terça-feira, fevereiro 11, 2014

Direito ao delírio, ao sonho e ao ócio

 Torna-te quem tu és.
Nietzshe

A rotina nos rouba os pequeno prazeres, é uma máquina de moer gente, rouba o físico e o espírito... rouba-nos de nós mesmo.

Nos roubam todos os dias o direito ao delírio, ao sonho... e porque não, ao ócio.

Talvez coisas diferentes, mas que partem de uma possível mesma emergência: a necessidade de ir além do praticismo e de nos poupar da reificação (coisificação) , e claro, da alienação (estranhamento) e mercadorização (consumismo) da vida social. E isso não poderia ser diferente em uma sociedade que resume tudo ao valor prático, ao utilitarismo e ao "necessário", mas pra quem?

Ambos de algum modo, e guardadas as proporções, não favorecem ao "status quo", ou seja lá o nome que damos a quem favoreça essas categorias. Afinal, ter pessoas que sonham, que vão além e que transcendem é perigoso a quem se apropria disso para fins particulares, e no português castiço, privados.

Vejam, não estou aqui partindo para um subjetivismo, ou mesmo para parâmetros filosóficos, não é bem isso (e ao mesmo tempo o é), é mais simples do que se mostra, no caso, a dita necessidade de buscar a também dita "identidade", aqui tendo como parâmetro que esta trata-se da presença dialética da unidade e da luta dos contrários.

É difícil debater esse tema, porque, continuando o raciocínio sobre a quem favorece ou não, historicamente nos foi negado esse "luxo", e sendo assim, debater isso faz com que pessoas se questionem, e ao mesmo tempo negar e afirmar coisas diferentes das "necessárias", e isso interessa a quem no final das "contas"?  Afinal, sempre nos dizem: caia na real. Ou, saia do mundo da fantasia (sic).

Ora, seriam o delírio, o sonho e o ócio antagônicos e negação da alienação? Ou mesmo a sua superação guardadas as proporções? Talvez, a resposta mais adequada a esse questionamento retórico e sem compromisso teórico depende de como seria utilizados esses momentos no processo de construção de uma "nova" consciência, digo em termos "claros": uma consciência libertária, e sim, emancipatória.

Eu queria... (e sei que não posso, por que meu corpo pesa por causa das correntes da alienação) me dar ao "luxo" de um, ou mesmo dois ou talvez algum tempo que não tenha encontrado medida necessária, "períodos sabáticos".

Uma pena esse momento ser um luxo e não um direito...

Assim, a provocação, não de hoje, de Paul Lafargue continua atual.
Ao mundo do trabalho, sim, porquê não? Mas e ócio? 
Há espaço para os dois!


O direito ao delírio, ao sonho e ao ócio nos foi roubado, alerta geral...
peguem esse ladrão, eu quero de volta... e a recompensa é para todos.



Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma.

Clarice Lispector.

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terça-feira, fevereiro 11, 2014

Direito ao delírio, ao sonho e ao ócio

 Torna-te quem tu és.
Nietzshe

A rotina nos rouba os pequeno prazeres, é uma máquina de moer gente, rouba o físico e o espírito... rouba-nos de nós mesmo.

Nos roubam todos os dias o direito ao delírio, ao sonho... e porque não, ao ócio.

Talvez coisas diferentes, mas que partem de uma possível mesma emergência: a necessidade de ir além do praticismo e de nos poupar da reificação (coisificação) , e claro, da alienação (estranhamento) e mercadorização (consumismo) da vida social. E isso não poderia ser diferente em uma sociedade que resume tudo ao valor prático, ao utilitarismo e ao "necessário", mas pra quem?

Ambos de algum modo, e guardadas as proporções, não favorecem ao "status quo", ou seja lá o nome que damos a quem favoreça essas categorias. Afinal, ter pessoas que sonham, que vão além e que transcendem é perigoso a quem se apropria disso para fins particulares, e no português castiço, privados.

Vejam, não estou aqui partindo para um subjetivismo, ou mesmo para parâmetros filosóficos, não é bem isso (e ao mesmo tempo o é), é mais simples do que se mostra, no caso, a dita necessidade de buscar a também dita "identidade", aqui tendo como parâmetro que esta trata-se da presença dialética da unidade e da luta dos contrários.

É difícil debater esse tema, porque, continuando o raciocínio sobre a quem favorece ou não, historicamente nos foi negado esse "luxo", e sendo assim, debater isso faz com que pessoas se questionem, e ao mesmo tempo negar e afirmar coisas diferentes das "necessárias", e isso interessa a quem no final das "contas"?  Afinal, sempre nos dizem: caia na real. Ou, saia do mundo da fantasia (sic).

Ora, seriam o delírio, o sonho e o ócio antagônicos e negação da alienação? Ou mesmo a sua superação guardadas as proporções? Talvez, a resposta mais adequada a esse questionamento retórico e sem compromisso teórico depende de como seria utilizados esses momentos no processo de construção de uma "nova" consciência, digo em termos "claros": uma consciência libertária, e sim, emancipatória.

Eu queria... (e sei que não posso, por que meu corpo pesa por causa das correntes da alienação) me dar ao "luxo" de um, ou mesmo dois ou talvez algum tempo que não tenha encontrado medida necessária, "períodos sabáticos".

Uma pena esse momento ser um luxo e não um direito...

Assim, a provocação, não de hoje, de Paul Lafargue continua atual.
Ao mundo do trabalho, sim, porquê não? Mas e ócio? 
Há espaço para os dois!


O direito ao delírio, ao sonho e ao ócio nos foi roubado, alerta geral...
peguem esse ladrão, eu quero de volta... e a recompensa é para todos.



Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma.

Clarice Lispector.

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