segunda-feira, janeiro 20, 2014

Rolezinho sim, ora pois...

  • Esse movimento e fatos como este tem se tornado comum na atualidade, ora explícito e ora mais velado, principalmente em tempos que a cidade se tornam o próprio cerne de movimentos, principalmente no tocante ao seu usufruto. 



  • O que ocorre é que existe uma apropriação dos espaços de uso coletivo por parte da então "classe média", representada principalmente pela figura da família consumidora, que quer controlar esses espaços através da aparência e estilo de uma determinada tribo, e depois, isso se revela principalmente na exclusão de jovens da periferia. 
  • Esse fato mostra que a juventude no Brasil carece de espaços de exercer sua cultura livremente, os equipamentos públicos para a juventude praticamente não existem... e isso acaba se tornando um problema para os jovens que querem sair, se divertir e ter lazer... quando o shopping se torna o único espaço, quem o utiliza historicamente de forma mais tradicional (famílias com poder de consumo e de classe média) se sentem incomodadas pelo usufruto de camadas mais pobres, que aparentemente não possuem o "direito de consumir" e apela-se para, digamos, uma higienização de um espaço que não deveria ser para todos, apenas para quem tem poder de consumo elevado, mesmo que dividido 10x no visa ou mastercard.
  • No tocante a resposta, seja sociológica ou prática ao fato ocorrido em Sâo Paulo, se trata de uma explicitação de algo que vinha ocorrendo não de hoje. Porque jovens universitários podem ir ao Shopping e os da "favela" não? Isso é uma violação dos direitos humanos, e isso não teria como não ter reação por quem atua na área.
    O que ocorreu em São Paulo, e recentemente em João Pessoa/PB (no ano ainda de 2013), mostra a realidade da segurança pública, que no cotidiano, assassina jovens e negros na periferia.
  • Aqui em João Pessoa, a manifestação (ocorrida em 2013) teve rebordosas do ponto de vista da "militarização". Na manifestação que teve, foi o caso inclusive para a justiça, e o processo está em andamento, sendo que foi o segurança do shopping (que era por coincidência também policial) que denunciou primeiramente os jovens, e a partir disso, os jovens foram e denunciaram o policial, pois além de exercer a função de segurança privado, ele cometeu abuso de poder e discriminação.
  • Hoje, quem frequenta o Shopping Tambiá ou mesmo outros shoppings de mais "alto nível" percebe que existe mais "fiscalização", principalmente se a pessoa apresentar um esteriótipo do que chamam aqui de "môfis" (termo criado pela mídia e de caráter pejorativo). Os jovens vivem sobre o olhar punitivo do segurança, é uma constante ameaça.
  • A realidade em João Pessoa, independente dos shopping, é dura com a juventude negra. Aqui é a cidade do Brasil que mais mata jovens negros e pobres, números que são quase de uma guerra civil (ver mapa da violência). Isso é resultado da falta de políticas públicas e de acesso a direitos sociais, e de um poder paralelo (milicial) que existe na cidade, como em outros cidades acirradas pelo poder do tráfico x poder de polícia x poder do estado x políticas públicas, que é uma relação paradoxa e ao mesmo tempo muito complexa.
  • Sobre as mudanças necessárias, se trata de um processo longo. Temos um país de base escravocrata, e de forte poder da classe média branca. A realidade deve ser mudada com investimentos em políticas públicas, que envolvam educação, saúde, transporte, juventude e cultura. A política de juventude é recente no Brasil, o Estatuto e o Sistema Nacional datam do ano passado, temos muito a avançar.
  • A juventude precisa de educação, lazer, cultura e saúde, além de tudo, de emprego e trabalho digno. 
  • É fácil para quem vem de um histórico médio de consumo ter uma vida relativamente estável, principalmente ao dizer de forma equivocada "porque não dar um rolezinho na biblioteca"? É muito "fácil" que historicamente teve relativa oportunidade. Já para quem vive nas periferias, a situação é mais complicada, com uma diária negação de direitos.
  • Por mais que não pareça, essa sociedade é dividida e preconceituosa. Existe conforme o documentário abaixo, um hiato. Precisamos manter a juventude viva, longe dessas barbáries e assassinados, e isso se faz com acesso a direitos, educação, emprego, cultura e lazer.
  • Infelizmente, a nossa sociedade branca, é difícil engolir negros nos espaços historicamente brancos, por isso ainda resistem as cotas, não querem largar o osso, ora.
  • Indicação de leitura:
- http://mariafro.com/2014/01/13/a-classe-c-da-era-lula-vai-ao-shopping-a-burguesia-reage-e-a-pm-capitao-do-mato-faz-o-servico-sob-a-protecao-da-justica/

-http://www.viomundo.com.br/denuncias/antonio-david-8.html?fb_action_ids=10202777518827156&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B202393879950615%5D&action_type_map=%5B%22og.likes%22%5D&action_ref_map=%5B%5D



Para ter uma noção sobre o processo, vale assistir o documentário Hiato, que segue abaixo. Este é um documentário dos anos 2000, sobre uma ocupação no Shopping de uma bairro nobre do Rio de Janeiro, o Botafogo. Notem as reações à presença "dos que não podem comprar"... parece que a história realmente se repete, seja como tragédia, seja como farsa, como já nos disse Marx.

