domingo, agosto 28, 2011

TRANSCENDÊNCIAS



para os camaradas e irmãos da PO metropolitana de São Paulo
Na massa universal
da matéria de nossos corpos
seja luz etérea de estrelas,
carne mineral de planetas,
ou fogo, ou água
ou planta, ou bicho
não vejo alma daquela
que no movimento
se apresenta a vida.
Aprendi que a religião
é o sol em torno do qual
gira o ser humano
antes de ver em si mesmo
o sol da sua existência.
Ordem do tempo
inimiga do novo
dona da culpa
ópio do povo
organização racional da tristeza
carrasco do meu desejo
árbitro dos castigos aplicados por nós
contra nós mesmos.
Assim, feuerbachianamente,
me tornei ateu.
Mas, quando os vejo…
com seu amor aos pobres,
com seu compromisso com a vida
na teia indissolúvel da solidariedade…
Quando os vejo
subindo as “sierras” de nossa América
com seus terços e fuzis
com sua fé e bravura…
Quando os vejo
nas madrugadas fabris
nas estradas acampados
repartindo o pouco pão…
Quando os vejo
reinventando a comunhão
renascendo a cada dia
fazendo da morte ressurreição…
Quando nos abraçamos
sobre nossa bandeira vermelha
chorando lágrimas de raiva,
alegria ou emoção…
Da inexistência de minha alma
chego a desejar
que esta vida se supere em outra
para abraçar mais uma vez
os nossos mortos.
E no calor vivo de nossas batalhas
onde construímos a cada dia
a aurora contra a noite que persiste
consigo ver, nitidamente,
entre a sombra e o escuro
o rosto sereno de um deus
que não existe.

Mauro Iasi - METAMORFASES

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domingo, agosto 28, 2011

TRANSCENDÊNCIAS



para os camaradas e irmãos da PO metropolitana de São Paulo
Na massa universal
da matéria de nossos corpos
seja luz etérea de estrelas,
carne mineral de planetas,
ou fogo, ou água
ou planta, ou bicho
não vejo alma daquela
que no movimento
se apresenta a vida.
Aprendi que a religião
é o sol em torno do qual
gira o ser humano
antes de ver em si mesmo
o sol da sua existência.
Ordem do tempo
inimiga do novo
dona da culpa
ópio do povo
organização racional da tristeza
carrasco do meu desejo
árbitro dos castigos aplicados por nós
contra nós mesmos.
Assim, feuerbachianamente,
me tornei ateu.
Mas, quando os vejo…
com seu amor aos pobres,
com seu compromisso com a vida
na teia indissolúvel da solidariedade…
Quando os vejo
subindo as “sierras” de nossa América
com seus terços e fuzis
com sua fé e bravura…
Quando os vejo
nas madrugadas fabris
nas estradas acampados
repartindo o pouco pão…
Quando os vejo
reinventando a comunhão
renascendo a cada dia
fazendo da morte ressurreição…
Quando nos abraçamos
sobre nossa bandeira vermelha
chorando lágrimas de raiva,
alegria ou emoção…
Da inexistência de minha alma
chego a desejar
que esta vida se supere em outra
para abraçar mais uma vez
os nossos mortos.
E no calor vivo de nossas batalhas
onde construímos a cada dia
a aurora contra a noite que persiste
consigo ver, nitidamente,
entre a sombra e o escuro
o rosto sereno de um deus
que não existe.

Mauro Iasi - METAMORFASES

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