quinta-feira, outubro 21, 2010

Sobre o Segundo turno


Camaradas, faço aqui o esforço de responder algumas dessas criticas de maneira didatica, apesar de saber que se for por "retorica" não adianta, não vai "entrar" na cabeça de ninguem.
 
Não concordar com a democracia burguesa, achar que ela deseduca e tudo mais é extremamente importante na critica ao mundo em que vivemos. Mas (se é preciso utilizar argumentos de teóricos pra atingir o debate) a Historia é feita pelos homens não da forma que querem, mas da forma como é possivel a eles. É logico que falando da Universidade Publica, sem trabalhar, com a vida garantida é muito comodo optar em simplesmente fingir que nada está em jogo nas eleições. Achar que a eleição deseduca não significa dizer que não há poder, ou decisões de cunho classistas nela. Não apoiar nenhum candidato no primeiro turno traduz a dificuldade daqueles que se organizam e mobilizam força social (os que representam setores da sociedade, não só uma idéia da sua cabeça e que não é responsavel por nenhuma organização) de propor um projeto comum que consiga avançar além do projeto PT que foi construido durante 30 anos por toda a esquerda. O problema é que o que está colocado nesse segundo turno não é um governo rebaixado e uma alternativa revolucionaria. O que está colocado é um governo rebaixado e uma direita que beira o facismo. Apoiar Dilma não significa rebaixar a critica e paralisar a ação. Não somos adesistas ao governo por tomar posição de classe no 2º turno. Dilma pode não ser "a classe trabalhadora" mas ela representa o projeto que a maioria da classe construiu durante os 30 anos, principalmente em relação à direita facista.
Em nenhum momento nos 8 anos de governo Lula nós, o MST, e diversas organizações (mesmo sendo minoria) populares e movimentos sociais deixaram de fazer luta. Continuaremos em luta, com os companheiros que votam nulo ou não. O problema não é só ter a melhor critica ou posições completamente puras nos processos políticos, o problema é a força social que voce consegue mobilizar pra implantar o projeto.Mais uma vez pra usar "teoricos": A prática é o criterio da verdade.
Por que as vezes parece que as criticas ao governo acham que é só eleger um governo pra realizar mudanças. Se temos clareza que não é o governo que muda as coisas, mas é o povo organizado, então é bom começarmos a organizar o povo, os trabalhadores e inclusive os estudantes (temos 88 cursos na UFPB e só 30 CAs, isso é reflexo da desorganização da classe). Por que é muito comodo pra galera que puxa voto nulo e tira ferias na eleição e finge que não está acontecendo nada na sociedade, como se não existisse uma luta de classes na sociedade que está interferindo diretamente na vida do povo. Talvez é por estar distante do povo, não saber da realidade em que vivem.
Não acho que tem problema votar nulo, o que tem problema é achar que as coisas mudam por que simplesmente, do nada, o povo vai entender nosso projeto através do que "falamos" (isso chega inclusive a soar pós modernidade).
Todos podem optar não fazer campanha para o projeto PT (traduzido neste segundo turno na campanha Dilma) que foi construido durante os ultimos 30 anos. Porem, se a direita facista ganhar, todos tem parcela nos anos "obscuros" que virão.
A defesa não é do melhor projeto, a defesa é do melhor adversario. Temos que ter claro que perdemos (a esquerda revolucionaria), a classe está sendo empurrada para um abismo e que agora é necessario reforçar o trabalho de base e construir alicerces sólidos para conseguir derrotar tanto a burguesia quanto os reformistas. Ter essa clareza de derrota deve ser claro para que possamos aprender com os erros e começar uma jornada para nos transformarmos em hegemonia na sociedade.
 
Quem está indo pra universidade (não apenas os 500 estudantes que estão ao nosso redor) e vendo o conjunto dos estudantes, classe média, que votaram em marina no 1º turno e nunca vivenciaram lutas populares por transformação, pode constatar que boa parte deles encherga em Serra uma alternativa. Vide todo o discurso conservador colocado pela grande mídia. Por não sermos irresponsaveis com o nosso projeto revolucionario é que temos a tarefa de eleger Dilma no segundo turno.
 
Sem purismos, sem alegria com a desarticulação e desorganização da classe, mas disposto a lutar e construir o novo a partir do hoje.
 
