“O termo “catarse”. Pode-se empregar a expressão “catarse”
para indicar a passagem do momento meramente econômico (ou egoístico
-passional) ao momento ético-político, isto é, elaboração superior da estrutura
em superestrutura na consciência dos homens. Isto significa, também, a passagem
do “objetivo ao subjetivo” e da “necessidade à liberdade”. A estrutura, de
força exterior que esmaga o homem, assimilando-o e o tornando passivo,
transforma-se em meio de liberdade, em instrumento para criar uma nova forma ético-política,
em origem de novas iniciativas. A fixação do momento “catártico” torna-se
assim, parece-me, o ponto de partida de toda a filosofia da práxis; o processo
catártico coincide com a cadeia de sínteses que resultam do desenvolvimento
dialético. (Recordar os dois pontos entre os quais oscila este processo: que
nenhuma sociedade se coloca tarefas para cuja solução já não existam, ou
estejam em vias de aparecimento, as condições necessárias e suficientes; - e
que nenhuma sociedade deixa de existir antes de haver expressado todo o seu
conteúdo potencial.).”
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, v.1,p.314-5.
Civilização Brasileira, 4ª edição, Rio de Janeiro, 2006
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