem o outro e intensifica o egocentrismo daquele que acaba por
transformar suas raivas e frustrações em agressividade e discriminação,
resultando em uma segregação social que torna mais forte ideologias
arraigadas e reproduzidas diariamente.
Ter aversão a
contextos, situações e/ou pessoas que se “diferenciam” é negar o
multiculturalismo existente bem como hostilizar o próximo, significa
fragilidade e dependência a crenças que subordinam as manifestações
culturais a conservadorismos e aceitações.
O preconceito
social demonstra que em pleno século XXI regredimos gradativamente.
Somos julgados pelo que temos e não pelo que somos! A condição
financeira, a aparência, as roupas que vestimos, principalmente as
marcas que utilizamos determinam quem são os nossos amigos, qual lugar
frequentamos, quem será nosso companheiro e a “classe social” a qual
pertencemos.
Debochamos do
outro quando sem argumentos, apelamos para a sem graça e fatídica
brincadeira de falar da aparência alheia. Nas redes sociais, acontece
corriqueiramente, utilizando-se a imagem de políticos, apresentadores de
TV e principalmente de ex-participantes de reality shows uma
ridicularização da imagem que não é apenas a explorada televisivamente,
mas a humana.
Um bom exemplo
do preconceito social e da ridicularização da imagem, é o caso da
professora universitária da (PUC-Rio) Rosa Marina Meyer, que postou em
sua rede social facebook o seguinte comentário: "aeroporto ou
rodoviária?", a postagem, estava relacionada a imagem de um homem,
esperando o seu voo, que por sinal, seria o mesmo da professora. O
passageiro, tinha como traje camisa regata, bermuda, um tênis e uma
simplicidade no sentar, vestir e ser.
Na sociedade do
decadence avec elegance, não é surpresa que desde as pessoas menos
instruídas até as mais capacitadas, estejam sujeitas a reprodução do
preconceito. Esbravejar por aí “não tenho preconceito”, é o mesmo que
assinar a sua própria sentença de morte, pois, como podemos observar, o
preconceito pode até escolher o capital financeiro para sua morada, mas
atingir o capital simbólico, é o retrato de uma sociedade que nada mais
tem a perder.
Somos uma
metamorfose ambulante, como diria o grande Raul Seixas, mas ainda assim
insistimos que as semelhanças perdurem, retirando a beleza das
diferenças que nos tornam tão iguais.
*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, estagiária no NCDH/UFPB, Poeta nas horas vagas e escreve para o www.agorapb.com.br aos domingos.
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