Espero que tenha conseguido expressar algumas opiniões sobre esse processo, longe de esgotar o debate, mas tentando contribuir para avançarmos do idealismo para o materialismo, que nada tem com "real politic", ou para os que não compreendem esta expressão, materialismo nada tem com a politica do real.
 
 
PS: que bom que pelo menos pra reagir a posições essa lista discute alguma coisa.

Felipe Baunilha
ENEBio - Entidade Nacional de Estudantes de Biologia
Movimento Levante
Militante da Consulta Popular

Jornal Brasil de Fato! (www.brasildefato.com.br). Leia, divulgue e assine !!!
Editora Expressão Popular -(www.expressaopopular.com.br).

"Todo coração é uma célula revolucionária!"


  
A POSTURA INFANTIL DO ESQUERDISMO

Március Alves Crispim

Não há dúvidas de que o horizonte do governo Dilma não é de rompimento com a ordem capitalista, nem tampouco há interesse e correlação de forças que propiciem reformas estruturais. Não há dúvidas, porém, de que há diferenças entre os dois projetos políticos em disputa nesse segundo turno das eleições. E frente a eles é que temos de nos posicionar.

Serra representa, por sua campanha, pelo seu governo no estado de São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, o conservadorismo. O caráter conservador e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral fizeram com que todos os movimentos sociais (pelo menos, os mais importantes) se convencessem de que uma possível vitória sua significará um retrocesso para as conquistas democráticas e uma maior subordinação ao imperialismo.

Acontece que no Brasil ainda existe uma pequena parcela da esquerda que defende o voto nulo e que vem a público afirmar não existir diferença substancial entre Dilma e Serra, entre o "lulismo" e o conservadorismo. Alguns chegam ao cúmulo de afirmarem que um governo do PT é mais danoso aos trabalhadores do que um governo conservador, e chegam quase a pedir o voto na direita conservadora numa “sugestão” de que um governo tucano acelerar-se-ia o processo de unificação dos trabalhadores, que teriam um inimigo mais claro no próximo período.

Esse pensamento possui inúmeras imprecisões políticas, que só fazem colocar o movimento revolucionário mais afastado das massas e de uma linha correta de atuação. O trágico nesse raciocínio é que ele já foi empregado no passado, com resultados históricos e debates políticos, que alguns parecem haver esquecido. Aqui trago dois momentos deste debate.

Num dos textos clássicos de Lênin, “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”, escrito em abril de 1920, o revolucionário russo tentou resumir as lições que o Partido Bolchevique tirou do seu envolvimento em três revoluções no espaço de doze anos e apresentá-las de forma própria para os Comunistas Europeus, já que era a eles que se dirigia.

Deste texto podemos tirar lições valiosas sobre a atuação dos revolucionários, onde se realça que os principais perigos para o movimento operário provêm tanto do oportunismo reformista, de um lado, quanto do doutrinarismo de extrema-esquerda, de outro.

No debate que realizou com os revolucionários ingleses, Lênin relata que os esquerdistas daquele país eram resistentes a qualquer aliança eleitoral com o Partido Trabalhista, no qual estava presente a maior parte dos operários, e que representava o reformismo dentro do movimento operário inglês. Tal posição esquerdista Lênin sintetizava na seguinte fala de uma liderança:

O Partido Comunista não deve assumir compromissos... deve conservar pura a sua doutrina e imaculada a sua independência frente ao reformismo; sua missão é marchar na vanguarda, sem deter-se ou desviar-se de seu caminho, avançar em linha reta em direção à revolução comunista”.

Porém, o revolucionário russo estava ciente de que tal tática continha erros, de que era infantil, de que não se traduzia numa postura séria. E contra-argumentava a posição dos esquerdistas ingleses:

“se somos o partido da classe revolucionária, e não um grupo de revolucionários, se queremos atrair as massas (sem o que corremos o risco de não passar de simples charlatães) devemos: em primeiro lugar, ajudar Henderson e Snowden (reformistas) a vencer Lloyd George e Churchill (conservadores)... em segundo lugar, ajudar a maioria da classe operária a convencer-se por experiência própria de que temos razão, isto é, da incapacidade completa dos Henderson e Snowden, de sua natureza pequeno-burguesa e traidora, da inevitabilidade de sua falência...”