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segunda-feira, janeiro 20, 2014

Rolezinho sim, ora pois...

  • Esse movimento e fatos como este tem se tornado comum na atualidade, ora explícito e ora mais velado, principalmente em tempos que a cidade se tornam o próprio cerne de movimentos, principalmente no tocante ao seu usufruto. 



  • O que ocorre é que existe uma apropriação dos espaços de uso coletivo por parte da então "classe média", representada principalmente pela figura da família consumidora, que quer controlar esses espaços através da aparência e estilo de uma determinada tribo, e depois, isso se revela principalmente na exclusão de jovens da periferia. 
  • Esse fato mostra que a juventude no Brasil carece de espaços de exercer sua cultura livremente, os equipamentos públicos para a juventude praticamente não existem... e isso acaba se tornando um problema para os jovens que querem sair, se divertir e ter lazer... quando o shopping se torna o único espaço, quem o utiliza historicamente de forma mais tradicional (famílias com poder de consumo e de classe média) se sentem incomodadas pelo usufruto de camadas mais pobres, que aparentemente não possuem o "direito de consumir" e apela-se para, digamos, uma higienização de um espaço que não deveria ser para todos, apenas para quem tem poder de consumo elevado, mesmo que dividido 10x no visa ou mastercard.
  • No tocante a resposta, seja sociológica ou prática ao fato ocorrido em Sâo Paulo, se trata de uma explicitação de algo que vinha ocorrendo não de hoje. Porque jovens universitários podem ir ao Shopping e os da "favela" não? Isso é uma violação dos direitos humanos, e isso não teria como não ter reação por quem atua na área.
    O que ocorreu em São Paulo, e recentemente em João Pessoa/PB (no ano ainda de 2013), mostra a realidade da segurança pública, que no cotidiano, assassina jovens e negros na periferia.
  • Aqui em João Pessoa, a manifestação (ocorrida em 2013) teve rebordosas do ponto de vista da "militarização". Na manifestação que teve, foi o caso inclusive para a justiça, e o processo está em andamento, sendo que foi o segurança do shopping (que era por coincidência também policial) que denunciou primeiramente os jovens, e a partir disso, os jovens foram e denunciaram o policial, pois além de exercer a função de segurança privado, ele cometeu abuso de poder e discriminação.
  • Hoje, quem frequenta o Shopping Tambiá ou mesmo outros shoppings de mais "alto nível" percebe que existe mais "fiscalização", principalmente se a pessoa apresentar um esteriótipo do que chamam aqui de "môfis" (termo criado pela mídia e de caráter pejorativo). Os jovens vivem sobre o olhar punitivo do segurança, é uma constante ameaça.
  • A realidade em João Pessoa, independente dos shopping, é dura com a juventude negra. Aqui é a cidade do Brasil que mais mata jovens negros e pobres, números que são quase de uma guerra civil (ver mapa da violência). Isso é resultado da falta de políticas públicas e de acesso a direitos sociais, e de um poder paralelo (milicial) que existe na cidade, como em outros cidades acirradas pelo poder do tráfico x poder de polícia x poder do estado x políticas públicas, que é uma relação paradoxa e ao mesmo tempo muito complexa.
  • Sobre as mudanças necessárias, se trata de um processo longo. Temos um país de base escravocrata, e de forte poder da classe média branca. A realidade deve ser mudada com investimentos em políticas públicas, que envolvam educação, saúde, transporte, juventude e cultura. A política de juventude é recente no Brasil, o Estatuto e o Sistema Nacional datam do ano passado, temos muito a avançar.
  • A juventude precisa de educação, lazer, cultura e saúde, além de tudo, de emprego e trabalho digno. 
  • É fácil para quem vem de um histórico médio de consumo ter uma vida relativamente estável, principalmente ao dizer de forma equivocada "porque não dar um rolezinho na biblioteca"? É muito "fácil" que historicamente teve relativa oportunidade. Já para quem vive nas periferias, a situação é mais complicada, com uma diária negação de direitos.
  • Por mais que não pareça, essa sociedade é dividida e preconceituosa. Existe conforme o documentário abaixo, um hiato. Precisamos manter a juventude viva, longe dessas barbáries e assassinados, e isso se faz com acesso a direitos, educação, emprego, cultura e lazer.
  • Infelizmente, a nossa sociedade branca, é difícil engolir negros nos espaços historicamente brancos, por isso ainda resistem as cotas, não querem largar o osso, ora.
  • Indicação de leitura:
- http://mariafro.com/2014/01/13/a-classe-c-da-era-lula-vai-ao-shopping-a-burguesia-reage-e-a-pm-capitao-do-mato-faz-o-servico-sob-a-protecao-da-justica/

-http://www.viomundo.com.br/denuncias/antonio-david-8.html?fb_action_ids=10202777518827156&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B202393879950615%5D&action_type_map=%5B%22og.likes%22%5D&action_ref_map=%5B%5D



Para ter uma noção sobre o processo, vale assistir o documentário Hiato, que segue abaixo. Este é um documentário dos anos 2000, sobre uma ocupação no Shopping de uma bairro nobre do Rio de Janeiro, o Botafogo. Notem as reações à presença "dos que não podem comprar"... parece que a história realmente se repete, seja como tragédia, seja como farsa, como já nos disse Marx.

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