Nos anos 30, os comunistas alemães também não enxergavam diferenças entre os social-democratas e os nazistas. Ambos mereceriam a confiança do sistema capitalista, estariam propensos a servir a tal sistema. Havia naquela época, inclusive, correntes entre os revolucionários que consideravam positiva a derrota dos social-democratas e a vitória dos nazistas. Supunham que isso permitiria libertar os trabalhadores das ilusões reformistas e levá-los à luta contra o sistema capitalista. As conseqüências desse tipo de avaliação, e que permitiram a vitória de Hitler, todos sabemos. Foram terríveis para os trabalhadores e para a humanidade.

No primeiro turno das eleições brasileiras de 2010 houve várias candidaturas de esquerda, que se dispuseram a fazer divulgação das idéias socialistas. E isso foi extremamente saudável para os trabalhadores. Porém, imediatamente findo o primeiro turno, me surpreendeu a postura infantil de algumas organizações e personalidades, que passaram a defender o voto nulo. Ou a darem um apoio tão envergonhado, como tantos “senões”, “porquês” e “talvez” que em determinados momentos fiquei em dúvida se se posicionaram realmente pela candidatura Dilma.

O momento que nos resta dessa campanha é o de nos articularmos enquanto campo próprio dos socialistas. E isso significa centrar nosso ataque na candidatura Serra e, sem meias palavras ou ilusões, apoiar e militar pela candidatura de Dilma – pois esta é a forma concreta e objetiva de derrotar Serra. Ou alguém acha que derrotaremos Serra atrás de computadores escrevendo e redigindo notas que circulam apenas entre a militância?

Não devemos ter posições esquerdistas, como também não devemos ter posições que demonstram vacilação, que não acumulam politicamente para nada e não possuem eficácia eleitoral. Este é momento de derrotarmos Serra, e isso significa irmos às ruas e dizermos ao povo que não queremos a velha direita conservadora dirigindo o país.

E aos que nos contestarem afirmando que essa tática é muito “astuta” ou “complicada”, que não estamos dizendo "toda a verdade" às massas, que melhor é ficarmos quietos, ou atrás de nossos computadores, façamos como Lênin aos esquerdistas ingleses e respondemos:

 “E se replicarem dizendo que esta tática é muito ‘astuta’ ou complicada, que as massas não a compreenderão, que dispersará e desagregará nossas forças impedindo-nos de concentrá-las, na revolução soviética, etc., responderei aos meus contestadores ‘de esquerda’: não atribuam às massas o seu próprio doutrinarismo!”

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Camaradas, faço aqui o esforço de responder algumas dessas criticas de maneira didatica, apesar de saber que se for por "retorica" não adianta, não vai "entrar" na cabeça de ninguem.
 
Não concordar com a democracia burguesa, achar que ela deseduca e tudo mais é extremamente importante na critica ao mundo em que vivemos. Mas (se é preciso utilizar argumentos de teóricos pra atingir o debate) a Historia é feita pelos homens não da forma que querem, mas da forma como é possivel a eles. É logico que falando da Universidade Publica, sem trabalhar, com a vida garantida é muito comodo optar em simplesmente fingir que nada está em jogo nas eleições. Achar que a eleição deseduca não significa dizer que não há poder, ou decisões de cunho classistas nela. Não apoiar nenhum candidato no primeiro turno traduz a dificuldade daqueles que se organizam e mobilizam força social (os que representam setores da sociedade, não só uma idéia da sua cabeça e que não é responsavel por nenhuma organização) de propor um projeto comum que consiga avançar além do projeto PT que foi construido durante 30 anos por toda a esquerda. O problema é que o que está colocado nesse segundo turno não é um governo rebaixado e uma alternativa revolucionaria. O que está colocado é um governo rebaixado e uma direita que beira o facismo. Apoiar Dilma não significa rebaixar a critica e paralisar a ação. Não somos adesistas ao governo por tomar posição de classe no 2º turno. Dilma pode não ser "a classe trabalhadora" mas ela representa o projeto que a maioria da classe construiu durante os 30 anos, principalmente em relação à direita facista.
Em nenhum momento nos 8 anos de governo Lula nós, o MST, e diversas organizações (mesmo sendo minoria) populares e movimentos sociais deixaram de fazer luta. Continuaremos em luta, com os companheiros que votam nulo ou não. O problema não é só ter a melhor critica ou posições completamente puras nos processos políticos, o problema é a força social que voce consegue mobilizar pra implantar o projeto.Mais uma vez pra usar "teoricos": A prática é o criterio da verdade.
Por que as vezes parece que as criticas ao governo acham que é só eleger um governo pra realizar mudanças. Se temos clareza que não é o governo que muda as coisas, mas é o povo organizado, então é bom começarmos a organizar o povo, os trabalhadores e inclusive os estudantes (temos 88 cursos na UFPB e só 30 CAs, isso é reflexo da desorganização da classe). Por que é muito comodo pra galera que puxa voto nulo e tira ferias na eleição e finge que não está acontecendo nada na sociedade, como se não existisse uma luta de classes na sociedade que está interferindo diretamente na vida do povo. Talvez é por estar distante do povo, não saber da realidade em que vivem.
Não acho que tem problema votar nulo, o que tem problema é achar que as coisas mudam por que simplesmente, do nada, o povo vai entender nosso projeto através do que "falamos" (isso chega inclusive a soar pós modernidade).
Todos podem optar não fazer campanha para o projeto PT (traduzido neste segundo turno na campanha Dilma) que foi construido durante os ultimos 30 anos. Porem, se a direita facista ganhar, todos tem parcela nos anos "obscuros" que virão.
A defesa não é do melhor projeto, a defesa é do melhor adversario. Temos que ter claro que perdemos (a esquerda revolucionaria), a classe está sendo empurrada para um abismo e que agora é necessario reforçar o trabalho de base e construir alicerces sólidos para conseguir derrotar tanto a burguesia quanto os reformistas. Ter essa clareza de derrota deve ser claro para que possamos aprender com os erros e começar uma jornada para nos transformarmos em hegemonia na sociedade.
 
Quem está indo pra universidade (não apenas os 500 estudantes que estão ao nosso redor) e vendo o conjunto dos estudantes, classe média, que votaram em marina no 1º turno e nunca vivenciaram lutas populares por transformação, pode constatar que boa parte deles encherga em Serra uma alternativa. Vide todo o discurso conservador colocado pela grande mídia. Por não sermos irresponsaveis com o nosso projeto revolucionario é que temos a tarefa de eleger Dilma no segundo turno.
 
Sem purismos, sem alegria com a desarticulação e desorganização da classe, mas disposto a lutar e construir o novo a partir do hoje.
 
Espero que tenha conseguido expressar algumas opiniões sobre esse processo, longe de esgotar o debate, mas tentando contribuir para avançarmos do idealismo para o materialismo, que nada tem com "real politic", ou para os que não compreendem esta expressão, materialismo nada tem com a politica do real.
 
 
PS: que bom que pelo menos pra reagir a posições essa lista discute alguma coisa.

Felipe Baunilha
ENEBio - Entidade Nacional de Estudantes de Biologia
Movimento Levante
Militante da Consulta Popular

Jornal Brasil de Fato! (www.brasildefato.com.br). Leia, divulgue e assine !!!
Editora Expressão Popular -(www.expressaopopular.com.br).

"Todo coração é uma célula revolucionária!"


  
A POSTURA INFANTIL DO ESQUERDISMO

Március Alves Crispim

Não há dúvidas de que o horizonte do governo Dilma não é de rompimento com a ordem capitalista, nem tampouco há interesse e correlação de forças que propiciem reformas estruturais. Não há dúvidas, porém, de que há diferenças entre os dois projetos políticos em disputa nesse segundo turno das eleições. E frente a eles é que temos de nos posicionar.

Serra representa, por sua campanha, pelo seu governo no estado de São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, o conservadorismo. O caráter conservador e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança eleitoral fizeram com que todos os movimentos sociais (pelo menos, os mais importantes) se convencessem de que uma possível vitória sua significará um retrocesso para as conquistas democráticas e uma maior subordinação ao imperialismo.

Acontece que no Brasil ainda existe uma pequena parcela da esquerda que defende o voto nulo e que vem a público afirmar não existir diferença substancial entre Dilma e Serra, entre o "lulismo" e o conservadorismo. Alguns chegam ao cúmulo de afirmarem que um governo do PT é mais danoso aos trabalhadores do que um governo conservador, e chegam quase a pedir o voto na direita conservadora numa “sugestão” de que um governo tucano acelerar-se-ia o processo de unificação dos trabalhadores, que teriam um inimigo mais claro no próximo período.

Esse pensamento possui inúmeras imprecisões políticas, que só fazem colocar o movimento revolucionário mais afastado das massas e de uma linha correta de atuação. O trágico nesse raciocínio é que ele já foi empregado no passado, com resultados históricos e debates políticos, que alguns parecem haver esquecido. Aqui trago dois momentos deste debate.

Num dos textos clássicos de Lênin, “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”, escrito em abril de 1920, o revolucionário russo tentou resumir as lições que o Partido Bolchevique tirou do seu envolvimento em três revoluções no espaço de doze anos e apresentá-las de forma própria para os Comunistas Europeus, já que era a eles que se dirigia.

Deste texto podemos tirar lições valiosas sobre a atuação dos revolucionários, onde se realça que os principais perigos para o movimento operário provêm tanto do oportunismo reformista, de um lado, quanto do doutrinarismo de extrema-esquerda, de outro.

No debate que realizou com os revolucionários ingleses, Lênin relata que os esquerdistas daquele país eram resistentes a qualquer aliança eleitoral com o Partido Trabalhista, no qual estava presente a maior parte dos operários, e que representava o reformismo dentro do movimento operário inglês. Tal posição esquerdista Lênin sintetizava na seguinte fala de uma liderança:

O Partido Comunista não deve assumir compromissos... deve conservar pura a sua doutrina e imaculada a sua independência frente ao reformismo; sua missão é marchar na vanguarda, sem deter-se ou desviar-se de seu caminho, avançar em linha reta em direção à revolução comunista”.

Porém, o revolucionário russo estava ciente de que tal tática continha erros, de que era infantil, de que não se traduzia numa postura séria. E contra-argumentava a posição dos esquerdistas ingleses:

“se somos o partido da classe revolucionária, e não um grupo de revolucionários, se queremos atrair as massas (sem o que corremos o risco de não passar de simples charlatães) devemos: em primeiro lugar, ajudar Henderson e Snowden (reformistas) a vencer Lloyd George e Churchill (conservadores)... em segundo lugar, ajudar a maioria da classe operária a convencer-se por experiência própria de que temos razão, isto é, da incapacidade completa dos Henderson e Snowden, de sua natureza pequeno-burguesa e traidora, da inevitabilidade de sua falência...”

Nos anos 30, os comunistas alemães também não enxergavam diferenças entre os social-democratas e os nazistas. Ambos mereceriam a confiança do sistema capitalista, estariam propensos a servir a tal sistema. Havia naquela época, inclusive, correntes entre os revolucionários que consideravam positiva a derrota dos social-democratas e a vitória dos nazistas. Supunham que isso permitiria libertar os trabalhadores das ilusões reformistas e levá-los à luta contra o sistema capitalista. As conseqüências desse tipo de avaliação, e que permitiram a vitória de Hitler, todos sabemos. Foram terríveis para os trabalhadores e para a humanidade.

No primeiro turno das eleições brasileiras de 2010 houve várias candidaturas de esquerda, que se dispuseram a fazer divulgação das idéias socialistas. E isso foi extremamente saudável para os trabalhadores. Porém, imediatamente findo o primeiro turno, me surpreendeu a postura infantil de algumas organizações e personalidades, que passaram a defender o voto nulo. Ou a darem um apoio tão envergonhado, como tantos “senões”, “porquês” e “talvez” que em determinados momentos fiquei em dúvida se se posicionaram realmente pela candidatura Dilma.

O momento que nos resta dessa campanha é o de nos articularmos enquanto campo próprio dos socialistas. E isso significa centrar nosso ataque na candidatura Serra e, sem meias palavras ou ilusões, apoiar e militar pela candidatura de Dilma – pois esta é a forma concreta e objetiva de derrotar Serra. Ou alguém acha que derrotaremos Serra atrás de computadores escrevendo e redigindo notas que circulam apenas entre a militância?

Não devemos ter posições esquerdistas, como também não devemos ter posições que demonstram vacilação, que não acumulam politicamente para nada e não possuem eficácia eleitoral. Este é momento de derrotarmos Serra, e isso significa irmos às ruas e dizermos ao povo que não queremos a velha direita conservadora dirigindo o país.

E aos que nos contestarem afirmando que essa tática é muito “astuta” ou “complicada”, que não estamos dizendo "toda a verdade" às massas, que melhor é ficarmos quietos, ou atrás de nossos computadores, façamos como Lênin aos esquerdistas ingleses e respondemos:

 “E se replicarem dizendo que esta tática é muito ‘astuta’ ou complicada, que as massas não a compreenderão, que dispersará e desagregará nossas forças impedindo-nos de concentrá-las, na revolução soviética, etc., responderei aos meus contestadores ‘de esquerda’: não atribuam às massas o seu próprio doutrinarismo!”

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